cinquenta

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"eu sempre gostei da hora antes do amanhecer porque não tem ninguém por perto para me lembrar quem eu deveria ser, então é mais fácil para lembrar quem eu sou" - brian andreas

O acompanhante não sabia o que fazer com todas as informações apresentadas. O momento inicial de raiva se dissipou rapidamente pois sabia que Liam só tinha mantido isso em segredo esse tempo todo por que ele mesmo disse que não queria saber mais de Styles. 

A raiva do ator tinha se dissipado também, restando agora uma emoção diluída de curiosidade. De querer saber exatamente o porquê do cacheado ter pago a fiança, e principalmente porque desapareceu depois. 

Provavelmente por culpa por saber que tinha ferrado muito com ele, mas Louis sabia agora que o único motivo de não ter sido preso por um tempo foi por que além do dinheiro, o ator tinha se certificado que ele teria um bom advogado e um amigo que ele confiava para ficar aqui e supervisionar o processo. 

Ele fez absolutamente tudo para que aquela situação não tivesse consequências maiores. Mas ele não ficou. E isso era intrigante, ainda mais já que desde que voltaram a se encontrar, o de olhos verdes não mencionou isso. 

Ele não quis o agradecimento e muito menos o reconhecimento do que tinha feito.

Mas também não tinha feito mais que sua obrigação, certo? Mas ele não precisava ter feito isso. Mas ele foi embora. Mas ele ficou mal depois que foi embora. 

A cabeça do de olhos azuis poderia explodir agora, pensando em tudo isso. Em Louis - assim como em todas as pessoas do mundo - existiam sempre duas forças conflitantes puxando cada hemisfério cerebral, o emocional e o racional, que sempre travavam intensas batalhas. 

Não podia negar que gostava de Harry, o que, na verdade, era também um tópico de discussão: Tomlinson se identificava com pessoas quebradas

Pessoas que ainda poderiam ser salvas de um sofrimento maior caso ele as protegesse. Talvez ele gostasse de saber que poderia mudar alguma coisa. Ou ele só gostasse da ideia de acolher alguém. E não da pessoa em si. Mas evitaremos pensar sobre isso agora. 

O ponto é que gostava de Harry, mas em seu ramo de trabalho ele obviamente não podia confiar em ninguém, muito menos em clientes, algo que aprendeu bem cedo quando colegas roubavam seus clientes ou o chantageavam com vídeos ou fotos.

Clientes que por vezes foram violentos com ele e não respeitaram quando ele dizia "não" - o maior motivo do porquê ele não gostava de ser penetrado, já que os abusos aconteciam assim - e isso tudo mudou sua visão de mundo, a ponto de não achar que exista bondade nas pessoas mais. 

Salvo sua família, ele sempre estava preparado para que as pessoas ao seu redor se mostrassem mesquinhas e cruéis, e ele frequentemente tinha provas de que estava certo. 

E com o de olhos verdes, a mesma batalha se travava: era uma linha tênue entre saber que ele era apenas um cliente que poderia apunhalá-lo pelas costas a qualquer momento, e reconhecer que tudo que sabia dele até o momento mostrava que ele era somente uma pessoa que tinha sido quebrada de novo e de novo pela vida, assim como ele.

Queria conhecê-lo, queria saber se as cicatrizes que carregavam eram iguais, mas ao mesmo tempo sabia que fazer isso só o tornaria mais vulnerável caso Harry o causasse algum problema de novo. 

O que poderia fazer agora era continuar como estava. Tinha um instinto protetor por ele desde o dia na praia, mas precisava se proteger também.

Compartilhou com o cacheado a pista de boliche tão sagrada para ele mesmo ciente de que talvez precisasse abdicá-la e nunca mais olhar para trás novamente. Mas, por enquanto, só queria vê-lo de novo e quem sabe esclarecer algumas coisas. 

The MansionWhere stories live. Discover now