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H E I T O R

Passei a mão fechando o olho de mais um e levantei.

Já são sete da manhã, tiros finalmente encerraram e enquanto eu caminho pela rua vejo muito sangue nas esquina.

Eles mataram dos meus, mas tinha morador inocente nessa porra também. Ainda levaram os fuzil me deixando no prejuízo fudido.

Bg: Heitor! - senti a mão dele no meu ombro me virando rápido e me abraçou forte - caralho, pensei que tu tinha morrido viado

Rei: ainda não vagabundo, tem muito de mim pra tu aguenta - bati nas costas dele me soltando.

Bg: onde você se enfiou? - coloquei o fuzil pra trás - tentei ir atrás de tu depois que a gente desceu, mas aí...


Rei: Breno, relaxa - coloquei a mão no seu rosto acalmando ele que falava rápido - já passou, eu tô bem, na verdade só com alguns arranhão

Bg: você me assustou filho da puta - Ri.

Olhei minha perna sangrando com uma ferida da bala que pegou de raspão e respirei fundo.

Rei: bora pra casa - passei o braço no pescoço dele me apoiando - limpa essas ruas toda antes de meio dia - falei com alguns vapor que passava.

Passamos por algumas pessoas limpando a calçada suja, outras com os corpos nos braços chorando, mães gritando, e caralho, que situação de merda.

Os cara matou dos meus, não nego, mas tinha gente que nem envolvido era. Morador, da paz, que trabalhava fora daqui pra quando chegar em casa ser recebido assim.

Mas a morte deles não vai ser em vão não, já tô querendo buscar tudo que é meu e eles entraram no meu morro pra pegar.


Bruna: rei! Meu Deus - abri a porta e entrei com a ajuda do Breno, sentei no sofá e tirei o fuzil encostando ele do lado do sofá. Relaxei meu corpo e ela sentou do meu lado - fiquei preocupa - pegou na minha mão - você está bem?

Rei: o que você acha....

{...}


Já se passou quatro dias desde que tomaram o que é meu da pior forma e tiraram vidas que não mereciam.

As pessoas já estão segundo a vida como dá. Não vou falar que está tudo bem porque não está, o clima que fica depois dessas parada é horrível.

Quando eu passo na rua ainda recebo olhares de culpa, ainda mais das mães que tiveram seus filhos mortos. Não é minha culpa, eles sabiam os riscos e foram mesmo assim.

Bg: como está essa perna aí? - ele chegou colocando uma pedra do meu lado se sentando. Prendi a fumaça e soltei respirando fundo.

Rei: pronto pra outra - rimos.

Bg: então se prepara por que o tio mandou recado - olhei em seus olhos passando o baseado pra ele - a missão do carro forte

Rei: é essa semana - completei - já está tudo certo pra isso aí

Bg: já falou com o Ret? - soltou a fumaça pro lado, virou a cabeça pra frente outro vez.

Rei: a gente vem se falando esses dias, já está tudo certo. Agora é só esperar

Olhei pra frente também. Aqui da laje que a gente está da pra vê a entrada da favela, essa é uma das primeira bocas que tem no morro, bem perto da entrada.

Olhei pra baixo vendo kj passando com a mina dele, filho e a irmã.

Rei: filho do kj está grandão né

Bg: verdade.... - olhei outra vez pra entrada e vi um muleque que veio comprar drogas aqui duas vezes já.

Rei: o muleque gostou mermo - chamei a atenção dele com o cotovelo, ele olhou e apertou os olhos pra enxergar melhor - dessa vez veio sozinho.

Bg deu de ombros. Deve ser um play boy de merda que grita com a mãe quando tá drogado, desce do condomínio fechado pra se sentir perigo ao subir meu morro.

Rei: é cada coisa - ri comigo mesmo.

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Amante Do Perigo  - Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora