Capítulo 114

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– O que faz aqui? Apertei os olhos, incomodada com sol batendo no topo de minha cabeça.

– O parque é público, até onde eu sei... Me olhou ladino, voltando sua atenção para o rio.

– Sim, mas você mora muito longe daqui para vir correr justamente neste parque. Murmurei.

– Eu estou morando próximo daqui. Se virou para mim e colocou as mãos na cintura.

– Sério? Eu não sabia... Perdão! Sorri sem graça.

– Quer um sorvete? Ele tirou a carteira do bolso da bermuda que vestia e se aproximou do carrinho do sorvete que passara naquele momento.

– Uhun... Assenti. – De limão.

– Aqui está. Pegou o sorvete do homem e me entregou. Ele pegou um de uva para ele e pagou ambos, se sentando ao meu lado.

– Obrigada! Abri o pacote do picolé e passei a língua.

– Então quer dizer que você vai casar, não é? Novamente... Passou a língua em seu picolé também, após abrir o pacote.

– Sim... Chupei o sorvete. – A decisão do meu divórcio saiu hoje, estou oficialmente solteira. Por pouco tempo, mas estou... Sorri olhando para o lago.

– Entendi... Suspirou e mordeu seu sorvete.

– A Ana foi embora para NY e você ficou aqui... O que se tornou a relação de vocês? Olhei ladino tentando puxar assunto e ele me olhou.

– Estamos namorando a distância. Coçou o cabelo. – É complicado.

– Eu imagino! Olhei em seus olhos.

– Você o ama? Ele perguntou.

– Acho que sim... Engoli em seco e voltei a chupar o sorvete.

– Acha? Arqueou a sobrancelha. – Você vai se casar com um homem que "acha" que ama? Riu em desdém.

– E você? Ama a Ana Laura? Porque você não se importou se ela estava ou não na casa aquele dia para me beijar como beijou. Retruquei.

– Ana Laura sempre soube dos meus sentimentos por você... Desviou o olhar.

– E ela sabe que me beijou aquele dia? Arqueei a sobrancelha.

– Não... Você acha mesmo que eu contaria algo deste tipo para ela? Me encarou.

– Então não julgue meu relacionamento Estevam. Murmurei.

– O Gustavo sabe sobre a gente? Sabe que nos beijamos aquele dia? Porque você quis o beijo tanto quanto eu.

– Isso não vem ao caso... Me levantei.

– Claro que vem. Se você me beijou é porque ainda sente alguma coisa! Estevam se levantou também.

– Estevam, não viaja. Foi algo de momento. Respirei fundo.

– Não, não foi. E você sabe disso, apenas não quer admitir. Me encarou.

– Você quer que eu diga o que? Que eu sinto algo por você, mas que não sei o que é? Joguei o plástico do sorvete no lixo junto ao palito.

– Então você sente algo... Ele me puxou pelo braço e me virou de frente para ele. – Eu posso te fazer feliz Laura, você não precisa se casar com ele para isso.

– Estevam, eu já sou uma mulher madura, divorciada e com uma filha. Eu não acho que você consiga assimilar toda minha vida.

– Por quê você não me da uma oportunidade e descobre? Eu sou tão ruim assim? Franziu o cenho.

– E na primeira briga você vai fazer o que? Vai pra aquela arena encher o rabo de droga? Que exemplo eu estou dando para minha filha com essa atitude? Suspirei.

– Por você eu deixo todas essas porcarias. Apertou meu punho.

– Não e não! Me soltei dele. – Eu preciso ir! Me virei.

– Não... Me puxou novamente. – Fica! Vamos mudar de assunto. Suspirou.

– Nós não temos nada para conversar Estevam...

– Minha mãe voltou. Achei que você iria querer saber...

– Como assim voltou? Cruzei os braços abaixo dos seios.

– Eu a encontrei num lugar onde eu estava participando de um evento. Depois de muito conversar, ela voltou para casa. A Estefani está muito feliz!

– E você não? Arqueei a sobrancelha.

– Eu também. Riu baixo. – Mas a Estefani muito mais. Agora estou morando com elas. Nossa antiga casa é aqui perto, então era muito mais prático pra mim.

– Fico feliz que esta parte da sua vida tenha se ajeitado! Sorri ladino. – Falando em evento, então a carreira de modelo embarcou né? A um tempo atrás te vi na revista.

– Sim, é muito legal toda a rotina de modelo. Olhou no relógio do celular. – Tenho um ensaio hoje a tarde inclusive. Já conheci muitos lugares legais e tudo mais.

– Correu tudo muito melhor do que você esperava. Lembra que você me dizia que era bobagem? Ri.

– Sim... Mas eu não quero fazer isso pra sempre, só estou juntando um dinheiro para conseguir abrir meu consultório.

– Ah, então ainda quer atuar como fisioterapeuta? Perguntei curiosa.

– Sim, fisioterapia é minha vida. Lutei muito para me formar e não quero jogar tudo pelo ralo. Adoro tratar os pacientes. Sorriu.

– Eu nunca te agradeci pelo que fez por mim! Obrigada...

– Não agradeça, não fiz mais que minha obrigação, afinal você estava pagando. Riu.

– Bom... agora preciso ir de verdade. Olhei aflita para ele.

– Antes de ir, já que você mora aqui a muito tempo, não sabe de algum lugar que esteja alugando? Estou procurando um lugar para colocar os equipamentos que vou comprar e abrir meu consultório em breve.

– E onde você pensa em alugar? Comecei a andar e ele veio ao meu lado.

– Não sei... por aqui mesmo. Mas tem que caber no meu orçamento né, então nada muito luxuoso.

– Bom... eu estou alugando meu espaço. Se você tiver interesse. É aqui no centro. Olhei para ele.

– Mas você não vai mais trabalhar com turismo? Perguntou preocupado.

– Por enquanto quero me dedicar à Gabriela e o que eu faço lá consigo fazer de forma remota, só pelo notebook.

– Mas e os clientes? Franziu o cenho tentando entender.

– Atender os clientes também, só não terei contato físico com eles.

– Eu tenho interesse então. Eu posso conhecer? Olhou no celular. – Ainda tenho tempo, se você tiver também...

– Eu não tenho muito, mas acho que não vai demorar, não é? Peguei o chaveiro dentro da pochete. – A chave não esta aqui. Fiz uma careta e tirei a bolsa da cintura, procurando a chave da agência dentro dela. – Acho que está em casa. Vamos lá pegar e eu já te levo.

Enquanto entrávamos no prédio, sentia os olhos de Estevam sobre mim. Subimos as escadas e eu comecei a me arrepender de te-lo convidado para entrar.

AmanteWhere stories live. Discover now