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A N N A

Sai da mercearia e comecei a descer a rua em direção a viela para cortar caminho.

Assim que sai o beco vi o William sentado no meio-fio olhando para o lado. O cigarro de maconha entre os dedos dele fazia a fumaça subir enfrente seu rosto.

Anna: pensando em quê? - ele olhou pra baixo e assim que eu falei olhou pra frente. Seu sorriso de lado entregava que tinha acontecido alguma coisa - hein, o que aconteceu?

Olhei para os dois lados e atravessei a rua, sentei do seu lado deixando a sacola do meu lado. Apoiei os braços no joelho e olhei para ele.

Ret: Só estou bolado com umas parada que está acontecendo - falou sem da muita importância olhando para frente e levou o cigarro até a boca. Olhei seus lábios encostando na ceda queimando e mordi o interior da minha bochecha prestando atenção nos movimentos de sua boca - e você, como está nessa situação toda?

Anna: eu fico mais tranquila de está aqui.... - desviei o olhar para minhas unhas - sei lá, sabe. Tenho medo de colocar vocês em perigo também

Ret: você tem que parar de ter medo - falo balançando a mão afastando a fumaça - olha quanta coisa você já passou e continua dê pé. Não é o medo que te parou. Então eu acho melhor você começar a entender que o medo te faz fraca....e isso eu tenho certeza que você não é

Anna: eu só passei por isso tudo porque tenho fé de que um dia todas essas merdas vão servir pra alguma coisa. Não importa o quanto demore, desistir já não é mais uma opção, entende? Por um tempo foi, mas comecei a pensar diferente quando minha mãe faleceu - senti o olhar dele sobre mim - ela me dizia que a vida não é injusta, nós que complicamos, e que eu deveria me manter firme até o meu último suspiro por que um dia tudo vai valer a pena

Ret: e você é prova viva disso. Olha, vou te falar, nunca vi ninguém gostar tanto de sofrer como você - soltei uma risada nazal - pô, não tô querendo te julgar não tá ligada, é que você sempre passa por tanta coisa e sempre vai atrás de mais parada pra sofrer. Isso é um don?

Anna: se for eu nasci errada. Nem sei como consigo atrair tanta coisa ruim pra minha vida - suspirei.

Ret: eu sou coisa ruim então - prendeu o cigarro entre os dedos - olha lá hein, aninha

Anna: não besta. Só tô falando que as coisas ruins sempre estão me rodiando e eu sempre consigo de algum jeito me envolver nelas....aliás se você fosse coisa ruim, eu não teria voltado

Ret: sabe o por que? E porque você sempre espera muito de todo mundo. O dia que você esperar muito de você mesmo, vai entender o que o mundo quer te mostrar de verdade - olhei pra ele - e todo mal resolvido volta....

Anna: como você aprendeu a lidar com o mundo?

Ret: colocando ele debaixo dos meus pés, apanhando e batendo

Anna: eu só apanho mesmo

Ret: então reagi e bate, porra. Qual foi Anna, vai ficar tomando porrada até quando? Coloca novos planos em ação e esquece essa parada de abaixar a cabeça pra todo mundo, peita quem for preciso, mas não aceita essas porra não. Aquele pau no cú nunca vai te deixar em paz enquanto você estiver fugindo, não peito a bronca? Agora aguenta! Se você não intimidade ele, ele vai te intimidade, e isso vai ser pior que a morte. Ele vai fazer o inferno na sua vida, então acho melhor deixar o personagem de Santa, boazinha, melhor pessoa do mundo de lado....vai por mim - falo tudo rápido.

Amante Do Perigo  - Filipe RetWhere stories live. Discover now