Capítulo 6. Redenção

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MIAMI
Outubro, 2004

Mais tarde, naquele mesmo dia em que eu voltei para casa, fui ao shopping e minha mãe me acompanhou. Ela não deu a notícia da minha volta para Claire, por dois únicos motivos: Eu não queria que ela soubesse ainda, por achar que a notícia chegaria até Melanie, e porque eu teria o momento para ir até lá e conversar com ela e William.

Eu não sabia se o meu pai já tinha contado a novidade para ele na firma, mas eu permaneceria com aquela ideia. Tudo fazia parte do meu plano de redenção. Não ir correndo até eles para pedir perdão por tudo o que aconteceu fazia parte, pois eu deveria estar tão envergonhado pelos meus atos que eu não conseguiria encará-los. Eu deveria fazer o papel de quem se sente um monstro, arrasado pela culpa, cheio de remorsos e me martirizando por tudo o que eu causei para Melanie e a família.

O mesmo deveria ser feito com os meus amigos. Eu não iria procurá-los ainda, por estar envergonhado. Eles deveriam sentir pena de mim, me mostrar apoio em um momento em que eu estaria atormentado pela culpa, por tudo o que eu causei a uma pessoa que eu amava. Todos deveriam acreditar que nem mesmo eu estava conseguindo me perdoar por tudo o que eu fiz para ela e para eles também que querendo ou não fizeram parte daquilo tudo, principalmente o Max. Eu ainda acreditava de que ele era, ou foi em algum momento, a fim da Mel. Mas isso eu teria que guardar para mim e nunca mais tocar nesse assunto com ele.

Minha mãe estava muito feliz com a minha volta e retornamos para casa com muitas sacolas cheias de roupas novas, sapatos, tênis e até cuecas. Ela disse que eu não iria para Harvard parecendo um mendigo, claro que era exagero dela, as minhas roupas e cuecas não estavam em mal estado. Porém ela fez questão de comprar tudo de alta qualidade, nas melhores lojas. Segundo ela, eu deveria chegar em Harvard já mostrando quem eu era, e quem eu seria.

"Uma imagem é tudo!", foi o que ela me disse quando me fez entrar em um salão de beleza para não só cortar o cabelo e eu reclamei. Mas não tive argumentos porque de acordo com ela, o meu cabelo estava grande demais e desidratado. Eu tinha saído da clinica parecendo um ex-detento e saí do shopping renovado, em uma versão muito melhorada de mim mesmo.

Quando chegamos em casa, meu pai já estava lá e nos avisou de que tinha pedido uma pizza para comemorar a minha volta para casa e eu me animei. Todo o tempo em que eu passei na clínica, não tinha comido pizza, hambúrguer e nenhuma dessas besteiras. Só havia refeições saudáveis e eu estava louco para comer todas essas coisas novamente.

Avisei que ia levar as sacolas para o meu quarto e subi. Eu não tinha desfeito as minhas malas ainda e, já que eu ia para Harvard em alguns dias, eu resolvi não desfazer. Apesar das novas roupas que tinha acabado de comprar, eu não ia deixar as que eu gostava e estava acostumado a usar ali.

— Eu vou precisar de outra mala... e uma bem grande! – falei para mim mesmo olhando para todas as sacolas e as duas bagagens que estavam ali. Eu ficaria muito ocupado nos próximos dias.

Alcancei o meu celular que ainda estava conectado no carregador e o retirei do cabo. Abri uma das malas e procurei pelo papel que eu tinha guardado com o número de Michael anotado. Sentei na cama e disquei os números. Esperei a chamada ser completada e ele atender. Estava ansioso por entrar em contato com ele e contar que estava livre e saber como ele estava. Após alguns toques, reconheci a voz que atendeu.

Alô.

— E aí? Já comeu alguém? – perguntei querendo rir.

Quem é? – perguntou intrigado e eu ri.

— Me magoa saber que você não reconhece a minha voz em tão pouco tempo.

Sério, quem é?

Obsessão: Los Angeles - Vol. 2Where stories live. Discover now