Capítulo 61

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Me levantei, ainda chocada com a carta, para ajeitar a casa e ir para o apartamento de Marcus. Pensando bem, era bom que Estevam tivesse acabado com tudo, pois eu não conseguiria. Era melhor assim!

Toquei a campainha e Marcus abriu a porta. Mostrou um grande sorriso ao ver que era eu do outro lado.

– Você não precisa bater para entrar, a casa também é sua. Me deu passagem.

– Esse apartamento não é meu, foi você quem o comprou. Entrei e me sentei no sofá.

– Para que vivêssemos juntos. Fechou a porta e veio atrás, se sentando ao meu lado.

– Seus pais já foram embora? Perguntei olhando para a sala.

– Não, foram ao parque, dar uma volta.

– Ok! Vou arrumar o quarto de hóspedes para mim. Me levantei e Marcus puxou meu braço, me fazendo sentar novamente.

– Quarto de hóspedes? Seu lugar é ao meu lado, na minha cama. Me olhou nos olhos.

– Marcus, você acha que eu esqueci tudo que aconteceu? Olhei em seus olhos também.

– Não, mas para estar aqui, achei que tivesse deixado de lado. Me soltou.

– Eu perdi meu bebê por raiva de vocês, acha mesmo que vai ser algo que eu simplesmente vou deixar de lado? Nossa relação não tem mais futuro.

– Você mudou muito depois que abriu as pernas para aquele moleque! Se levantou e passou as mãos no rosto.

– Para Gustavo também. Me levantei séria.

– Como assim? Me olhou indignado.

– Se esse é o termo que você prefere usar, eu também "abri as pernas" para o Gustavo. Achei que ele tivesse te contado. Dei de ombros.

– Por que você fez isso? Me olhou com os olhos marejados.

– Porque eu quis Marcus, desejo do momento. Nós não estávamos juntos, então eu me entreguei para ele. Cerrei os dentes e Marcus deu um soco na parede.

– Agora que você já se divertiu por aí, pode voltar para casa então! Disse sem me olhar.

– Esta não é minha casa. Vou ficar aqui por respeito ao tempo que estamos juntos e porque eu quero cuidar de você, te ver bem. Afinal, ainda somos casados. Me aproximei dele. – Eu te amo e não quero que você morra, embora mereça.

– Eu também te amo, e não quero te perder. Marcus me abraçou e eu retribuí com os olhos marejados também.

– Oi! Meus sogros entraram no apartamento e minha sogra veio até mim. – Vejo que se entenderam. Deu um beijo em meu rosto e eu sorri ladino.

– Oi. Apertei o braço dela com leveza. – Vou arrumar o quarto. Olhei para Marcus e saí, limpando meus olhos.

Peguei algumas roupas de cama e arrumei o quarto, tirando também o pó que se acumulou nos móveis. Fui no quarto de Marcus e peguei algumas roupas minhas que ainda tinham ficado aqui.

Tomei um banho e jantei junto à Marcus e seus pais, mas logo fui me deitar, pois estava cansada. A cama vazia e gelada fazia com que eu me sentisse sozinha. Eu queria que tudo voltasse a ser como era antes, antes de todas essas coisas ruins acontecerem em minha vida.

Estava me trocando para ir à agência, na manhã seguinte, quando ouvi duas batidas na porta e ela foi aberta. Peguei minha blusa e cobri meus seios, olhando assustada.

– Não precisa esconder algo que já vi tantas vezes. Marcus sorriu entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.

– A gente bate na porta e espera a outra pessoa autorizar a entrada Marcus. Me virei de costas e coloquei o sutiã.

– Queria te pedir uma coisa. O olhei de soslaio. – Pode vir ao médico comigo? Colocou as mãos para trás.

Vesti uma camiseta e me virei para ele, olhando em seus olhos.

– Claro... Que horas? Perguntei sem graça.

– Eu só vou tomar café e vou.

– Eu ia para a agência agora. Coloquei a calça.

– Eu posso te deixar lá depois da consulta. Abriu a porta. – Te espero na mesa. Saiu e fechou a mesma.

Suspirei e penteei meu cabelo, colocando um tênis em seguida. Fui para a sala e me sentei à mesa com Marcus.

– E seus pais? Preparei meu café.

– Ainda estão deitados, por isso eu te chamei.

– E você se acertou com eles? Arqueei a sobrancelha.

– Sim, graças a você! Passou a mão por cima da minha.

Tomamos café em silêncio e fomos para o hospital. Marcus estava mais nervoso que no dia em que nos casamos.

– Fique calmo, vai dar tudo certo! Apertei sua mão.

– Fácil falar quando não é você que está com câncer! Disse descontente. Soltei sua mão e ele me olhou apreensivo. – Desculpe, não quis ser grosso.

– Tudo bem! Sorri sem graça e me levantei, cruzando os braços abaixo dos seios.

O médico o chamou e entramos juntos no consultório – Marcus fez questão.

– Sua leucemia está em estágio inicial e é aguda, isso significa que faremos o tratamento com a quimioterapia. Se depois dos ciclos propostos você não melhorar, recorreremos ao transplante de medula, mas esperamos não chegar a esse ponto. Você vai tomar esses medicamentos. Entregou um papel para Marcus. – E sua quimio começará daqui uma semana. Tudo bem?

– Mas tão já? Marcus exclamou assustado.

– Sim. Quão mais rápido, melhor! Mas se você não estiver pronto, podemos reprogramar. Adianto que essa não é a melhor opção.

– Ele estará pronto doutor! Peguei nas mãos de Marcus e apertei firmemente.

– Espero você na semana que vem. Se quiser, pode vir também, para acompanha-lo. O médico me olhou.

– Ok! Obrigada. Vamos? Me levantei e puxei Marcus.

Ele se levantou, ainda atordoado com o que o médico disse e me acompanhou. Dirigi o carro por ele estar sem condições e passei na farmácia para comprar os remédios que ele deveria tomar.

Não poderia ir para a agência e deixa-lo nesta situação, então voltei para o apartamento com ele para garantir que ficaria bem.

– Você precisa comer. Olhei séria para Marcus.

– Não estou com fome. Desviou o olhar.

– Você não almoçou, tem que jantar. Você quer que eu te dê na boca? Peguei o garfo e olhei para ele sugestiva.

– Obedeça sua esposa. A mãe dele falou rígida.

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