quarenta e cinco

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"eu juro que seria suficiente estar ao seu lado, só mais uma vez" - david jones

É seguro dizer que essa era a última coisa que Tomlinson esperava ouvir. Talvez pelo fato de nunca ter ouvido isso de ninguém - era algo deveras peculiar - ou pelo fato de que era o de olhos verdes falando aquilo.

Mas, espera... o que exatamente era "aquilo"?

Voltou a conversar com o rapaz no bar mas logo se despediu e foi para a casa. Enquanto via os postes de iluminação passando vagarosamente pela janela, tentou decifrar de forma lógica a fala do ator, mesmo sabendo que era bem simples: "Harry Styles era meu. O corpo dele era, pelo menos."

Passou os dedos pela mesma palma da mão que agora há pouco tinha sido tocada pelo maior e mesmo sendo um recado claro, ele não sabia o que fazer com aquilo.

"Eu o tenho bem aqui, na minha mão" ele repetia para si mesmo, mas ainda confuso.

Como ele poderia confiar nele depois de tudo? Talvez a chave seja mais um dos jogos que o ator gostava de fazer... mas o acompanhante tinha certeza da  sinceridade que notou na expressão dele enquanto ele proferia aquelas palavras.

Havia sinceridade também no quanto ele parecia mal nas noites que passava o observando de longe. Havia sinceridade quando disse "Não é bem assim" antes de beijá-lo apaixonadamente.

De novo estava enrolado nas intenções do cacheado, algo que, apesar de excitante, não queria que voltasse a ser um hábito. Ele estava bem, afinal. A vida estava correndo como o esperado e ele não podia simplesmente perturbá-la novamente com o que quer que seja que ele tinha com Harry.

Como também havia deixado claro, ele poderia ignorar a súplica do ator e continuar sua rotina perfeitamente adequada e nunca mais vê-lo novamente. Mas estava tão intrigado, e a curiosidade é algo difícil de matar quando está impregnada no cérebro.

Ele, então, cogitou todas as hipóteses possíveis; cogitou nunca mais falar com o rapaz, cogitou tratá-lo mal, cogitou conversar sobre o que tinha acontecido para que talvez obtivesse um pedido de desculpas... mas nada parecia certo.

Talvez não fosse um jogo; talvez ele realmente estivesse se entregando por completo. "O corpo", Tomlinson corrigiu em sua cabeça, "estivesse entregando seu corpo por completo".

No final da jornada, quase chegando no apartamento, pensou que se escolhesse voltar a se encontrar com ele, com certeza teriam consequências.

E por que diabos ele escolheria isso ao invés de manter a vida tranquila? Manter a vida... medíocre?

É, ele definitivamente não escolheria isso, mas não pôde evitar ficar lembrando de como ele o puxou para si e o beijou com a intensidade de mil sóis queimando pela atmosfera.

Tinha algo sobre aquele beijo; ele tinha sido vulnerável demais mesmo que parecesse somente motivado por tesão à primeira vista. Lembrou também do rosto de Harry e o pequeno corte na sobrancelha e como ele o acariciou e fez com que ardesse, mas como ele tinha gostado disso.

Os momentos gentis tropeçavam frequentemente nos momentos sexuais, e isso era o mais peculiar de tudo. Talvez seja isso que fizesse aquele cliente ser... diferente.

Era sobre como nenhum deles conseguia totalmente controlar ou prever os pequenos atos de doçura, pois eles estavam sempre envoltos por desejo.

E não tinha por que controlar desejo, certo? Afinal, era a base de todas as relações que Louis tinha.

Estava decidido que não podia confiar em Harry, mesmo que inconscientemente estivesse cheio de dúvidas. Mas, mesmo que os encontros com o maior não continuassem, não significa que ele não poderia usufruir do poder que lhe fora dado.

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