vinte e três

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"não sei se de álcool ou de você, mas eu estava bêbado mesmo assim" - david jones

Tomlinson relutou durante alguns dias pensando se deveria ou não ligar para o cliente. Talvez porque de alguma forma, querendo ou não, todas as circunstâncias da trajetória dos dois até agora tenham sido fora do comum e isso embaçava um pouco a linha rígida de profissionalismo que o de olhos azuis tinha com os seus clientes. 

E mesmo com alguns clientes que abriram seu coração para ele, nenhum deles foi exatamente como Harry. 

Nunca quase morreu subindo uma colina por uma peça de roupa e acabou recebendo um boquete de um deles, nunca recebeu flores com recados safados de um deles, e muito menos dançou thriller bêbado com um deles.

"Aceite, as circunstâncias são diferentes" Louis pensou, mas era justamente isso que tornava mais difícil a volta à "normalidade" acordada pelos dois no carro. 

Era difícil ter que ligar para pedir as roupas e relembrar algo que ambos decidiram nunca ter acontecido, afinal, só queria voltar a prestar seus maravilhosos serviços para o ator, já que era isso que ele queria. 

Harry o admirava por ser um prostituto e era isso que ele seria. É o papel que ele desempenha e sempre desempenhou. 

Então nem fodendo ele iria perturbar o de olhos verdes com isso. 

Foi então que teve a brilhante ideia de ligar para o assistente do ator, Niall Horan. Assim poderia recuperar as roupas sem que ele soubesse e então poderia voltar a ficar a disposição quando Styles tivesse algum outro ataque de tesão movido à drogas. 

"Eu sou um gênio" ele pensou enquanto digitava os números na tela do celular.

O irlandês não recebeu muito bem a ligação, mas ficou aliviado do acompanhante ter ligado para ele e não para o chefe, que estava finalmente se "reerguendo" diante da mídia e "andando dentro dos conformes", sem dar mais muito trabalho. 

Como o cacheado tinha ido com o carro onde estavam as roupas para a casa da namorada, o assistente combinou de esperar por ele lá uma hora que nenhum dos dois estivesse em casa para que o menor pudesse buscá-las. 

Nas conversas com Elle, Niall pôde perceber que foi mesmo desde de que o ator conheceu ele é que passou a ficar um pouco mais rebelde, então faria o possível para que eles não se encontrassem nesse período que Harry estava bem tanto com Simon quanto com a modelo. 

E tudo bem, já que o menor também não queria.

Na tarde do dia seguinte Tomlinson pensou também em devolver o pijama preto e branco embolado perto da porta, já que não era dele. Sacudiu o tecido para que retirasse a maior quantidade de areia possível e colocou na máquina de lavar. 

Enquanto o tecido era lavado de qualquer resquício de intimidade, o menor limpava a areia espalhada pelo chão. Varrendo a areia para fora, se questionou do porquê lavar a roupa e varrer o chão era dolorido de certa forma, mas preferiu não pensar sobre isso. 

Assim que o pijama estava limpo e seco, o dobrou cuidadosamente e o colocou na escrivaninha do quarto para que não esquecesse de devolvê-lo no dia seguinte, que foi a data que o irlandês havia combinado com ele de ir até a mansão. 

Liam continuou o interrogatório dos dias anteriores pois se chocou com o menor lavando roupas, já que ele nunca fazia isso.

Contando da noite que tiveram, Louis se policiou de não contar exatamente o que Harry havia dito e mesmo esperando milhares de piadinhas sobre isso vindas de Payne - imaginava que ele falaria que algo estava acontecendo entre os dois e todo aquele blablabla sentimental dele - mas por algum motivo, o amigo só ouviu atentamente a história, sorrindo. 

No final só falou "eles sempre desabafam com a gente, né?" e se virou para lavar as louças do jantar.

O caminho até a mansão em Calabasas foi mais tranquilo do que para a casa do ator, escondida entre as colinas de Malibu. 

Era um enorme condomínio fechado recheado de casarões de milhões de dólares, onde moravam a nata da cidade do entretenimento. Niall o buscou no portão que dava acesso ao início do condomínio e o levou até onde a casa estava. 

De longe reconheceu o carro de Styles - o que ele dirigiu aquela noite - e sabia que estavam chegando. Fizeram pouca conversa chegando na extensa entrada da garagem até a porta da frente, Louis percebeu o assistente um pouco apreensivo com ele, diferente da última vez que o havia visto - logo depois que transou com o ator no banheiro - quando tomaram café da manhã juntos.

Entraram na casa e o terno branco juntamente com as botas de plataforma vermelhas estavam posicionados perto de uma das poltronas que decoravam a sala. O primeiro pensamento do de olhos azuis foi o quanto aquela casa era diferente da de Harry, tanto que nem parecia que ele também morava ali. 

Enquanto a casa dele tinha uma decoração despojada e acolhedora, cheia de coisas que denunciavam a personalidade do cacheado, essa mansão parecia ter saído direto das páginas da edição mais famosa da revista Architectural Digest

Tudo conceitual e lindo demais, porém totalmente impessoal. Os únicos pertences que denunciavam que alguém de verdade morasse ali eram os porta-retratos com as fotos da loira.

No grande sofá cinza estavam dois gatos deitados preguiçosos, que chamaram logo a atenção do acompanhante.

- Os gatos são da Elle? - perguntou para o assistente indo em direção ao ruivo e fazendo carinho em suas orelhas

- O ruivo é o Bowie e o branquinho é o Mick...

Assim que escutou os nomes, sabia de quem eram.

- São do Harry - Horan continuou

- São lindos - tinha se agachado para fazer carinho no queixo de Mick

- Certo, suas roupas já estão aí. Se você quiser eu te levo de volta até seu apartamento - se apoiou no vão da porta

- Ah! Eu trouxe o onesie de volta - abriu a mochila e retirou o pijama

O irlandês gargalhou imaginando os dois vestindo pijamas no meio de toda aquela gente no parque e conseguiu relaxar um pouco mais perto de Louis.

- Imagino que deva ter ficado um pouco... largo em você - fez menção à diferença de tamanho dos dois, já que o onesie de panda era dele

- Na verdade não! - respondeu rude mas logo os dois começaram a rir

Conversaram mais algum tempo e Niall talvez tenha reformulado sua opinião sobre ele, que tinha sido taxado como um "prostituto atrás de dinheiro e fama" tanto por Elle quanto por Zayn. 

Mas viu um rapaz genuinamente engraçado e sensato, parecia ter a cabeça no lugar. Quando estavam para ir embora e o menor estava colocando o terno dentro da mochila, foi ouvido um barulho de chave vindo da porta.

A caminhada matinal com a namorada tinha sido encurtada por ela ter encontrado alguns amigos que a convidaram para o brunch em um restaurante famoso de West Hollywood e ele realmente não queria ir. 

Deu então um beijo bem estalado nos lábios da loira - para deixar registrado frente às câmeras - e pediu desculpas aos amigos dela já que ele não poderia ficar. 

Quando chegou em casa, viu alguém que ele pensou que nunca mais veria novamente. 

Depois da noite que viu os olhos azuis antes de dormir, tentou ao máximo não pensar sobre eles de novo, porque ele realmente não queria trazer mais problemas para si mesmo e para aqueles ao seu redor, ele realmente precisava andar na linha. E ele fez isso.

Mas ali estava ele: o acompanhante de olhos azuis que ouviu coisas sobre ele que quase ninguém sabia. 

O porquê ele estava sentado ali agora na casa da modelo não importava, pois todo o raciocínio lógico em sua cabeça foi abafado por somente uma sensação: o arrepio que subiu pelo corpo assim que o viu.

- Niall, pode nos deixar a sós?

The MansionWhere stories live. Discover now