Capítulo 8

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Deixei Marcus no aeroporto e fui para a agência. Hoje o dia seria corrido e eu ainda tinha a fisioterapia para ir ao final do expediente.

Se Marcus e eu trocamos meia dúzia de palavras nestes últimos dias, foi muito. Ele havia de fato ficado chateado com a minha desconfiança e eu acabei me arrependendo de ter pensado algo deste tipo. Ele era excepcional, sempre foi um ótimo marido e eu fui tola ao pensar que ele poderia ter feito tal ato comigo.

Talvez depois dessa viagem, eu possa me desculpar com ele. Serão 20 dias longe, tempo suficiente para esquecer tudo.

– Você está bem? Livia estalou os dedos na tentativa de chamar minha atenção.

– Oi? Acordei de meus pensamentos. – Sim... sorri. – Onde paramos?

– Talvez possamos marcar outro dia. A viagem ainda está longe. Pegou sua bolsa e levantou.

– Não! Fique. Perdão, algumas coisas aconteceram e eu não paro de pensar. Suspirei.

– Mais um motivo para eu voltar outro dia. Mandou um beijo. – Eu te ligo! Se virou e saiu da agência.

Suspirei e passei a mão no cabelo. Eu não poderia deixar isso abalar meu dia a dia, se não acabaria por perder todos os meus clientes.

– Você está com cara de que precisa beber! Bruna entrou na sala com uma garrafa de vinho na mão.

– O que está fazendo aqui a essa hora? Ri.

– Eu adivinhei que você precisava de uma taça desse vinho divino. Foi até a pequena copa que havia em meu studio e voltou com dois copos na mão. – Já que aqui não tem taças, o copo já serve.

– Bruna, eu estou trabalhando, não sei se percebeu?! Não posso tomar vinho agora. Me levantei e tranquei a porta, antes que algum cliente entrasse e visse a cena.

– O que você tem? Eu conheço minha amiga! Abriu o vinho e colocou um pouco em cada copo. – Bebe, você vai se sentir melhor. Me estendeu um copo e eu o peguei.

– Eu acho que Marcus está me traindo. Suspirei bebendo todo o liquido do copo de uma vez.

– Sabia que havia algo! Falou alto. – Como assim lhe traindo? O Marcus não é capaz nem de matar uma barata.

– Eu encontrei um pacote de camisinha aberto na calça dele. E ele está com um papo estranho de que eu preciso engravidar, que chegou a hora.

– Mas isso não era o que você mais queria? Se sentou na poltrona me observando.

– Talvez ele acredite que comigo grávida, ele vai conseguir me trair e eu o perdoarei com facilidade. Eu espero que não seja isso. Me virei para a grande janela e cruzei os braços, encarando a paisagem.

– Eu acho que ele não seria capaz. Mas não coloco minha mão no fogo por nenhum homem. Riu.

– Ele se ofendeu muito com isso... vou esperar a poeira abaixar. Suspirei.

– Bebe mais um pouco então! Sorriu e levantou a garrafa de vinho. Ri da situação e neguei com a cabeça.

Bruna foi embora momentos depois com metade da garrafa de vinho e eu voltei a atender meus clientes.

– Muito obrigada! Segunda-feira começo meu mochilão pela Europa então Laura. Vivian veio até mim e me abraçou. – Obrigada por tudo.

– É o meu trabalho Vivian. Sorri e abracei de volta. – Qualquer dúvida me liga ou manda mensagem. A acompanhei até a porta e ela saiu sorridente.

Me sentei na mesa e resolvi ligar para Marcus, queria pedir desculpas por tudo o que aconteceu. Liguei de vídeo, mas a chamada foi encerrada antes mesmo do segundo toque. Liguei novamente e ele não me atendeu.

Em seguida o telefone tocou e eu atendi, embora fosse uma ligação de voz.

"– Oi... por que desligou minhas chamadas?"Questionei.

"– Eu estou em uma festa." Ouvi barulho de música no fundo. "– A empresa está dando uma festa... tem muito barulho e eu não consigo te ouvir direito."

"– Tudo bem... mais tarde eu te ligo. Marcus, eu te amo."

"– Espero sua ligação Laura. Até mais tarde!" Desligou.

Suspirei e olhei para o telefone. Ele não disse que me amava... será que estava com ela? Com outra mulher?...

Peguei a roupa que havia levado para realizar a fisioterapia e me troquei na agência mesmo.

Sai e fui de carro até o consultório. Fiquei aguardando na recepção até ser chamada por Estevam.

– Boa noite! Ele falou sério enquanto higienizava a maca.

– Oi... tirei a camiseta ficando apenas de top e short.

– Deite-se! Me deu espaço e eu me deitei. Ele passou álcool na mão e depois veio até mim. Aquela sala estava gelada demais, me causando arrepios.

– Você pode diminuir um pouco o ar? O olhei e ele mexeu no controle.

– Hoje vou trabalhar nos seus ombros. Pegou meu cabelo com cuidado e o deixou para cima, livrando meus ombros dos fios.

Ele passou as mãos por meu pescoço cuidadosamente e apalpou alguns músculos. Suas mãos estavam geladas e eu me arrepiei ao sentir seu toque. Meus mamilos rijos ficaram aparentes por baixo do tecido do top e eu apenas apoiei minhas mãos por cima dos seios para não evidenciar o que estava sentindo.

– Você é feliz no seu casamento? Questionou enquanto ainda massageava meu pescoço.

– Sim! Respondi sem pensar e olhei para o nada. – As vezes acontecem algumas coisas que nos deixam pra baixo. Suspirei.

– Você está muito tensa. Relaxa... sussurrou descendo as mãos para meus ombros.

– Será que ele me trai? Questionei em voz alta e Estevam me olhou sério.

– Homens são homens... Mas você é linda, tem um corpo de dar inveja em qualquer menininha mais nova. Ele seria um louco em trocar você por outra. Voltou a me massagear.

– Eu estou desconfiada, mas não deveria estar falando sobre isso com você. Corei e fechei os olhos.

– O que você fala aqui, fica aqui. Passou os dedos por baixo do tecido do top e desceu um pouco as mãos, pressionando meu tórax.

– E se eu estiver perdendo meu tempo com ele? Uma amiga disse que relações sexuais com apenas 3 homens na vida não é parâmetro.

– Ok... riu. – Você deve ser ótima. Acredito que já esteja a muito tempo com seu marido, e...

– 8 anos. O interrompi abrindo os olhos e o encarando.

– 8 anos é bastante tempo. Pense que se você fosse ruim, ele não estaria mais com você. Talvez você possa apimentar a relação de vocês.

– Eu acho que falei demais. Fiquei quieta e ele também.

Como eu tive a cara de pau em dizer com quantos homens já me deitei. Ele definitivamente não deveria saber disso.

Quando a sessão acabou, me vesti o mais rápido possível e saí do consultório depressa. Estevam era novo e ainda não entendia muitas questões da vida, embora fosse um gato... um pedaço de mau caminho.

AmanteWhere stories live. Discover now