vinte e seis

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"querido, nenhuma alma é pura.  não estamos aqui para permanecermos limpos" - chris ferreiras

De alguma forma o de olhos verdes se viu naquelas palavras e seu corpo sabia. Estava entre a cruz e a espada: um dilema que só resulta em coisas ruins. 

Qualquer desfecho que escolhesse a respeito de Louis Tomlinson era garantia de sofrimento. 

Se cedesse ao desejo, machucaria sua carreira e pessoas próximas a ele, criando uma cascata de problemas que ele não estava preparado para lidar. 

Mas se nunca mais sentisse seu toque ou o calor de sua pele, ficaria no limbo de uma existência abstênica e miserável como se tivesse que abrir mão da melhor droga do mundo. 

Qual caminho seguir se ambos levavam ao mesmo lugar? 

O corpo agitado e a testa levemente franzida do ator passaram a mensagem à Elle de que um pensamento profundo passou por sua mente e ela parou de ler.

- Meu bem, o que tá acontecendo com esse acompanhante? - o tom de voz era suave como de alguém que realmente quisesse ouvi-lo mas também sabia que ela o estava julgando

- Nada - fez alguns rodopios da água com os dedos - Não sei porque continuam perguntando isso

- Estamos todos preocupados com você - fechou o livro e o colocou no colo - Você tem agido de forma muito estranha desde que o conheceu

Harry não respondeu, mas pensou que, apesar de tudo de ruim que havia acontecido nos últimos meses, ele estava... feliz? 

Não era a palavra certa. 

Talvez ele estivesse agindo diferente por pura coragem. 

Isso! Espontaneidade e coragem. 

Ele realmente correu mais riscos desde que conheceu o de olhos azuis, saindo do set de madrugada, o recebendo em sua casa, saindo para um parque de diversões lotado, transando na cama da mulher que recebe para namorá-lo, brigando com os amigos em uma festa... e ele nunca tinha feito coisas assim. 

Claro que ele tinha seus momentos de liberar energia na mansão, mas aquilo era um ambiente controlado para que ele fizesse isso. 

Percebeu que até sua perversidade tinha sido cuidadosamente planejada para que não fosse mais espontânea. O pensamento o fez dar um sorriso desacreditado. 

Tinha se tornado um grande clichê.

Mas por algum motivo ele se arriscava com Louis. Estava mais aberto e vulnerável mesmo que preferisse esquecer dessa parte - o que acontece na praia morre na praia - mas estava fazendo coisas diferentes. 

Tudo aquilo, por mais estranho como a loira tinha acabado de falar, foi escolha dele e ele gostava disso. 

Gostava da sensação de controle, de tomar as rédeas de sua vida nem que fosse por alguns minutos. 

Percebeu que no dilema da cruz e da espada, escolher continuar vendo o rapaz era também escolher a si mesmo, escolher uma versão de si que ele admirava mais.

- Quero que você se abra comigo, Harry, por favor - levantou da cadeira e se ajoelhou ao lado da banheira, apoiando um dos braços na beirada e levando uma das mãos para os cachinhos molhados na testa dele

Ele gostava muito dela. Não tem como passar anos lidando com toda a imundice da indústria e não criar um forte vínculo afetivo e sabia que ela gostava muito dele também. 

Era uma amiga, uma confidente e por vezes era uma mãe; então ele queria contar tudo para ela mas não achava que entenderia. 

Não sobre o fato de querer continuar transando com um prostituto, não era isso, mas sim o que estava acontecendo dentro de si, da completa exaustão, da máscara que ele usava todos os dias e o quão farto estava dela.

- Mas não tem nada a ser dito - fechou os olhos com o leve toque dos dedos da modelo

- Se não tivesse nada a ser dito, ele não estaria em todo lugar agora!

- Acredite em mim quando eu digo que acho isso tão peculiar quanto você - riu e acariciou a pequena tatuagem de cruz em sua mão

Fizeram todas as atividades que Styles tinha planejado - na verdade falado de supetão para que a moça não perguntasse - e no fim da noite, enquanto a loira tinha adormecido assistindo filme ao seu lado na cama - a modelo estar dormindo naquela cama ainda mais ao seu lado foi bizarro, mas proporcionou muitas crises de riso que ele teve que segurar ao longo das cenas - ele estava inquieto. 

Já tinha ponderado sua decisão sobre continuar ou não vendo o menor, mas ainda precisava descobrir o que tinha acontecido mais cedo, afinal, não entendeu o que havia sido a dramática surdez repentina do garoto. 

E se por algum motivo quisesse prejudicá-lo e demorou mais a sair para que fossem pegos juntos? Mas Niall tinha o levado sabendo que ninguém estaria... 

Nada fazia sentido, mas ele tinha que perguntar, tinha que saber se a decisão que tomou na banheira era a certa.

Pegou o celular, abriu as mensagens e rolou até o nome de Tomlinson.

"Que merda foi essa hoje?"

Quando a notificação chegou, Louis estava jogando videogame e achava que talvez tivesse irritado o ator de alguma forma, mas quando leu a mensagem teve certeza. 

Aquilo era uma parte vergonhosa de si e mais uma de suas inseguranças, mas era injusto ficar sem dar uma explicação para o cacheado que provavelmente se encrencou muito em decorrência daquilo. 

"Foda-se, eu vou contar, não tô nem aí se ele não quiser falar comigo de novo por tudo que aconteceu". Digitou a resposta:

"Eu fico surdo quando tenho um orgasmo"

"Foi mal"

Pronto, estava feito. Por sua vez, quando Harry leu a resposta, toda a névoa foi clareada e ele soltou uma gargalhada tão alta que quase acordou a namorada ao lado. 

Era isso, tinha tomado a decisão correta.

"Isso é a coisa mais estranhamente engraçada e sexy que já ouvi na vida"

"Com tesão sabendo que fui eu que proporcionei isso x"

O de olhos azuis teve medo de olhar a mensagem quando ouviu as duas vibrações do celular, mas abriu mesmo assim e também soltou uma risada. 

Sim, valia a pena.

The MansionWhere stories live. Discover now