Capítulo 88

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– Eu tenho uma coisa pra te dizer... Ana falou baixinho enquanto passava o dedo sobre meu peito.

– O que? Abaixei os olhos e a encarei.

– Talvez em breve eu me mude para outro país. Ela levantou os olhos que vieram de encontro com o meu.

– Como assim? Me sentei na cama e me virei para ela.

– Lembra daquela agência que eu fiz um trabalho lá em Nova York? Arqueou a sobrancelha e eu assenti. – Então, eles querem me contratar, mas eu terei que morar lá.

– Isso é maravilhoso. Peguei em sua mão e a apertei com um nó na garganta.

– É eu sei... Sorriu ladino. – Mas...

– Não tem mas Ana, não se preocupe comigo. Eu não quero que perca as oportunidades que a vida te da por minha culpa.

– Eu sei, por esse motivo eu peguei a revista que fizemos juntos e mandei para eles também, como meu material de trabalho. Eles gostaram de você.

– De mim? Soltei uma risada nasal. – Nem modelo eu sou direito.

– Claro que você é! E eles querem fazer alguns testes. Se você passar, poderá ir comigo.

– Eu não sei Ana... Eu tenho uma vida aqui, minha irmã está aqui. Eu não posso deixar ela sozinha e mudar pra outro país.

– Isso é só uma desculpa pra não ir Estevam... Sua irmã já é bem grandinha e sabe se virar sozinha, mas entendo se você quiser continuar aqui.

– Ela não deixa de ser minha irmã mais nova. Não temos mais ninguém aqui. Me deitei novamente e ela me olhou.

– Não deixarei de te amar se quiser ficar. Desviou os olhos e eu puxei seu rosto para mim.

– Não deixará de que? Arqueei a sobrancelha.

– Te amar... Sussurrou e se virou para mim. – Você achou que isso não aconteceria?

– Achei, em algum momento sim. Não tão cedo. Pigarreei.

– Eu sei que você ainda não me ama Estevam, mas sei que gosta muito de mim e isso já é o suficiente. Me deu um selinho.

– Quem disse que não te amo? Coloquei uma mexa de seu cabelo atrás da orelha.

– E como as coisas ficarão se eu for embora? Suspirou e deitou sua cabeça em meu ombro.

– Eu não sei. Só sei que depois de hoje eu não consigo ficar um dia longe de você. Passei a mão por sua bunda.

– Você acha que é fácil pra mim? Mordeu o canto dos lábios e me abraçou. – Você ainda a ama? Ela perguntou sem mais nem menos.

– Não entendi sua pergunta. A soltei e voltei a me sentar na cama, colocando meus pés no chão e ficando de costas para ela.

– Você entendeu sim... Sussurrou. – Eu acho que devemos conversar sobre isso.

– Pra quê revirar o passado Ana Laura? Me levantei e fui até a janela, olhando para fora.

– Eu quero saber apenas. Poxa eu também sou ciumenta Estevam. Como achou que fiquei aquele dia em que estava olhando as reações dela a suas publicações? Eu não vou ficar em cima de você, não acho que seja necessário, mas eu quero saber sobre seus sentimentos.

– Meus sentimentos podem te magoar e eu não quero isso. Suspirei.

– Então você já me deu a resposta. Passou as mãos por minhas costas. – Eu não te julgo por ama-la.

– No fundo você vai achar que o que eu sinto por você não é suficiente.

– Talvez. Beijou minha nuca. – Mas isso não é importante agora.

Me virei e a abracei, apoiando meu rosto em seu ombro. Ela me abraçou carinhosamente e me apertou ao seu corpo. O abraço mais gentil, sincero e confortante que já tive um dia.

***

– Ouvi você conversando com a Laura, sobre se apresentar como namorado dela para os pais... Alexandre disse enquanto ajustava seu blazer ao corpo.

– Isso não têm a ver com você. É melhor se arrumar mais rápido se não quiser perder as fotos. Disse sem desviar minha atenção do celular, o esperando para irmos fotografar.

– Ela sabe que você usa drogas? Parou em minha frente e eu estagnei.

– Eu não uso drogas... Murmurei baixo.

– Usa sim, eu vi na ilha. Te segui até a praia e vi quando você fumava um baseado. Acha que eu nunca usei um?

– Se já usou não deveria estar falando de mim. Ergui os olhos.

– A diferença entre mim e você, é que eu usei uma única vez. Você parecia ter bastante intimidade com o cigarro. Me levantei e respirei fundo. – Saiba você que a Laura pode aceitar qualquer tipo de coisa, mas ela não aceita isso.

– E você como um bom fofoqueiro irá contar para ela, estou certo? Arqueei a sobrancelha.

– Se você não o fizer, sim. Não quero que ela viva num relacionamento regrado a mentiras. Fui para cima dele, que se encolheu e lembrei de quando Ana me advertiu sobre bater nos modelos e as clausulas do contrato, então me contive.

– Você não vale o soco que eu lhe daria! Ajeitei minha roupa ao corpo.

– Saiba você que os pais dela também não aceitam esse tipo de coisa. Se retirou do camarim e eu revirei os olhos, o seguindo pelos corredores.

 ***

– Está no bolso dele. Alexandre disse entrando no camarim com Ana, e ela se pôs em minha frente.

– Onde está? Me perguntou furiosa.

– O que? Perguntei sem entender o que estava acontecendo.

Ana começou a me tatear como se estivesse fazendo uma revista e foi com a mão em direção ao meu bolso, quando segurei seu pulso.

– Onde está Estevam? Bufou.

– Os deixarei sozinhos para resolverem os problemas que têm... Alexandre saiu do camarim, fechando a porta atrás de si.

– Onde está o que Ana? A encarei.

– Essas porcarias que você usa. Respirou ofegante.

– É claro que o Alexandre já foi falar com você, não é? A olhei e ela desviou o olhar, tentando me revistar novamente. – Não é Ana? Segurei em seu queixo fazendo-a olhar para mim.

– Isso não Estevam! Tudo menos isso... Falou com lágrimas nos olhos.

– Isso. Retirei o cigarro de maconha do bolso e mostrei para ela. – Não faz mal a ninguém.

– Isso evolui para muitas coisas. Pegou o cigarro da minha mão e o destruiu em minha frente. – Isso, matou meu irmão! 

AmanteWhere stories live. Discover now