Capítulo 2. Confidentes

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MIAMI
Agosto, 2004

Os dias na clínica, depois de conhecer Michael, se tornaram um pouco melhores, mesmo que eu ainda tivesse que participar das sessões com a Sanchez e das sessões em grupo, sessões das quais o Michael também participava, mas eu ainda continuava não colaborando com o tratamento. Mas pelo menos eu não ficava mais no meu dormitório o dia inteiro e estava aproveitando as áreas de lazer, mais especificamente o lago que tinha um deck e ficávamos ali sentados fumando e conversando todos os dias.

Conhecer Michael e começar a fumar cigarro foi mesmo de grande ajuda para acalmar os meus pensamentos e a minha agitação, mesmo que eu ainda continuasse angustiado pensando nela, no que ela estaria fazendo, e almejando passar por aquela ponte. A minha amizade com Michael parecia se fortalecer a cada dia. Ele só era quatro anos mais velho do que eu e já tinha muito mais experiência. As nossas conversas eram bem francas, bem honestas, falávamos sobre tudo sem pudor. Tudo o que eu deveria falar nas sessões em grupo e para a Sanchez, eu estava falando para ele e ele entendia o que eu sentia, afinal nós dois tínhamos uma obsessão, mesmo que fosse direcionada de formas diferentes. Ele também entendia eu não querer fazer terapia e contar tudo aquilo para Sanchez, e não era porque ele achava que minha obsessão era normal ou algo do tipo, mas porque para ele, eu não deveria ser obrigado a fazer terapia e a falar se eu não queria. Ele também não achava que a minha obsessão por Melanie era por amá-la demais. Mas o que ele entendia disso? Absolutamente nada. Michael nunca tinha se apaixonado ou amado alguém tanto assim.

"Nunca tive tempo para chegar a sentir isso. Meus relacionamentos acabavam muito antes de criar qualquer sentimento."

Foi o que ele me disse quando eu o questionei se ele já tinha amado tanto alguém que ele sentisse que sem aquela pessoa ele morreria e que a vida não faria mais sentido, ou que sem ela, ele perderia o rumo e o propósito na vida.

Apesar de ele ter as suas discordâncias, ele não me julgava, como ele mesmo me disse:

"Quem sou eu para te julgar? Sou tão ferrado quanto você."

Sim, ele era.

Michael me contou que a sua obsessão por sexo começou na faculdade. Muitas mulheres se jogam na vida sexual quando passam a viver nos dormitórios e começam a frequentar as festas das fraternidades. Muitas se sentem livres estando longe de casa e aproveitam bem os anos de faculdade. Ainda há aquelas que chegam à faculdade virgens e querem perder a virgindade. Michael, como ele mesmo disse, virou experiente em tirar virgindade das garotas.

— As garotas na faculdade são loucas! Cara, sério, de tanto isso acontecer, chegou um momento em que eu não precisava nem mais procurar mulher nenhuma para ter sexo, elas que vinham até a mim. Batiam na minha porta e falavam: "Você é o Michael? Quero perder a virgindade com você." E pronto, entravam e minutos depois elas saíam satisfeitas, prontas para transar com qualquer um. Algumas voltaram querendo aprender mais comigo, mas muitas partiam para os caras com quem elas queriam realmente transar, só não queriam fazer isso ainda sendo virgens.

— Você virou um puto – comentei rindo e ele assentiu, fazendo o mesmo.

— Nem ligo. Eu não fui pegador no colégio. Eu era bem magrinho e as garotas sempre queriam os atletas – falou, apontando para mim e eu assenti com riso e o cigarro na boca.

— Ah, eu bem sei disso.

— É, eu sei que você sabe. Então, quando eu cheguei na faculdade e tive toda essa experiência, eu nem me importei de ser usado. Tirei a virgindade de várias, fui o primeiro de muitas. – Deu de ombros. – E, sinceramente, eu gosto das virgens. Elas são inexperientes.

Obsessão: Los Angeles - Vol. 2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora