setenta e oito

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"você já destruiu algo bom só para ter certeza de que você é a razão pela qual você não pode mais tê-lo?" - larissa pham

Enquanto via a passagem passar pelos cantos dos olhos, a mente nebulosa pelas várias mimosas que havia bebido só conseguia pensar no que falaria quando chegasse ao seu destino. E haveria qualquer outro destino se não a casa de Louis? Haveria qualquer outra pessoa que abateria sua fome, saciaria seu desejo, o livraria daquele tormento, se não Louis?

A mão no volante agora evidenciava a pequena tatuagem vermelha no pulso que Harry evitou olhar desde que o menor fora embora porque olhar doeria demais. A tatuagem era prova de que ele foi feliz; por pouco tempo, da maneira errada, não importa, mas ele foi. Feliz e nada mais.

Ele considerou no caminho o quanto estava sendo egoísta, o quanto Louis não merecia que ele voltasse a assombrá-lo, mas não conseguiu parar o carro e seguir em outro caminho. Louis era o único caminho.

Quando parou na frente do prédio que conhecia tão bem, estava nervoso, e à medida que chegava mais perto da porta do apartamento 23, a mente ficava em branco. O que ele diria? Como é que ele possivelmente poderia se desculpar por todo o mal que causou? Como é que explicaria que antes havia dito "não" mas agora diria "sim"? 

Estava preparado para que Louis o xingasse, o chamasse de louco e que jamais gostaria de vê-lo novamente, mas ele queria ao menos tentar reparar o mínimo possível do dano causado. Ele queria ficar com Louis, precisava de Louis, como todas as outras vezes. 

"Acho que eu devia começar pedindo desculpas", ele pensou enquanto se preparava para bater na porta. "Dizer que eu tava bêbado e não sabia o que eu tava falando, e que eu sinto muito que eu machuquei ele e que eu não queria que ele me visse daquele jeito", ensaiou mentalmente a fala, com vergonha de tudo que havia feito.

Vergonha de ter sido visto cambaleando e falando arrastado, vergonha do cheiro de álcool que exalava no suor, vergonha de ter gritado com Louis... se lembrou de uma conversa que tiveram no boliche onde havia falado que Louis provavelmente o achava patético e, se antes não era verdade, Tomlinson definitivamente o achava patético agora. Estranho, louco e defeituoso. 

Mas Harry nutria uma pequena faísca de esperança de que Louis entenderia tudo que havia passado, entenderia a confusão, a insegurança, o medo, enfim, o entenderia por completo; e então colocaria as mãos em suas bochechas e tudo ficaria bem. 

Os nós dos dedos bateram na porta e Harry mordeu os lábios. Nada. Bateu de novo e ajeitou o cabelo. Nada. Bateu mais uma vez. Nenhuma resposta. Harry engoliu seco e sentiu um frio na parte de trás dos joelhos, vendo tudo que havia ensaiado desaparecer pelo ralo.

- Você tá procurando o Louis?

Harry se virou para ver uma garota com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo saindo de um apartamento no fim do corredor.

- Ahm, sim - colocou uma das mãos no bolso

- Você é o cara das flores! - a menina sorriu enquanto trancava a porta

Harry franziu a testa.

- Cara das flores?

- É, as hortênsias e os... qual era... os cravos!

- Ah - abriu um pequeno sorriso - O Louis falou de mim?

- Não, não, o Louis é mais na dele - apertou o rabo de cavalo - Mas o Liam sempre vinha fofocar quando a gente trombava no corredor. Era engraçado porque o Louis não é muito de conversa mas o Liam ficava "Não, Paulinha, eu não aguento mais essa gay olhando na minha cara e dizendo que não tá apaixonado" então toda vez que eu via ele eu ficava rindo - soltou uma risada - E ele falou que era um cara alto de olho verde, então eu imaginei que era você

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