Capítulo 75

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Estevam

– Não tem necessidade de você ir embora agora Estefani. Não me importo se você ficar aqui.

– Já se passou um mês que o papai morreu Estevam, eu preciso ir pra casa. Colocar minha vida em ordem.

– Por que não vendemos a casa e compramos um apartamento que consigamos ficar juntos?

– Eu vou pensar, ok? Mas vou embora, não quero mais atrapalhar sua vida.

– Você sabe que não atrapalha. A abracei.

– E aquela menina que foi no enterro do papai? Deve gostar bastante de você para ter ido a um cemitério. Ela tem cara de ser rica.

– Conheci ela nessa viagem que fiz para fora do País. É muito gente boa, mas acho que não rola nada não. Cocei a cabeça.

– Por que? Arqueou a sobrancelha.

– Mundos muito diferentes irmãzinha! Baguncei seu cabelo.

– Ela não é modelo também? Vocês se combinam.

– Sim, mas como você disse, ela tem cara de rica e viaja muito. Eu sempre fico aqui e tudo mais. Ela foi viajar inclusive uma semana depois da morte do papai e nem sei se já voltou.

– Você pode mandar uma mensagem e perguntar. Sorriu. – Eu vou trabalhar se não vou me atrasar. Eu te amo! Mais tarde passo aqui para pegar minhas coisas.

– Eu também te amo! Dei um beijo na testa dela e a acompanhei até a porta.

Meu celular tocou no exato instante em que fechei a porta. Era a Laura que me ligava e fiquei surpreso, pois neste período em que ficou fora quase não nos falamos.

– Oi sumida.

– Não fale assim, sabe que eu estava viajando, andei trabalhando muito.

– Acha que eu não? Ser modelo não é fácil e você sabe bem disso.

– Você está bem? E sua irmã?

– Estamos bem. E você? Já voltou?

– Acabei de desembarcar. Fiquei sabendo que nosso catálogo chegou hoje à agência e meus pais resolveram dar um jantar. Queria que estivesse lá, já que foi peça chave para esse ensaio.

– Eu não sei se devo ir...

– Todos os modelos que viajaram conosco estarão lá, então não aceito não como resposta.

– Tá bom. Me passa o endereço e horário que apareço por lá.

– Eba! Estou ansiosa para te ver Estevam. Vá com uma roupa formal. Beijos.

Antes que eu pudesse me despedir, ela desligou. Ir formal? Eu nem tenho roupa para isso... Abri meu guarda-roupa e procurei um alguma roupa que pudesse usar, mas a única coisa que encontrei foi o traje que usei na formatura. Era uma calça social cinza um tanto quanto colada, uma camisa branca (que não estava branca pelo tempo em que esteve guardada) e um colete slim da mesma cor da calça.

Coloquei tudo para lavar e secar na máquina, para que desse tempo de utilizar a noite. Iria de tênis, pois não tinha nenhum sapato social, e eu não compraria para usar uma única vez.

A tarde, quando tudo já estava limpo, passei a roupa para tirar os amassados e experimentei. Ainda servia como no primeiro dia em que usei. Coloquei um tênis branco e arrumei meu cabelo, passando um perfume para finalizar.

O endereço que a Laura me passou era um pouco afastado da cidade, então resolvi sair cedo para não me atrasar. Escrevi um bilhete para Estefani e peguei o capacete, saindo de casa em seguida.

Eu já havia saído da cidade e nada de chegar no endereço. Avistei um condomínio de mansões e o GPS pediu que eu realizasse um retorno. Será que era ali que Laura morava?

Cheguei na portaria e um segurança veio me receber. Dei meu documento e mostrei o convite que Laura havia me mandado, e liberaram minha entrada.

Procurei o número da casa que estava no convite e cheguei em uma mansão super iluminada e muito bonita. Era difícil de acreditar que a Laura morasse ali. Estacionei num canto da garagem que estava aberta e deixei meu capacete sobre a moto.

Subi algumas escadas rasas até chegar em uma grande porta de madeira. Havia uma mulher parada, que sorriu ao meu ver.

– Seu nome por favor? Olhou na lista em suas mãos.

– Estevam... Disse enquanto olhava para dentro da casa.

– Pode entrar! Fique a vontade. Sorriu me dando passagem.

Entrei na casa olhando tudo ao meu redor e Laura que estava em um canto conversando com outros modelos, correu até mim.

Ela estava linda, num vestido curto prateado todo brilhoso, com alças finas e um salto fino, tão delicado quanto o vestido.

– Que bom que você veio! Me pegou de surpresa ao me abraçar.

– Eu disse que viria. Retribuí. – Você está linda! Sussurrei.

– Você também não fica para trás. Se afastou e me olhou de cima a baixo.

– Filha... Uma mulher pigarreou atrás de Laura. – Este é? Arqueou a sobrancelha olhando para mim.

– Este é o Estevam, mãe! Ele que fez as fotos do catálogo comigo. Estendi a mão e ela a apertou receosa.

– Prazer garoto. Deu um sorriso forçado. – Ana Laura, preciso que você me ajude com as lembranças. Ana Laura? O nome dela era esse? Sorri para ela e ela se envergonhou.

– Mãe, sabe que odeio que me chame assim.

– Mas é seu nome meu bem! Venha. A puxou pelos ombros e eu fiquei sozinho.

Os convidados foram chegando e a produtora também chegou com algumas revistas. No momento do jantar, as revistas foram distribuídas a todos os convidados, e pudemos folhear e ver as fotos. Laura estava sentada ao meu lado e sorriu, ao nos ver juntos. As fotos tinham ficado incríveis.

A mãe dela me olhou com desdém ao folhear a revista e depois cochichou algo no ouvido da produtora, que pareceu ter ficado nervosa. O pai da Laura não estava presente, então não pude conhece-lo.

– Onde é o banheiro? Perguntei baixo em seu ouvido.

– Ao final deste corredor. Apontou discretamente.

Me levantei da mesa e caminhei tranquilamente até o banheiro, fiz minhas necessidades e ao sair, observei uma porta que levava aos fundos da casa. Me dirigi até lá e encontrei uma grande piscina.

Coloquei as mãos no bolso e fiquei observando aquele lugar tão bonito e chique. Tantas pessoas sem o mínimo para viver, enquanto outras ostentam todo esse luxo.

AmanteWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu