Capítulo 80

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Os dias foram se passando e Marcus e eu estávamos ansiosos pela última aplicação de quimioterapia.

Depois disso ele passaria por uma série de exames novamente para saber em que estado o câncer está.

Antes de entrarmos para a sala de quimio, o médico chamou por Marcus no consultório.

– Esses aqui são os exames que você precisa fazer... Entregou algumas folhas de encaminhamento para ele. – E essa é a dieta rígida que tem que fazer, junto aos medicamentos que já está tomando.

– Qual a chance de eu estar curado? Marcus levantou os olhos.

– Não vamos falar disso, ok? Apertou o ombro de Marcus. – Você está muito bem, não têm trazido queixas, mas não podemos criar tanta expectativa, ok?

Marcus assentiu e se despediu do médico, dirigindo-se a sala de quimio posteriormente.

Ficamos as horas necessárias na sala até que a aplicação finalizasse. Marcus ficava totalmente inerte nos dias de aplicação. Parecia um morto vivo, literalmente.

– Você consegue me dizer o que tem nessa lista que o médico passou em casa? Perguntei para Marcus enquanto dirigia. Ele olhou na lista e apertou a sobrancelha.

– Acho que precisa comprar ovos, aveia e leite. Me olhou e eu entrei na garagem do prédio.

– É melhor eu conferir. Enquanto você descansa eu vou ao mercado, ok?

– Você não precisa de ajuda? Saiu do carro devagar.

– Não, fique em casa e descanse. Se eu vir que é muita coisa para levar eu fraciono a compra.

Subimos para o apartamento e eu marquei na listagem o que já tinha em casa, saindo novamente em seguida em direção ao mercado.

Estacionei o carro e entrei no mercado com um carrinho. Comecei a colocar as coisas da lista dentro do mesmo e andar pelos corredores. Precisava comprar uma caixa de aveia para a dieta de Marcus, mas a marca que comprávamos estava na prateleira superior.

Me aproximei e olhei para cima, calculando o quão alta precisaria ser para conseguir pegar a caixa. Fiquei na ponta dos pés e estiquei o braço, tentando alcança-la.

– Eu pego para a senhora... Vi uma mão alcançar a minha e puxar a caixa com facilidade.

Me virei e voltei meu olhar para a pessoa que tinha me ajudado.

– Estevam? Perguntei surpresa e ele também me olhou surpreso.

– L-Laura... Gaguejou e me entregou a caixa. – Tudo bem?

– Sim... e você? Arqueei a sobrancelha e coloquei a caixa dentro do carrinho.

– Bem. Automaticamente abaixou os olhos e encarou minha barriga. – Você está grávida? Apertou a sobrancelha.

– Sim... É uma menina. Sorri ladinho e passei a mão na barriga.

– Estevam... eu não encontrei água com gás. Uma voz feminina invadiu o corredor e eu olhei para trás. Era a tal da Laura que esteve ao lado dele todas as vezes que o vi.

– Não tem problema, levamos outro. Ele sorriu e ela me encarou, se aproximando de Estevam.

– Bem... obrigada por pegar a caixa. Sorri envergonhada. – Foi bom te ver.

– Igualmente. Fico feliz pelo bebê! Passou o braço pelos ombros da menina.

Estava com a respiração acelerada e então empurrei o carrinho rapidamente e saí do corredor o mais rápido possível. Fui para o corredor ao lado e apertei o carrinho, tentando recuperar meu fôlego.

Era minha chance de voltar correndo no corredor de trás e dizer que eu sentia sua falta, dizer que eu gostaria de ficar ao lado dele e dar todos os beijos, carinho e atenção que eu não dei. Mas ele parecia bem, feliz e seu olhar para aquela garota era tão... tão verdadeiro. Eu não podia estragar sua vida como já fiz uma vez e eu seria mãe, teria um bebê com a pessoa que, diante de Deus, jurei amor e lealdade.

Respirei fundo e voltei a caminhar pelo corredor. Eu já havia feito minha escolha no dia em que pedi para ele ir embora e não me procurar mais. Eu deveria me esquecer dele e de tudo que me lembrasse dele. Fico tranquila em saber apenas que ele se apaixonou novamente. Na verdade foi mais simples do que eu imaginava, que seria.

Estevam

– Aconteceu alguma coisa? Ana abraçou meu braço e me olhou. – Você está estranho desde que saímos do mercado.

– Não é nada, fique tranquila. Sorri para ela.

Estamos em uma viagem pela agencia a uma ilha do litoral. Faríamos uma campanha para um resort e alguns modelos foram convocados para as fotos, dentre eles Ana e eu. Esse resort ficava em uma ilha afastada da costa, então estávamos dentro da lancha que nos levaria até lá.

– Vocês podem conhecer o lugar e descansarem. As fotos acontecerão amanhã pela manhã e passaremos mais uma noite aqui, indo embora no dia seguinte.

– As acomodações serão privadas? Uma para cada assim como em Nova York? Um dos modelos perguntou.

– Não. Vocês estão em 8, então será um quarto compartilhado para os meninos e outro para as meninas. Ela respondeu. – Mas se vocês quiserem e puderem, podem pagar a diferença, que não será reembolsada pela agencia, e pegar um quarto individual.

– Eu vou querer um quarto individual. Uma outra modelo falou.

– Ok! Quando chegarmos na ilha vocês apresentam suas preferências. Gente, só peço que tenham extremo cuidado ao que diz respeito relacionamento, principalmente dentro dos quartos. Olhou para mim e Ana. – Lembrem-se que estamos aqui a trabalho.

Chegando no hotel, levamos as coisas para os quartos designados e um dos meninos optou por um quarto separado, ficando eu e mais dois apenas.

– Podíamos dar um volta por aqui né, ir até a praia talvez e, tomar uns drinks... ver as meninas de biquini. Alexandre esfregou suas mãos em sinal de safadeza.

– Vamos chamar as meninas também. Derik sugeriu e eu assenti.

Mandamos uma mensagem no grupo de modelos e elas concordaram com a proposta.

Após um tempo as esperando no hall, as quatro apareceram com saídas de praia. Ana estava bem discreta e eu mal conseguia ver seu biquíni por baixo do tecido.

Saímos do hotel e começamos a caminhar. Era tudo muito bonito, com muita natureza e estava bem cheio.

AmanteWhere stories live. Discover now