Capítulo 28. Eu Quero, Eu Consigo

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LOS ANGELES
Outubro, 2010

No dia seguinte, eu fiz o que tinha planejado. Não mandei mensagem nenhuma de bom dia, nem mesmo havia mandado mensagem na noite anterior desejando boa noite e bons sonhos, como eu havia feito a semana toda. Eu já esperava que isso surtisse efeito, eu só não esperava que fosse nas primeiras horas do dia.

Antes mesmo do almoço, ela havia me mandado uma mensagem de bom dia com um emoji sorrindo. Não respondi. Passado alguns minutos, ela me mandou outra, me lembrando e indagando o fato de eu não ter mandado mensagem de boa noite e de bom dia. Mais uma vez eu não respondi. Com o meu silêncio, ela me perguntou se estava tudo bem. Não respondi novamente, mas digitei aleatoriamente algumas letras, apenas para ela pensar que eu estava escrevendo uma mensagem, depois apaguei o que eu tinha digitado, sem enviar nada. Ela ficaria intrigada, achando que tinha alguma coisa errada, e ia me ligar. E não deu outra. Meu celular tocou com o nome dela aparecendo na tela e eu deixei tocar.

— Não vai atender? – Clarice perguntou, entrando na sala.

Eu guardei o celular no bolso da calça, negando com a cabeça.

— Não é importante – respondi e me levantei do sofá. – Eu vou sair e passar o dia fora, por que você não aproveita e sai mais cedo?

— Eu tenho muita coisa para fazer aqui.

— Clarice, o apartamento está limpo. Já disse que você não precisa perder o seu fim de semana aqui.

— Eu gosto de ficar aqui, senhor Thompson. Eu não tenho nada para fazer em casa e aqui eu me mantenho ocupada. Além do mais, eu preciso fazer o seu jantar.

— Não se preocupe com isso, eu jantarei fora hoje.

— Certo. Mas eu tenho mesmo muito o que fazer aqui hoje – respondeu e eu suspirei.

Não adiantava falar com Clarice para tirar o dia de folga e aproveitar o dia, ela sempre dizia as mesmas coisas.

— Bem, você quem sabe. Por mim você nem estaria aqui hoje, ou amanhã.

— Eu faço isso porque gosto. Você é um bom rapaz e eu gosto de cuidar de você, assim como sua mãe tanto já me pediu.

— Tudo bem, Clarice. Não vou insistir para você ter momentos de lazer, se você não quer. Qualquer coisa me liga e eu volto – falei e me virei para sair.

— Certo. Ah, senhor Thompson. – Ela me chamou e eu me virei para ela. – Eu sei que o senhor não permite, mas eu fico pensando no quanto o seu escritório deve estar precisando de uma limpeza, se...

— Clarice – a interrompi –, eu já falei com você sobre isso e assim como você mesma acabou de dizer, eu não permito que ninguém entre no meu escritório. Eu tenho documentos importantes ali dentro que não podem ser jogados fora, e documentos sigilosos...

— Eu sei disso, mas eu não mexeria em papéis e nem jogaria nada fora, eu só...

— Não, Clarice. A resposta é não – disse com firmeza.

Eu tinha certeza de que se o meu escritório não ficasse trancado, ela já teria entrado ali para limpar. Clarice tinha mania de limpeza e não havia sido a primeira vez que ela falava a respeito de limpar o cômodo. Antes, quando a fechadura era de chave, a mesma ficava sempre comigo, no chaveiro do meu carro. Depois que eu mudei a fechadura para uma eletrônica, o cartão de acesso ficava na minha carteira e eu não entregava para ninguém. Mas havia uma cópia para caso eu perdesse o meu, e essa cópia estava com o Michael.

— O meu escritório não precisa de limpeza, eu mesmo faço isso.

— Sim, senhor Thompson.

Eu me virei para sair, peguei as chaves do carro no aparador da entrada e me olhei no espelho.

Obsessão: Los Angeles - Vol. 2Where stories live. Discover now