cinquenta e quatro

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"medo é uma reação. coragem é uma decisão" - winston churchill

O barulho do secador e da correria frenética ao seu redor pareciam particularmente ensurdecedores naquela manhã. Algumas semanas já tinham se passado desde o fiasco da noite de cerimônia de Zayn e desde então se manteve ocupado com trabalho e festas, o mesmo de sempre. 

Mas assim como no início da amizade com Payne, a rotina agora parecia diferente. Como se algo estivesse fora do lugar. Era corriqueiro para Malik seguir como se nada tivesse acontecido quando alguma coisa acontecia; ele cortava e adicionava pessoas de sua vida tão facilmente quanto acendia um cigarro, e jamais pensava duas vezes sobre. 

Era como a vida funcionava, pelo menos para ele. Os outros iam e vinham e não tinha motivo para lamentar.

Só que a toxicidade do ar de Los Angeles voltava a preencher os pulmões já pretos pelo cigarro até que respirar fosse custoso para o tatuado. Aquelas pessoas, aquelas conversas, aquelas comidas... parecia que estava tentando se ajustar de volta à vida. 

Nos primeiros dias a família continuava perguntando do acompanhante, mas logo entenderam o recado quando Z não respondia.

Porém, mesmo sem os lembretes da família, o ator não conseguia evitar o temido post-it em cima da lareira toda vez que passava pela sala. Não saberia dizer por que não conseguiu tirá-lo dali. Talvez porque o recado era tão... Liam

Era uma prova de que alguém se lembrou dele, fez espaço para ele, se importava com suas conquistas, mesmo que nem ele se importasse com mais um prêmio. Alguém gostou de Zayn Malik. Da forma mais verdadeira que seria possível naquele limite de tempo. 

E saber disso trazia uma tranquilidade que se fazia presente em um formigar dos joelhos toda vez que olhava para aquele espaço vazio e a letra estranhamente bonita e redonda do de cabelos cor de mel. 

Mas o lembrete era agridoce. Alguém gostou de Zayn Malik, porém não gosta mais. 

A racionalização logo após a "ruptura" do estranho relacionamento dos dois foi do moreno, ainda com o ego elevado, persistia: é claro que Liam Payne gostou dele! Ele era incrível, bonito, rico, charmoso e inteligente. 

Todo mundo gostava dele. Os milhões de fãs ao redor do globo gostavam dele.

Não tinha motivo para lamentar uma pessoa que não gostava mais, certo? Ainda seria adulado por todos à sua volta, todo dia, o dia todo e portanto, nunca estaria sozinho. 

E as semanas seguiram realmente com Z rodeado de amigos, colegas, homens e mulheres. Tinha formado um vínculo especial com Dominic desde que o conhecera na boate e ele passou a preencher o espaço deixado pelo dançarino com uma grande hiperatividade e positividade, o que trazia um balanço para a personalidade mais sóbria e quieta do tatuado. 

Era também uma pessoa muito genuína e conversaram bastante sobre fama, status, a cultura contemporânea de celebridades e por um tempo isso foi o suficiente. 

Dom gostava dos mesmos jogos e passatempos e, obviamente, de maconha então sempre davam um jeito de jogarem uma ou duas partidas mesmo que estivessem quase caindo de bêbados depois de uma noitada.

Malik admirava o quanto o novo amigo parecia livre e espontâneo, o que inclusive fez com que os dois se dessem bem, por que apesar do ator não ser tão extravagante, os dois tinham uma atitude de "foda-se, eu não dou a mínima" quando se tratava de suas imagens. 

Mas enquanto o de cabelos vermelhos cor de sangue era corajoso ao dizer "foda-se, eu vou usar o que eu quiser, cantar sobre o que eu quiser e transar com quem eu quiser", Z não tinha porquê ser corajoso. 

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