trinta e dois

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"você não pode voltar para alguém que não está esperando" - kamilla tolnoe

Foi difícil entregar o envelope com o dinheiro. 

Não porque existia alguma dúvida em sua mente de que era o certo a se fazer, mas sim por não conseguir encapsular naquele envelope o quanto estava arrependido. 

"Talvez se eu falasse com ele, ele entenderia", pensou enquanto se apoiava nas várias caixas de correio do hall do prédio. Mas, no fundo sabia que o menor agora o odiava, e ele não o culparia, afinal, se estivesse em seu lugar, sentiria a mesma coisa. 

O ódio de Louis era proporcional à culpa de Harry. Eram lados opostos da mesma moeda. Ambos eram inegavelmente quebrados, expressando a dor da única forma que sabiam como. 

Cogitou subir até o segundo andar e falar com Liam Payne mas não adiantaria. O que restava agora era esperar que aquelas notas fossem o suficiente para pelo menos remediar um pouco do dano que havia causado. 

Fechou o envelope e, com uma caneta que ficava ao lado das caixas, escreveu rapidamente um patético pedido de desculpas que não chegava nem perto do que ele queria mesmo dizer.

Quando finalmente o jogou na fresta da caixa - que tinha uma pintura dourada envelhecida - sentiu um certo alívio passando por entre as costelas: aquele envelope representava o fim. 

Saber que não teria mais chances de estragar a vida do acompanhante cessou pelo menos um pouco da angústia dentro de si. 

Ele era um câncer que enfim seria retirado do organismo do de olhos azuis. 

Voltou para o carro e no caminho abriu um sorriso melancólico, sabendo que o menor ficaria bem.

Quando chegou em casa, jogou as chaves na mesinha e desceu pelas escadas da varanda até a praia. Andou por alguns minutos até sentar para observar o mar. Afundou os dedos na areia quente e a lembrança dos dedos entrelaçados com os de Louis apareceu como um flash na mente. 

Ele não poderia ficar mais ali se até a praia o faria se sentir um lixo. Mas não era a praia... não importa o que fizesse ele continuaria daquela forma. 

Pensou que talvez pudesse unir o útil ao desagradável e, planejando o que fazer em seguida, pegou o celular no bolso e ligou para Simon Cowell, que demorou um pouco para atender.

- Bom dia Harry - o tom de voz era soberbo - Noite difícil? Niall me contou do seu pequeno encontro com a polícia. Devo dizer, estou desapontado.

- Preciso de um favor - falou logo em seguida, monótono

- Mais um? Já te faço tantos favores - deu uma risada

O ignorou para finalmente falar o que queria.

- Eu estava com uma pessoa no carro... - engoliu seco - Louis Tomlinson. Ele acabou sendo preso

- Ah, mas é claro! Com quem mais você estaria se não com o famoso prostituto que virou um estorvo pra todos nós? - já estava furioso - Espero que o favor não seja tirá-lo da cadeia

- Não é! - aumentou um pouco a voz - Ele provavelmente já deve ter saído de lá. O que eu queria era que você não... o demitisse da mansão.

O agente deu uma gargalhada irônica no telefone.

- Harry, Harry... Eu permiti que essa sua brincadeira com ele continuasse porque imaginei que era só mais um dos incontáveis rapazes que você usava pra se satisfazer, mas percebo que as coisas saíram do controle e eu tenho agora a oportunidade perfeita de tirá-lo de nossas vidas! De finalmente tirar essa distração e fazê-lo voltar aos eixos! - estava com um sorriso malicioso

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