Parte VI: A Espera Acabou

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Parte VI

MIAMI
Outubro, 2012

O dia que eu tanto esperei havia chegado. Por anos esperei pelo momento em que eu ficaria frente a frente com Melanie de novo. E não somente isso, mas também falar com ela, e eu esperava que ela não somente me ouvisse, mas que me respondesse também. Eu sabia que a probabilidade de ela me dar as costas, de não querer me ouvir, muito menos falar comigo, era grande, mas eu também sabia o que dizer para chamar a sua atenção.

Eu acordei ansioso e confiante de que, naquela manhã, eu daria início para a minha reaproximação.

Tomei um banho quente e me arrumei impecavelmente. Optei por uma roupa social, apropriada para um funeral. Uma camisa preta, jeans escuro e um blazer. Borrifei o mesmo perfume que eu usava há anos. O perfume que Melanie conhecia muito bem. Eu não sabia se eu me aproximaria tanto dela ao ponto de ela sentir a fragrância, mas eu usei assim mesmo, pensando nessa possibilidade.

Saí do quarto, com uma mochila executiva de couro preto pendurada no ombro, e o blazer e óculos escuros nas mãos e desci.

Meus pais estavam tomando café da manhã e eu avisei a eles de que estava saindo para ir ao hotel encontrar Michael.

— Não vai tomar café? – Meu pai perguntou.

— Eu vou tomar no hotel. Eu e Michael temos uns assuntos para discutir.

— Tem certeza de que não precisa da minha ajuda?

— Tenho, pai – sorri –, não é nada demais, não se preocupa.

— Você está tão lindo, príncipe!

— Mãe... – suspirei. – Quer saber? Esquece. Não adianta falar mesmo.

— Até que enfim você entendeu! – Ela exclamou e eu revirei os olhos. – E você está mesmo parecendo um príncipe assim todo arrumado!

— Bom, deixa eu ir que Michael está me esperando. Eu encontro vocês na igreja. Ah, mãe, eu vou pegar o seu carro.

— A chave está no lugar de sempre. – Ela falou e eu mostrei as chaves, indicando que eu já havia pegado.

Eu me despedi deles e saí.

Ao contrário do que os meus pais achavam, eu não fui para o hotel de Michael, eu nem sequer havia falado com ele sobre isso. Ele provavelmente ainda estava dormindo. Eu apenas inventei isso para que eu pudesse chegar à igreja sem eles e não levantar suspeitas de nada, pois eu queria chegar depois que Melanie já estivesse lá. Eu não queria afugentar ela estando lá quando ela chegasse. Eu não queria correr o risco de ela me ver e ir embora. Melanie precisava chegar primeiro, se certificar de que eu não iria e, somente depois que ela cumprimentasse algumas pessoas, eu chegaria. Dessa forma, ela não iria embora e deixar todos questionando o motivo por ter feito isso, pois nem todo mundo sabia o que tinha se passado entre nós.

Estacionei o carro em frente à uma cafeteria e saí com a mochila. Entrei no estabelecimento e fiz meu pedido. Ao receber e pagar, escolhi uma mesa que ninguém ficasse atrás de mim e me sentei. Abri a minha mochila, tirando o laptop de dentro e um pendrive de acesso à Internet. Encaixei o dispositivo e me conectei à rede. Abri o programa de rastreio, o qual instalei naquele aparelho antes de viajar, e digitei o celular de Melanie na busca, tendo um resultado negativo. O celular dela ainda deveria estar desligado. Olhei as horas no meu relógio e o voo dela deveria estar chegando ainda.

Uma hora depois, eu ainda estava sentado no mesmo lugar e fiz uma atualização da busca de antes. Dessa vez, a busca me deu um resultado positivo. O sinal estava se movimentando em uma avenida nas redondezas do aeroporto. Fiz uma nova busca com o número do meu pai, apenas para saber se eles já tinham saído de casa. O localizador me mostrou que ele ainda estava lá.

Obsessão: Los Angeles - Vol. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora