Capítulo 48

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Alguns seguranças seguraram Marcus, que parecia descontrolado. O senhor ao seu lado me olhava com reprovação, enquanto eu levantava do chão, passando a mão no rosto.

– Se você não fosse um marido tão ruim, ela não fugiria de você! Falei alto e os seguranças apertaram os braços de Marcus, que tentava vir pra cima de mim.

– Se alguma coisa acontecer com ela, a culpa será sua! Gritou. – Me soltem! Não vou sujar minhas mãos com ele. Tentou se desvencilhar dos seguranças.

Após abertura da ficha, fomos autorizados a ficar na sala de espera. Dois seguranças permaneciam por perto, pois Marcus não me queria no hospital. Ele conversava com o senhor que chegou com ele e parecia aflito por uma resposta.

Eu também estava aflito, e não sairia daqui enquanto não soubesse como Laura estava.

Depois de algumas horas, um médico apareceu e olhou ao redor da sala de espera.

– Quem assinou a ficha da Laura? Olhou no papel. – Marcus? Ele se levantou rapidamente e foi até o médico. – Você possui que tipo de parentesco com ela?

– Sou marido. Disse rapidamente.

– Preciso falar com vocês dois. Ela acabou de acordar. Me acompanhe. Se virou e entrou por uma porta e Marcus foi atrás.

Esperei alguns instantes e quando ninguém estava olhando, entrei pela porta também, seguindo direto pelo corredor, mesmo sabendo que não poderia estar ali.

Ouvi a voz de Marcus em um dos quartos e olhei pela fresta da porta que estava entreaberta. Laura estava com um curativo na cabeça e com alguns acessos no braço.

– Laura está bem! O médico falou. – Fizemos alguns exames nela e uma tomografia, pois ela bateu a cabeça, mas está tudo certo. Não houve nenhuma sequela. Respirei aliviado.

– E o bebê? Marcus perguntou se aproximando de Laura e me atentei ao que o médico falava.

– Foi por isso que chamei você aqui, para dar a noticia aos dois. A Laura infelizmente perdeu o bebê.

Laura começou a chorar e Marcus a abraçou forte. Passei as mãos pelo cabelo e saí de perto da porta. Meus olhos marejaram e eu corri pelo corredor, indo embora do hospital. Tudo aconteceu por minha culpa e eu nunca me perdoaria por isso.

Entrei no carro e peguei o celular de Laura que estava no chão. Guardei no bolso e liguei para Cadu, pra devolver o carro dele. Por sorte ele ainda estava na arena e eu fui para lá.

– Como ela está? Cadu pegou a chave.

– Bem, mas estava grávida e perdeu o bebê. Respirei fundo e olhei para cima.

– A culpa não foi sua. A Jessica não deveria ter deixado ela subir na moto.

– Ela fez isso por ciúmes. Cruzei os braços. – Nunca deveria ter trazido Laura aqui.

– Vai pra casa. Descansa... Está em condições de pilotar? Me deu meu capacete.

– Sim! Peguei de sua mão e o coloquei, subindo na moto. – Obrigada pelo carro.

Cadu sorriu e acenou, enquanto eu ligava a moto e dava partida. Por que diabos Laura não me contou sobre a gravidez? Será que esse filho era meu e ela não quis contar para que eu não interferisse em sua vida? Mas não faz sentindo nenhum ela não ter me contado depois da separação com o marido.

Fui para casa e tentei dormir, mas era impossível com tanta informação rodeando minha cabeça. Precisava conversar com Laura, prestar meu apoio e devolver o celular que tinha ficado comigo.

Resolvi ir para o hospital e esperar que Marcus se afastasse, para conseguir vê-la. Quando o vi sair do hospital e seguir para algum lugar de carro, aproveitei para entrar como visitante.

Bati na porta e ao ouvir sua voz, a abri. O senhor que estava junto com Marcus, estava lá dentro, sentado no pequeno sofá.

– Estevam! Laura me olhou surpresa e olhou para o senhor, que se levantou.

– Atrapalho? Arqueei a sobrancelha.

– Não! Pai, esse é o Estevam. Estevam, esse é meu pai. Disse nos apresentando.

– Não concordo com essa palhaçada toda. O senhor disse alterado. – Mas obrigada por ter trazido minha filha para o hospital. Apertou minha mão.

– Pai, pode nos dar licença? Laura sorriu ladino e ele se retirou do quarto. Me aproximei da cama e peguei em sua mão.

– Por que você fez aquilo? Passei a outra mão em seu rosto.

– Não sei o que me deu na cabeça. Desculpa pelo susto. Fechou os olhos ao sentir minha mão.

– Desculpa, eu não deveria ter te levado pra lá! Tudo isso é culpa minha. Apertei sua mão.

– Não! Estevam, nada disso é culpa sua. Passou a mão em meu rosto. – A culpa de tudo isso é minha e de Marcus, e de mais ninguém.

– E o bebê que você estava esperando? Questionei e ela mudou sua expressão.

– Como você soube do bebê? Endireitou sua postura. Peguei seu celular e entreguei para ela.

– Marcus me contou e depois eu ouvi que você acabou perdendo com a queda. Suspirei. – Era meu? Levantei o olhar.

– Não Estevam. Quando ficamos pela primeira vez eu já estava grávida.

– Você sabia disso e ainda assim ficou comigo? Soltei sua mão.

– Não, eu não sabia que estava grávida. Soube antes de uma viagem que fiz com Marcus.

– A Jessica te encorajou a fazer o que fez? Arqueei a sobrancelha.

– Sim, mas não brigue com ela. Eu sei que vocês têm alguma coisa e eu também estaria com ciúmes no lugar dela.

– Nós não temos mais nada. Já tivemos, mas hoje não mais. Eu gosto de você Laura. Passei o dedo por sua bochecha devagar.

– Eu também gosto de você Estevam. Ela me puxou pelo braço e se aproximou de mim, me dando um selinho demorado.

– Eu vou embora antes que o Marcus volte. Não quero revidar o soco de ontem. Passei a mão no rosto.

– Ele te bateu? Ela me olhou preocupada.

– Sim, mas não foi nada demais. Beijei sua testa.

– Vem me buscar amanhã? Terei alta pela manhã. Segurou minha mão.

– E Marcus? Olhei surpreso para ela.

– Marcus e eu vamos nos separar. Eu não volto para aquela casa nem que me paguem.

AmanteWhere stories live. Discover now