Capítulo 68. Troca de Mensagens

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MIAMI
Outubro, 2012

Chegamos na casa dos meus pais e fomos recepcionados por minha mãe, que não deixou nem que eu subisse para o meu quarto, pois ela queria que eu fosse até a casa de Melanie para pegar uma caixa com alguns documentos, que estavam com William, e o meu pai ia precisar deles para assumir os casos. Ele já estava de saída para fazer isso quando nós chegamos e ela viu a oportunidade de não somente eu ver a Mel, como também entregar a foto que ela havia dito que daria para ela.

Eu não contestei, nem fiz nenhuma objeção, pois eu achei que fazer isso seria também um álibi para mim. Se Nick me visse saindo da casa dos pais dela, essa seria uma forma de mostrar que eu não estava em Key West e que não teria sido eu a mandar aquela mensagem.

Eu saí de casa, deixando Michael com minha mãe. Mesmo Michael argumentando que meu pai faria perguntas da viagem, eu não podia levá-lo e arriscar que Melanie o visse e reconhecesse ele como sendo o homem que ela viu no supermercado. Isso assinaria a confirmação da minha presença lá. Mas Michael era esperto, ele ia conseguir convencer o meu pai de que ele havia mudado de ideia em construir um resort ou hotel nas ilhas.

Fui até a casa de Melanie e, depois de abrirem o portão para mim, eu entrei com o carro no pátio.

Era uma sensação estranha voltar ali. Eu sentia uma certa nostalgia, mas também sentia rejeição, uma sensação de que eu não pertencia mais àquele lugar. Mesmo que eu tenha estado ali outras vezes. Essa sensação de rejeição era causada por Dylan que, sempre que eu ia lá e ele estava, se trancava no quarto dele até eu ir embora. E dessa vez isso não foi diferente.

Passei pela porta, que foi aberta por Claire, e a cumprimentei, vendo de soslaio ele subindo, já no topo das escadas. Ele nem sequer olhou para trás. Eu não me importei. Nunca me importei. Era até melhor que fosse assim, pois quando Melanie voltasse para mim, não teríamos a presença dele.

— Como você está? – Ela perguntou, com um leve sorriso e fechou a porta.

— Eu estou bem. Mas e você? – Eu quis genuinamente saber e ela suspirou, virando-se.

— Levando a vida – respondeu, caminhando em direção à porta do escritório. – O que me dá forças e me consola são os meus filhos e netos.

— Está sentindo muito a falta dele, não é?

— Você nem faz ideia do quanto. – Ela respondeu e eu engoli em seco.

O remorso queria voltar, porém eu mandei para longe. Aquele sentimento estava morto e enterrado.

— Eu imagino. O meu pai também sente muito a falta dele. Mas com o tempo isso vai melhorando. A saudade vai ser para sempre, mas com o tempo isso vai amenizar, você vai ver. Quem sabe você não conhece alguém e se casa de novo.

Ela soltou uma risada alta, abrindo a porta do escritório.

— Essa foi boa, Phillip!

— Não é piada não, Claire.

— Eu não tenho mais idade para isso.

— Como não? É claro que tem! A senhora ainda é jovem e, com todo o respeito que eu tenho por você, você é uma mulher linda!

— Phillip... – Ela se virou para mim, com olhar irônico.

— É sério, Clarie. E não é só beleza que você tem. Você é interessante, é inteligente, gentil... Eu não preciso ficar aqui citando as suas qualidades, você sabe as qualidades que você tem.

— Eu não sei se eu teria coragem de começar um relacionamento. De me envolver com outra pessoa. Eu amo o William.

— E você vai amá-lo para sempre. Mas ele, infelizmente, não está mais entre nós. E eu tenho certeza de que ele quer que você seja feliz. Mas eu entendo você não querer pensar nisso agora, e eu não estou dizendo também que isso pode acontecer em um ano ou dois. Estava pensando em uns cinco anos – falei, ponderando.

Obsessão: Los Angeles - Vol. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora