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A N N A

Sentei no sofá sentindo um arrepio com o vento que vinha lá de fora pela porta aberta. Coloco meus pés para cima e abraço minhas pernas.

Está aqui outra vez me trás lembranças incríveis e ruins também. Por um lado eu tô feliz e me sentindo bem por está aqui com pessoas que eu gosto, que me fazem bem.

Mas voltar pra onde você viu sua mãe  morrendo em seus braços é uma coisa que nunca vou conseguir explicar. E um sentimento ruim, péssimo, que só Deus sabe o quanto dói em mim.

Só de está pensando isso meu peito aperta ficando bem pequeno, me sinto angustiada por essa situação, me sinto culpada por não conseguir proteger meu filho de um cara que deveria proteger ele.

Não vou negar estou muito feliz de está vendo minha família outra vez. Todas as noites quando eu deitava pra dormir lá na penha, minha cabeça fazia eu lembrar de tudo e a saudade também apertava tanto que eu chorava até dormir.

Perto deles foi onde minha vida começou realmente..... Eu precisava voltar.

Agora veio uma lembrança forte minha e do William me fazendo derramar a única lágrima que estava transbordando do meu olho.

Enxuguei ela e sorri de lado. Deixar pra trás tudo que a gente viveu martelou na minha cabeça cada dia, cada segundo da minha vida.

Eu sabia que ele ia me ajudar em tudo, na dor que eu estava sentindo, mas minha situação só foi fazendo nosso relacionamento cair. Eu me afastei sem perceber, ele também, me perdi em meio meus pensamentos e quando fui vê, eu já não aguentava mais e precisava respirar outro ar.

Saber que naquela época eu precisava de paz sem ser aqui, longe das pessoas que me amavam e me protegia, foi horrível.

Theo: mamãe - ouvi ele me chamando. Olhei para trás vendo o mesmo descendo as escadas com dificuldade enquanto segurava no corrimão. Passei a não no rosto e levantei indo até ele - cadê o papai?

Anna: oi filho - peguei ele no colo, desci as escadas e fui até o sofá outra vez - o papai está ocupado, lembra?

Theo: lembro, mas ele vai demorar muito? - sentei colocando suas pernas uma de cala lado do meu corpo fazendo ele ficar de frente pra mim - eu quero jogar bola com ele

Anna: quer conhecer uma pessoa? - ele me olhou apertando os olhos - ele joga bola também

Theo: não! Eu quero meu pai - cruzou os braços fazendo bico.

Anna: Theo, me escuta - levantei seu rosto com a ponta do dedo - seu pai fez algumas coisas erradas com a mamãe, e por enquanto a gente vai ficar por aqui

Theo: a gente não volta mais pra casa?

Anna: a mamãe não volta filho, mas você ainda é filho dele e quando tudo estiver melhor você vai poder visitar ele sim

Theo: vai demorar muito pra ficar tudo melhor, mamãe? - olhei seu rosto sem responder, passei a ponta dos dedos nas bochechas dele fazendo carinho - a senhora não gosta mais do meu pai?

Anna: gosto, mas não como antes - mordi o interior da minha bochecha.

Theo não falou mais nada, deitou a cabeça no colo do meu peito e levou as mãos fazendo carinho no meu cabelo perto das minhas orelhas.

Ret: aei Anna, fala muleque - ele abriu a porta e passou rápido subindo as escadas. Nem deu tempo de responder ele já estava descendo as escadas outra vez com algumas coisas na mão - tô saindo, qualquer coisa me liga

Anna: ei! - chamei ele indo um pouco pra frente enquanto segurava nas costas do meu filho pra ele não ir pra frente junto - está tudo bem? - ele para e me olha.

Ret: tudo tranquilo, e você? - afirmo sorrindo simple - Anna, eu tô meio ocupado esses dias entende, então não tem como ficar trocando muito papo contigo. Sei que você acabou de chegar, tem papo pra gente trocar, mas agora não dá - abri um pouco mais os olhos e voltei a me encostar no sofá - só deixa eu resolver umas coisas e conversar contigo, sei que tu está com saudades de mim - sorriu convencido.

Anna: tudo bem então. Você não é nem um pouco convencido, né William - rimos - vai lá, depois a gente conversa melhor

Ele veio até mim e levanto o dedinho me fazendo automaticamente levantar  também e tocar no dele. Sorri e ele também saindo logo em seguida.

Não temos uma conversa certa pra ter sabe, e mais as coisas que vamos ir falando ao longo dos dias, eu só quero falar mais de cinco palavras com ele, coisa que não acontece com frequência.

William sempre chega e sai rápido, não fala muito e se duvidar nem dorme em casa.

Anna: filho vamos na rua? - ele levantou a cabeça me olhando - da uma volta pra você conhecer o campinho também

Ele sorri todo feliz me fazendo dar o mesmo sorriso. Levantamos e fomos nos arrumar. 

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Amante Do Perigo  - Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora