Capítulo 58

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Já haviam se passado 2 dias desde a internação de Marcus. Eu fui em seu apartamento apenas para acomodar seus pais, mas não saí do seu lado.

Algumas pessoas da empresa vieram cumprimenta-lo e desejar melhoras junto com o Gustavo, o que o animou um pouco.

– Eu estou com os resultados dos exames e quero conversar com vocês dois. O médico disse ao entrar na sala.

– É claro! Me levantei e fiquei ao lado de Marcus.

– Vocês são casados a quanto tempo? O médico levantou o olhar e Marcus e eu nos olhamos.

– Estamos juntos a 8 anos. Marcus respondeu.

– E vocês têm filhos? Perguntou enquanto escrevia na prancheta.

– Não. Eu perdi um recentemente. Estava de dois meses.

– Eu sinto muito! O medico me olhou. – Então vocês pretendem ter filhos né?

– Sim! Marcus respondeu rapidamente. – Por que dessas perguntas doutor?

– Marcus, você está com leucemia. A resposta foi um baque para Marcus. Ele respirou fundo e fechou os olhos.

Por mais que tivesse a suspeita de ser isso, sempre tem uma pequena chance de não ser e estávamos nos apegando nesta pequena chance.

– A questão é que ela está na fase inicial, então as chances de cura são altas, caso você inicie o tratamento o mais rápido possível.

– Mas...? Perguntei e o médico me olhou aflito.

– A quimioterapia é um tratamento muito forte e pode ser que você fique estéril. O médico olhou para Marcus. – Eu vou preparar a alta de Marcus e vocês poderão ir pra casa conversar, só peço que voltem o mais rápido possível para decidirmos o que será feito.

Essa palavra estava se tornando mais presente no meu dia a dia do que eu gostaria. Suspirei e me virei, olhando para fora. Não queria que Marcus visse meu rosto de decepção.

– Laura, eu não sei o que dizer. Suspirou.

– Isso não é culpa sua Marcus. Olhei para ele.

– Se antes você queria se separar, agora você provavelmente tem certeza, né?

– Não vamos falar sobre a separação por um tempo, ok? Vamos esperar tudo isso passar e depois vemos o que pode ser feito.

– Não quero que fique comigo por pena. Você é nova e precisa encontrar alguém para formar uma família. Me olhou triste.

– Eu ainda te amo Marcus, e esse é o único motivo pelo qual eu ficarei com você nesse período. Cruzei os braços. – Se troca, vamos pra casa.

– Você vai voltar? Se sentou na cama. – Onde têm ficado?

– No nosso antigo apartamento. Eu comprei algumas coisas e ele está mobiliado agora. Sorri ladino.

– Por um momento achei que pudesse estar com o fisioterapeuta. Tirou o avental e pegou sua roupa.

– Eu estive com ele no inicio. Coloquei as mãos na cintura e olhei para Marcus. – Se possível, gostaria de não envolve-lo na nossa relação.

– Eu não disse nada. Posicionou os braços em rendição e terminou de se vestir.

O médico nos entregou a alta e pediu que retornássemos ao hospital para que ele nos explicasse o tipo da doença, os sintomas que Marcus teria e qual o tratamento seria utilizado. Dirigi até o apartamento de Marcus e subi com ele, visto que ele não sabia que seus pais estavam aqui.

– Marcus, meu filho! Sua mãe veio até ele e o abraçou.

– Oi, mãe? Me olhou sem entender e abraçou sua mãe.

– Eu pedi para que eles viessem. Cocei a cabeça e coloquei a chave no balcão.

– O que afinal de contas ele têm? Seu pai perguntou no canto da sala, com as mãos no bolso.

– Leu... Comecei a falar e Marcus me interrompeu.

– Não tenho nada. Inclusive se vocês quiserem ir embora, podem ficar a vontade.

– Marcus está com leucemia. Falei alterada olhando feio para ele.

– E é grave? Seu pai pela primeira vez demonstrou preocupação com a saúde do filho.

– Não sabemos ainda, mas o tratamento tem que iniciar o mais rápido possível. Marcus precisa que vocês fiquem ao lado dele agora. Sei que muita coisa aconteceu entre vocês, mas a gente não sabe o dia de amanhã, então se eu fosse vocês se acertariam agora mesmo. Cruzei os braços.

Marcus fechou a cara e foi para o quarto, fechando a porta em seguida. Sua mãe olhou para seu pai e ele foi até lá, tentar consola-lo.

– Eu vou embora, se precisarem de algo, me avisem. Sorri ladino.

– Embora? Pra onde? Você não mora aqui? Minha sogra me olhou incrédula.

– Marcus e eu vamos nos separar. Não farei isso agora devido a sua condição atual, mas quando tudo isso passar, provavelmente entrarei com o pedido de divórcio. Suspirei.

– Mas o que aconteceu? Se sentou no sofá ainda com a feição incrédula. – Eu sempre sou a última a saber de tudo.

– Marcus me traiu. Sorri irônica. – Com a minha melhor amiga. Me sentei no braço do sofá.

– Mas e a sua amiga? Onde está? Já que eles se gostam, ela deveria estar aqui.

– Ela gostava do que ele poderia oferecer. Eu posso perdoar Marcus por ter feito isso, pois eu esperava que um dia isso pudesse acontecer, eu esperava isso dele, sabe? Mas dela? Minha melhor amiga... ex-melhor amiga. Dela eu nunca esperei menos que lealdade, principalmente dentro da minha casa.

– E se você já perdoou ele, por que vão se separar?

– Porque eu não confio nele e, depois de tudo isso, talvez ele não possa ter filhos. Cruzei os braços.

– Então de certa forma você também está com ele por interesse.

– Não por interesse material. Suspirei.

– Por que vocês não tentam ter um filho agora?

– Agora? Dei uma risada nasal.

– Sim! Agora. É o momento perfeito. Ela se levantou e acariciou meu ombro. – Eu conheço meu filho. Ele ficou com ela por puro desejo carnal, mas te ama mais do que tudo na vida. Disse me olhando nos olhos.

– Eu também o amo. Olhei para ela e acariciei sua mão. – Mas há muita coisa entre nós dois.

– Essa é a oportunidade que vocês têm para tirar todas essas "coisas" que estão entre vocês. Sorriu e saiu da sala, indo para o quarto também.

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