sessenta e dois

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"eu poderia reconhecê-lo apenas pelo toque, pelo cheiro;eu o reconheceria na cegueira; eu o reconheceria na morte" - the song of achilles

Como era tarde da noite, o acompanhante não precisou se preocupar muito com fotógrafos, mas colocou o capuz do moletom por segurança mesmo assim. 

No não-tão-curto caminho até a porta dos fundos, a brisa trazia o cheiro de imponentes carvalhos pelo ar, além do frescor da grama que parecia ter sido recentemente molhada.

Louis nem tinha se despedido de Payne de volta na mansão, decidindo largar uma noite particularmente lucrativa - e agitada depois da altercação com Zayn - para ir ao encontro de Harry. 

Mas como ele poderia dizer não? Afinal, se o ator precisava do de olhos azuis naquele instante, qual outra opção existiria? O menor sabia da dor e da culpa exacerbadas que o cacheado sentia, então como ele poderia deixá-lo sozinho com seus próprios pensamentos? 

Sabia também como era não ter ninguém por perto em dias difíceis, e não queria outra pessoa passando por isso.

Antes mesmo que pudesse mandar mensagem para avisar de sua chegada, a porta se abriu rapidamente para revelar os olhos verdes fundos e um sorriso gentil. 

Mas, diferente de quase todas as vezes que se encontravam em vãos de portas, nenhum dos dois iniciou um beijo desesperado e violento. Era diferente dessa vez.

- Eu ia te mandar mensagem agora, como você... - o acompanhante colocou o celular de volta no bolso

- Deve ter um milhão de câmeras pela casa, vem - gesticulou para que entrasse - Ahn, você quer alguma coisa pra beber? - disse, hesitante, depois de fechar a maçaneta

- Pode ser, o que você tem? - tirou o capuz

- Pode indo pra sala, vou ver o que tem - seguiu em direção à cozinha - Como é a Elle que organiza isso aqui, com certeza só deve ter vinho e vodka - aumentou a voz para que pudesse ser ouvido da sala e deu uma risada

- Ah, pode ser vodka - se sentou no sofá que já tinha visto algumas vezes

- Mas eu acho que eu vi... - abriu a geladeira - Achei! - gritou - Heineken? - chegou na sala com duas garrafas na mão e o vidro verde esbranquiçado denunciava a temperatura gélida

- Bem melhor - levantou de prontidão e pegou uma das cervejas das mãos do ator

Os dois deram um longo gole e, por alguns segundos, se entreolharam, calados. Somente as luzes da porta de entrada estavam acesas, deixando o ambiente com um tom crepuscular e amarelado. 

Louis notou as tatuagens pretas do cacheado quase se misturando com a cor da pele branca pela baixa iluminação, e Styles por sua vez notou os fios lisos caídos emoldurando o rosto do de olhos azuis.

- Obrigada por vir - a frase do maior saiu baixa e melódica, como se soubesse o peso daquela interação - Tem tanta coisa acontecendo, tanta gente exigindo tanto de mim, falando essas mesmas merdas de novo e de novo que eu acho que o que o Zayn disse finalmente me afetou

- O Zayn só pensa nele mesmo - deu outro gole - Se ele pelo menos soubesse tudo que você fez, como você tava em Nova Iorque - balançou a cabeça

- Mas ele não sabe - deu um passo para frente - E eu não quero que ele saiba. Você é a única pessoa que sabe porque eu tava daquele jeito. E eu prefiro assim - a voz era bem baixa - Ninguém mais entenderia o quanto eu... me odeio por estragar tudo - abaixou a cabeça - Assim, eu também nem sei se você já se sentiu assim mas...

- Já - o menor interrompeu - Só que eu acho que já estraguei tudo que dava pra estragar na minha vida então não tem mais nada que possa dar tão errado - abriu um pequeno sorriso sarcástico e envergonhado

The MansionWhere stories live. Discover now