Capítulo 91

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Após um banho demorado naquele banheiro luxuoso, vesti um pijama de cetim e coloquei um hobby, para não ser tão indiscreta, já que não estava na minha casa.

Eu e Marcus vivíamos uma vida confortável no apartamento que ele comprou, em uma parte privilegiada da cidade. Nossa situação financeira não era ruim, mas depois que ele se tornou sócio da empresa de Gustavo, ela melhorou 100%. Mesmo com o afastamento, Gustavo não cortou nenhum tipo de salário ou bonificação de Marcus, se mostrando um homem bom e honesto.

– Sua noiva não se importa de eu ficar aqui? Saí do banheiro amarrando o hobby.

– Ela não sabe. Gustavo deu um gole no que tomava e colocou o copo no balcão.

– E você não pretende contar? Olha Gustavo, se isso te deixa em uma situação complicada, eu vou embora. Eu não me importo de verdade com isso.

– Eu vou tentar te explicar novamente minha relação. Me olhou sério. – Nós não nos amamos. Disse pausadamente. – Eu não estou nem aí para o que ela faz da vida dela e acredito que o mesmo sirva para ela, em relação a mim.

– Eu não entendo isso. Apertei as sobrancelhas.

– Sabe a empresa? A minha empresa?

– Sim. O que tem ela? Me sentei em um dos banquinhos do mini bar.

– Era do meu pai, que foi do meu avô e assim por diante. Para que eu assumisse, eu precisava me casar. É engraçado dizer isso, porque é uma tradição muito antiga e fútil, mas eles me arranjaram um casamento com ela. Ela odiou também, acredito eu.

– Mas como vocês puderam aceitar isso?

– Não tínhamos escolha e sinceramente? Eu prefiro me casar com ela, uma pessoa conhecida e que tem os mesmos propósitos que os meus, que são de não encher a vida um do outro. Então ou nós dois ficávamos pobres ou nos casávamos e eu nunca fui pobre, não sei se saberia viver dessa forma. Encheu o copo com outra dose de whisky e virou de uma vez só.

– Mas você não pode nem escolher com quem se casar? Segurei seu copo e o afastei dele.

– Você conhece alguém? Se aproximou e me olhou nos olhos. – Porque eu não.

– Você nunca se apaixonou por ninguém? Também olhei em seus olhos.

– Sim, e ela está na minha frente, mas é comprometida. Puxou o copo sem que eu pudesse reagir.

Me levantei do banco que já começara a ficar desconfortável e segurei o copo sem o tirar da mão de Gustavo.

– Não beba mais, por favor. Apertei os olhos, soltando o copo e indo em direção ao sofá.

Ouvi quando ele o apoiou no balcão e suspirou. Ele já havia arrumado o sofá para que dormisse. Estava forrado com um cobertor de pelos e tinham dois travesseiros e algumas almofadas.

Me deitei ali e me aconcheguei, fechando os olhos por alguns instantes. Passei a mão na barriga e sorri, porque embora tudo estivesse ruim, a Gabriela me dava forças para seguir.

Não sei quanto tempo passei ali, mas acredito que alguns longos minutos, pois acabei cochilando. Ouvi uma porta bater e abri os olhos assustada.

– Desculpe, foi sem querer. Gustavo falou baixo ao fundo.

Me sentei no sofá, coçando a cabeça um pouco confusa e olhei para ele. Ele estava secando seu cabelo com a toalha e estava apenas vestido com uma cueca.

– Não tem problema. Me deitei novamente, evitando olha-lo.

– Já vou liberar o quarto para você. Disse mexendo em seu armário.

– Sem problemas, por mim eu durmo aqui.

– Você sabe que não vou permitir isso. Apareceu na sala amarrando o cordão de sua bermuda. Ele ainda estava sem camiseta.

– Agora estou ciente das roupas que você usa em casa. Sorri, me sentando no sofá. Quer dizer, quase não usa né.

– Eu disse pra você que não sou tão formal assim. Se sentou ao meu lado e sorriu.

– Eu vou dormir, pois amanhã cedo irei para casa. Não vou deixar você dormir no sofá por minha culpa.

– Eu não me importo, de verdade. Passou a mão sobre minha perna. – Eu dormiria até no chão se precisasse ceder o espaço a você.

– Mas não é justo, eu tenho minha casa. Sorri. – E você pode me visitar quando quiser.

– Eu posso dormir na cama com você, se tiver tão incomodada. Riu sarcástico.

– Você é um safado, não respeita nem uma mulher grávida. Ri e me levantei.

– Gravidez não é doença e eu disse dormir. Você que interpretou de outra forma. Me olhou e eu fui para o quarto, tirando meu hobby. – Aliás, você está linda, grávida. Sorriu me observando.

– Todos dizem isso, mas eu só consigo me enxergar gorda e inchada. Ri levantando as cobertas da cama.

– Marcus me mandou uma mensagem. Ele se levantou e veio até o quarto levantando a coberta para que eu me deitasse.

– Falando o que? Me deitei e o olhei atenta, curiosa com o que ele tinha para dizer.

– Disse que estava preocupado, pois foi até o apartamento para onde você disse que iria e não te encontrou la. Me cobriu.

– Você disse que eu estava aqui? O olhei espantada e me sentei na cama.

– Não, fique tranquila. Até porque se eu digo isso, ele vem aqui e faz um escarcéu no hotel e não queremos barracos por aqui, certo? Assenti. – Por isso prefiro que você fique aqui, pelo menos até ele se acalmar e entender que você saiu de casa.

– Isso não vai acontecer... Suspirei. – Ele vai ficar em cima de mim até que eu volte. Conheço Marcus a 8 anos, Gustavo.

– Eu vou conversar com ele. Beijou minha testa. – Agora descansa. Qualquer coisa estou na sala, logo ali. Apontou para o sofá e riu.

– Obrigada mesmo, por tudo. Olhei em seus olhos e sorri, passando a mão por seu braço.

– Estou aqui para você, sempre! Saiba disso. Se levantou e apagou a luz, indo para o sofá.

O observei se deitar e apagar o abajur que ainda iluminava o ambiente.

– Boa noite, Gustavo! Me aconcheguei no travesseiro e fechei os olhos.

– Boa noite, Laura!

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