Capítulo 69

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Laura

– Marcus, vamos nos atrasar! Falei da porta do banheiro enquanto me vestia.

– Eu não estou nem um pouco afim de ir! Falou alto de dentro do box.

Entrei no banheiro e abri a porta de vidro, olhando séria para ele.

– Saia daí agora! Hoje é o primeiro dia da sua quimio, isso é sério Marcus! Quanto mais cedo começar, mais cedo acabará.

– Ah para! Entra aqui e vamos transar mais um pouco. Tentou me puxar e eu desviei.

– Não! Seus pais estão nos esperando para tomar café. Vamos logo Marcus! Exclamei e fechei a porta de vidro, indo para o quarto.

Puxei a coberta da cama e a dobrei, guardando-a no armário. Estiquei o lençol e vi uma mancha de sêmen. Puxei o mesmo e o coloquei no cesto de roupa suja no banheiro.

Voltei e estiquei a colcha, terminando de arrumar a cama. Marcus saiu do banheiro e procurou uma camiseta dentro da gaveta. Ele tirou a caixa em que guardava seus brinquedos sexuais e eu me aproximei, pegando-a.

– Onde vai com isso? Ele questionou, me olhando.

– Jogar no lixo! Fui até a porta e ele correu até mim, me puxando pelo braço.

– Por que? Enlouqueceu? Tentou pegar a caixa e eu a esquivei.

– Não! Eu nunca gostei disso e você sabe bem! Se você se redimiu e quer que nosso relacionamento dê certo novamente, essa caixa vai para o lixo. Falei séria.

– Faça o que quiser! Deu de ombros e voltou para procurar uma camiseta. Abri a porta e saí do quarto, indo até a lavanderia.

– Bom dia! Cumprimentei os pais de Marcus que preparavam o café na cozinha.

– Bom dia! Responderam em conjunto.

Peguei um saco preto e coloquei a caixa, amarrando-a de maneira firme. Coloquei o saco dentro do cesto de lixo e voltei para a cozinha.

Preparei meu café e logo Marcus apareceu, cumprimentou seus pais e se sentou comigo para comer.

– Estamos pensando em ir embora. Acho que já ficamos tempo suficiente aqui.

– Fiquem mais um pouco. Sorri. – Pelo menos até Marcus passar pelas primeiras semanas desse processo.

– Não sei... estamos incomodando muito. Vocês têm a vida de vocês. A mãe de Marcus sorriu.

Marcus apenas nos olhou e continuou comendo. Ele disse para mim que seus pais atrapalhavam nossa intimidade, mas eu acredito que eles estavam fazendo bem para Marcus, o acompanhando nesse processo.

Fomos para o hospital de carro, e quando chegamos, Marcus já foi encaminhado para a sala onde o procedimento seria realizado. A princípio eu não o acompanharia, mas depois fui chamada por ele, para ficar na sala ao seu lado.

Me sentei ao seu lado enquanto a medicação era aplicada em sua veia por meio de acesso. Ele olhava atentamente por todo o ambiente e parecia ansioso. Eram cerca de 2 horas e meia de aplicação do medicamento, sendo assim, me ocupei atendendo os últimos clientes da agência.

Só restava a montagem de dois roteiros para encerrar os trabalhos desta temporada. Manteria a agência fechada por um tempo para ficar com Marcus.

Olhei para Marcus e ele estava pálido. Me olhava atentamente enquanto eu trabalhava. Ele pegou um balde ao lado da cadeira e começou a vomitar.

– Você está bem? Perguntei apreensiva e ele assentiu.

– Só enjoado. Colocou o balde ao seu lado novamente e respirou fundo.

– Vai ficar tudo bem! Passei as mãos em suas coxas.

Quando a medicação acabou, Marcus ficou por um tempo em observação, mas logo o liberaram.

Ajudei ele a caminhar até o carro, já que se encontrava um pouco fraco, o prendi ao cinto de segurança. Entrei do outro lado e segui viagem para casa.

Quando chegamos, Marcus foi para o quarto e lá ficou até o período da tarde. Sua mãe preparou uma comida leve, mas ele colocou tudo para fora instantes depois de terminar.

O médico disse que seria um processo difícil, principalmente no início, até seu corpo se acostumar com a medicação, que era forte.

– Como você se sente? Me sentei na beirada da cama, observando Marcus, preocupada.

– Com frio... Puxou a coberta para a altura do pescoço e me olhou. Passei a mão em sua testa e ele estava com febre.

– Você está com febre... Vou preparar um banho frio para você, para vermos se abaixa. Me levantei e ele me puxou, me fazendo sentar novamente na cama.

– Fique comigo, não quero tomar banho. Sorriu forçado e eu me aconcheguei na cama, acariciando seu cabelo.

– Você vai ver que isso vai passar mais rápido que um piscar de olhos. Olhei em seus olhos.

– Assim espero. Se for para morrer, que seja sendo feliz, e não doente numa cama.

– Você não vai morrer Marcus, pare de dizer isso!!! Falei brava.

Ele se levantou correndo e foi para o banheiro vomitar. Suspirei profundamente e fui atrás. Enchi a banheira com água morna e o chamei para tomar um banho e relaxar. Talvez isso o ajudasse um pouco.

Entrei na banheira me sentando na borda e ele se sentou de costas para mim, entre minhas pernas, apoiando sua cabeça em meu ombro. Acariciei seu cabelo e peguei um pouco de água, molhando seu rosto. A febre havia baixado e agora ele parecia cansado.

– Eu vou para o inferno, sabia? Sussurrou.

– Está delirando, Marcus? Olhei espantada para ele.

– Não... Me olhou e engoliu em seco. – Como fui capaz de te trair mulher? Apertou minhas coxas.

– Marcus, está na hora de esquecermos disso. Nosso casamento nunca vai funcionar se você me lembrar todo santo dia que fodeu com minha melhor amiga. Passei a mão no rosto impaciente.

– Desculpe... Sussurrou e se levantou da banheira.

Ele foi para o box e eu fiquei o observando enquanto se banhava. Apoiei a cabeça no encosto e fechei os olhos.

Será que fiz bem em ter voltado para Marcus? Como será que Estevam estava se saindo em outro País? Eu tinha uma imensa curiosidade em saber, mas deveria deixa-lo em paz. Ele deve seguir a vida dele e eu a minha, sem interrupções.

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O que estão achando dos últimos acontecimentos? Será que a nova Laura fará com que Estevam esqueça da antiga?

AmanteWhere stories live. Discover now