Capítulo 50

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Senti me pegarem no colo e abri os olhos assustada.

– Tentei não te acordar, mas você estava toda espalhada no sofá. Estevam falou baixo me carregando no colo.

– Que horas são? Abracei seu pescoço e deitei a cabeça em seu ombro.

– Tarde. Me deitou na cama. – Eu vou tomar um banho e já venho. Puxou a coberta e me cobriu.

– Não demora. Apertei os olhos e me encolhi por baixo da coberta.

Alguns minutos depois, Estevam voltou para o quarto, secando-se, e procurou uma roupa no guarda roupa. Fiquei observando seu corpo e imaginando que se ele conseguisse algo como modelo, poderia ganhar muito dinheiro.

– No que está pensando? Ele perguntou entrando por baixo da coberta.

– Nada. Olhei para ele e o abracei. Ele apagou as luzes e se aconchegou na cama. – Você ganhou?

– Essa noite não. Mas foi a primeira desde que voltei.

– Espero não ter te desconcentrado. Ri baixo.

– Eu só queria estar aqui com você! Passou a mão por meu cabelo.

– Obrigada por tudo. Dei um selinho nele e passei meu nariz pelo seu delicadamente.

– Boa noite Laura. Sussurrou.

Estava dormindo quando ouvi uma campainha ao fundo. Tocava insistentemente. Apertei os olhos ao sentir Estevam se levantar abruptamente.

Abri os olhos e ele colocava uma calça. Ainda estava um pouco incomodada com a claridade e acompanhei Estevam com o olhar, indo até a porta.

– Você não pode simplesmente fingir que eu não existo! Ouvi uma voz feminina.

– Estefani! Eu já disse para você não aparecer assim aqui! Estevam falou bravo.

– Por que você se importa mais com essas mulheres que leva pra cama do que com nosso pai?

Pai? Bom, Estevam nunca tinha comentado nada de sua família e nem eu da minha. Deduzo que essa seja sua irmã. Me sentei na cama e observei os dois. Ela era um pouco mais baixa que ele, também loira de olhos azuis e se parecia bastante com Estevam.

– O papai não tem jeito Estefani! Só estamos alimentando um vício que um dia irá o matar.

– Meu salário mal dá para pagar as contas. Eu não posso simplesmente continuar pagando as dívidas dele. Eu preciso que você me ajude! Falou mais alto.

– De quanto você precisa? Colocou as mãos na cintura e olhou sério para ela.

– Mil reais.

– QUE?! Estevam falou alto. – Eu não tenho esse dinheiro agora Estefani, impossível.

– Semana passada eram quinhentos, mas você também não quis dar, essa semana ele dobrou a dívida. Disse alterada.

– Me passa sua conta. Disse pegando o celular e a olhando.

– De jeito nenhum! Estevam correu até a cama e pegou meu celular. – Isso não é obrigação sua.

– Estevam, se ela quer dar, deixa! De alguma forma ela tem que pagar pelos seus serviços né. Disse irônica.

– Eu não sou nenhum garoto de programa Estefani, não é serviço nenhum estar com ela aqui. Aproveitei a distração de Estevam e peguei meu celular.

– Qual o número da conta? Perguntei novamente impaciente.

A menina se aproximou e me falou. Estavam fechou a cara e foi para a janela, cruzando os braços enquanto olhava para fora.

Realizei a transferência e mostrei o comprovante para ela.

– Obrigada, senhora? Perguntou.

– Laura. Sorri ladino.

– Obrigada senhora Laura. Se virou para sair, mas retornou me olhando novamente. – Agradeça ao seu marido também! Disse num tom sarcástico apontando para minha aliança e se virou novamente.

Estevam estava vermelho de raiva. Num movimento rápido, a pegou pelo braço e foi arrastando ela até a porta. Ele falou algo para ela que não pude ouvir e depois fechou a porta, vindo para cama.

– Você não deveria ter feito isso. Falou ainda bravo.

– Eu quis te ajudar de alguma forma e a presença dela aqui estava me deixando sem jeito.

– Desculpa ter que fazer você passar por essa situação. Se sentou na cama e passou a mão em meu rosto. – E obrigada! Suspirou. – Quando eu tiver esse dinheiro eu te pago.

– Não precisa. Eu dei pra vocês. Não se preocupe com isso. Sorri ladino. – Quero que você me conte sobre o que aconteceu aqui hoje.

– Pode ser depois? Me deitou na cama. – Quero aproveitar que você está aqui. Sorriu pegando em minhas pernas e se encaixando entre elas.

– Agora Estevam! Disse séria.

– Ok! Saiu de cima de mim e se sentou na cama. – Estefani é a minha irmã mais nova. Minha mãe nos abandonou quando ainda éramos adolescentes e então meu pai caiu no vício. Eu não aguentava mais a vida ao lado dele e então saí de casa. Sempre ajudei Estefani com as despesas e comida, mas agora ela está trabalhando e pode comprar o que precisa, mas meu pai está definhando a cada dia que passa e se metendo em dívidas e mais dívidas. Eu não queria colaborar com isso, mas acabo colocando minha irmã em risco também.

– E por que você não trás ela para morar aqui com você?

– Porque ela não quer abandonar meu pai e eu também não queria, mas foi necessário. E ela não é responsabilidade minha, não mais. Suspirou.

– E você nunca procurou sua mãe? Não sabe por que ela foi embora? Perguntei.

– Eu penso que se ela nos abandonou, não quer mais saber da gente. Não mudamos de casa, continuamos no mesmo lugar, se ela quisesse algo, já teria nos procurado.

– Eu sinto muito por isso. Peguei em sua mão e o abracei.

– Não quero que me veja como um coitado.

– Eu nunca te vi dessa forma. Você precisa parar de se julgar e achar que as pessoas pensam isso de você.

– Eu sempre fui julgado e talvez você seja a primeira pessoa que me aceita do jeito que eu sou. Me olhou nos olhos.

– Ninguém é perfeito Estevam. Beijei seu rosto.

Trabalhei durante o dia nas reservas que tinha de fazer e Estevam fez uma faxina em seu apartamento. Ele era muito responsável e fico pensando em tudo que teve de passar pelo abandono da mãe.

O Gustavo me mandou um e-mail agendando uma reunião amanhã na empresa. Estava pensando em desfazer o contrato com eles para não ter nenhum tipo de contato com o Marcus neste momento.

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