Capítulo 19. Dossiês

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LOS ANGELES
Setembro, 2010

O monitor do computador estava ligado com a imagem da sala da casa dela na tela, onde mostrava Melanie dançando, segurando uma vassoura e fazendo o cabo da mesma de microfone. Eu não fazia ideia de que música ela estava ouvindo, mas pelo jeito que ela estava dançando, eu imaginei que seria alguma de rock. Por ela não estar fazendo nada, apenas fazendo uma limpeza na casa – coisa que eu sabia que ela estava detestando por não gostar dos afazeres domésticos –, eu não estava prestando atenção, apenas olhava algumas vezes para a tela, enquanto organizava fotos dela espalhadas pelo chão. Algumas fotos eu tinha revelado, outras eu estava imprimindo naquele mesmo instante.

As fotos que eu tinha revelado, naquela tarde em uma gráfica, eram fotos do tempo do nosso namoro. Todas eram de um tamanho considerável e estavam em volta de uma em tamanho maior, bem maior, que estava centralizada na parede acima do computador. Essa foto era a minha favorita dela. Era a foto na estufa com os lírios, a foto que me lembrava todos os dias do dia em que eu declarei o meu amor para ela e me lembrava do quanto eu a amava. Mesmo que a foto não fosse necessária para me lembrar disso, mas era um combustível constante para eu me manter paciente e focado. Aquelas fotos eram as minhas favoritas e era melhor tê-las ali do que ficar olhando-as por uma tela de computador.

Já as fotos que eu estava imprimindo, e organizando no chão, eram fotos dela em Los Angeles, fotos que eu mesmo havia tirado, observando-a. Eram fotos dela andando sozinha, e outras acompanhada das amigas, nas ruas e calçadas, e nos lugares em que ela mais frequentava. Também imprimi duas fotos específicas, que eram fotos dela com Zac e Nolan.

Assim que a última foto saiu da impressora, eu comecei a arrumá-las nas paredes. De um lado do cômodo, coloquei as fotos dela com as amigas. Do outro, fotos dela sozinha. E na parede em que ficava a porta, as fotos dela com Zac e Nolan. Apesar de Melanie ter se relacionado com outros homens, eles dois haviam sido os únicos que eu tinha afastado dela, sendo assim, os únicos que teriam fotos ali, por enquanto.

Passei a tarde toda e o início da noite nessa tarefa e, ao completar, me afastei ligeiramente da parede e olhei para as duas fotos deles, sentindo que faltava alguma coisa. Olhei ao redor e as paredes do cômodo estavam até a metade tomadas pelas fotos. No mesmo instante em que eu tentava descobrir o que estava faltando, ouvi batidas na porta.

— Eu estou ocupado!

— Sou eu. E estou sozinho aqui.

Olhei para a porta ao ouvir a voz de Michael e alcancei a maçaneta, abrindo-a em seguida. Michael entrou e exclamou em surpresa:

— Uou!

Me virei para ele ao fechar a porta e ele estava olhando para as paredes.

— Como entrou aqui? Eu nem ouvi a campainha tocar.

— Clarice ainda estava aí. Ela já estava de saída – respondeu, sem tirar os olhos das fotos nas paredes. Depois ele se virou para mim, dando um leve suspiro. – Parece que você ficou bastante ocupado essa tarde! Não acha arriscado deixar tudo assim exposto?

— Ninguém entra aqui, você sabe. Além do mais eu vou instalar amanhã uma fechadura eletrônica.

— Fechadura eletrônica?

— É. Que nem as fechaduras de quarto de hotel, que só abre com cartão magnético.

— Entendi. – Ele balançou a cabeça, impressionado. – Mas então, para que deixar tudo assim?

— Para não me esquecer de nada – respondi, dando de ombros. – Preciso me lembrar de cada detalhe, de cada lugar que ela frequenta, e com quem ela sempre está.

Obsessão: Los Angeles - Vol. 2Where stories live. Discover now