Capítulo 98

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Laura

Estava tudo correndo bem até aqui. Marcus finalmente tinha entendido nossa separação e estava respeitando meu espaço.

Gustavo terminou seu noivado e estávamos nos conhecendo melhor. Eu não digo que estamos namorando, porque nada foi oficializado, mas estamos praticamente morando juntos, pois ele faz questão que eu durma ao seu lado todos os dias.

Marcus não sabe disso, e talvez só saiba depois que a Gabriela nascer, caso decidamos tornar nosso compromisso algo sério.

Entrei no 8º mês de gestação e com a barriga bem grande. Eu e Gustavo não transávamos mais, por precaução, mas penso que esses 4 últimos meses foram muito melhores ao lado dele, do que os quatro primeiros ao lado de Marcus.

– Falei com meu advogado hoje. Gustavo passou a mão em minha barriga.

– E o que ele disse? Novidades sobre o divórcio? Passei a mão por cima da sua.

– Que como vocês estão juntos a quase 9 anos e agora tem uma criança envolvida, o processo será mais burocrático. Suspirou.

– Sejamos otimistas, talvez não demore tanto. Sorri.

– Vamos dormir... Amanhã acordo cedo, hum? Passou a mão por minha nuca e me deu um selinho demorado.

– Tá bom. Retribuí. – Talvez se você voltar para o hotel e eu para meu apartamento, você não precise acordar tão cedo para ir trabalhar. Essa casa é muito afastada e grande apenas para nós dois.

– Eu gosto daqui. Se deitou e me puxou para perto de si, me fazendo deitar ao seu lado. – E você já está na reta final da gravidez, não é bom morar sozinha. Desligou o abajur.

Nos cobri e deitei a cabeça em seu ombro. Desde cedo estava sentindo leves cólicas no pé da barriga, mas acredito ser normal pelo período em que estava.

– Boa noite meu amor. Gustavo beijou minha testa.

– Boa noite... ai. Passei a mão na barriga.

– O que foi? Gustavo ligou o abajur novamente e me olhou preocupado.

– Não sei... Senti uma pontada no pé... ai! Apertei.

– Será que são contrações? Se levantou.

– Eu acabei de completar 8 meses, não deveria ser. Fiz uma careta de dor até sentir o tecido do pijama se molhar. – Gustavo, acho que a bolsa estourou. Olhei para o meio de minhas pernas.

– Precisamos ir para o hospital, então. Colocou uma calça e uma camiseta rapidamente.

– Esta cedo para ela vir. Falei preocupada, me levantando devagar.

– Eu vou preparar o carro. Fique aqui que eu já volto. Disse terminando de calçar seu tênis.

Abri a bolsa da Gabriela e conferi se estava tudo certo. Por sorte, faz um mês que arrumei a bolsa da maternidade e por precaução a levava para todo lado depois que completei 7 meses.

Alguns instantes depois, Gustavo voltou para o quarto e me pegou no colo, saindo devagar comigo. Ele desceu as escadas e saiu da casa, me levando até o carro.

– Preciso ligar para Marcus. Disse enquanto colocava o cinto em mim.

– Não, quando eu estiver no hospital, eu ligo... Fechei os olhos e respirei fundo. – Se você ligar, ele vai saber que estávamos juntos.

Gustavo não fez uma cara de bons amigos, mas aceitou, entrando no carro em seguida. Ele colocou o cinto e deu partida, seguindo para a estrada que nos levaria para a cidade.

Ele tem uma casa luxuosa em um terreno afastado da cidade. Não morava nela por ser longe do escritório, mas fazia questão de morar aqui depois que passamos a ficar mais tempo juntos.

– Como estão as coisas ai? Você ficou quieta... Gustavo passou a mão em minha barriga enquanto dirigia.

– As contrações diminuíram... passei a mão por cima da sua. – Obrigada por estar comigo nesse momento tão importante.

– Eu sempre estarei com você. Sorriu e entrelaçou nossos dedos. – Eu já disse que você é a mulher da minha vida? Beijou as costas da minha mão.

– Eu devo ter ganhado na loteria e não sei. Sorri e passei a mão por seu rosto, colocando a mão na barriga novamente, após sentir uma nova contração.

Quando chegamos no hospital, fui levada para o quarto e aproveitei para ligar para Marcus. Eu não sabia como seria a reação dele ao ver Gustavo aqui, mas espero que ele esteja preocupado demais com a Gabriela para pensar nisso.

– Você está tendo contrações desde que horas? Já está com 7 centímetros de dilatação. Uma enfermeira questionou.

– Estou sentindo cólicas desde cedo, achei que fosse normal. Fiz uma careta ao sentir uma nova pontada.

– Vamos arrumar a sala de parto, pois em breve essa princesa nascerá. Aguenta só mais um pouco! A enfermeira saiu da sala.

Marcus se aproximou e passou a mão em meu cabelo, me olhando sorridente.

– Nossa filha vai nascer. Disse com lagrimas nos olhos e eu assenti, sorrindo de volta.

Alguns minutos depois, as contrações começaram a ficar muito mais fortes, quase insuportáveis, e ouvi alguém dizer que eu já estava em trabalho de parto, então me levaram para a sala, onde o mesmo ocorreria.

***

– Empurra Laura! Marcus gritou enquanto ofertava sua mão para que eu apertasse.

– Eu não consigo! Disse desesperada enquanto suava e olhava para a luz no teto. – Aah!!! Gritei após sentir outra contração.

– Você precisa empurrar Laura! O médico me olhou preocupado e uma enfermeira se aproximou pegando em minha mão livre.

Se eu não tivesse onde apoiar as pernas, de certo Gabriela não nasceria de parto normal. Empurrei mais uma vez com todas as minhas forças, rangendo os dentes que já doíam de tanto aperta-los.

– Está vindo! O médico disse empolgado. – Só mais um pouco Laura.

Olhei desesperada para Marcus e ele me incentivou assentindo com a cabeça. Apertei os olhos e fiz força novamente, talvez toda a força que eu já tivera usado em toda minha vida.

O choro do bebê ao fundo e uma grande sensação de alívio em minhas entranhas, me fizeram respirar com mais calma e sorrir com o som que ecoava na sala.

– É uma linda menina! Forte e saudável! O médico a entregou para a enfermeira que realizou alguns procedimentos.

Marcus me deu um beijo na testa e se afastou, observando Gabriela sendo cuidada. Respirei ofegante enquanto a enfermeira que segurava minha mão, limpava meu suor carinhosamente.

Alguns minutos depois, Marcus a trouxe no colo para que eu visse, e então pude pega-la e olhar seu rostinho achatado pela primeira vez.

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