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A N N A

Escuto o barulho de vidro se quebrando e encolhi mais os joelhos nos meus braços. Os tiros não param, os barulho me deixam tensa e agora ouvindo os passos de aproximando da porta eu fecho os olhos fortes, a pessoa do outro lado da porta onde eu tô encostada bate na madeira dela.

Ret: Anna? - desencostei da porta ouvindo a voz rouca e baixa dele rouba toda meu nervosismo trazendo alívio pro meu corpo
- tá sozinha? Abre aqui - levanto rápido rodando a chave na fechadura, abro a porta vendo ele parado segurando uma arma e corro para seus braços - oi princesa - seu corpo vai pra trás com o impacto do meu em seus braços.

Anna: meu Deus....- suspiro encostando a cabeça no seu peito descendo e subindo rápido, ele me aperta mais respirando fundo, inalei seu cheiro natural tranquilizando minha mente - você tá bem?

Ret: tô tranquilo, e você? - afirmo me afastando pra encarar seu rosto, está tenso, o olhar pulsa me encarando - você tem que ir agora. Rei já sabe que eu estou aqui - desvio meu olhar para o homem que aparece no final do corredor atrás do William - ele vai te levar - me guia até a sala.

Anna: você não vem?

Ret: agora não, mas te encontro quando tudo acabar - o homem alto olha lá pra fora e volta a encarar a gente - vai ficar tudo bem - beija minha testa enquanto me empurra pra porta que estava toda quebrada no chão - vai com ele

Anna: mas....- ele fecha a cara me olhando sério - eu tenho que te falar uma coisa - sinto o cara segurar meu braço enquanto me puxa pra fora - me solta! - tento sair do seu toque.

Ret: vai Anna, agora não dá pra você ficar aqui

Anna: o Matheus - ele me puxa passando da linha da porta - ele....- William sai do meu campo de visão - me solta cara - me debato.

- não dá pra ficar de palhaçada agora, porra! - para sacudindo meu braço - Tá vendo como que está as cosia, depois você fala com ele. Aposta que nada é mais importante que a nossas vidas - volta a me guiar pra fora. Fico em silêncio seguindo ele. A gente sai pelo lado que não tem muro e eu vejo que não tem nenhum daqueles homens aqui, está vazio.

Passo o olhar pela rua, silêncio, um clima horrível, parece cena de terro. Até ontem eu via pela janela a rua cheia e barulhenta, hoje está tenebrosa, a nuvem de fumaça cobra o final da rua deixando difícil vizualizar.

Assim que a gente vira a esquina, eu escuto um barulho, olho pra trás vendo um cara pular de um muro pro chão, meu corpo e puxado mais uma vez fazendo eu entrar em um beco.

Escuto alguns gritos vindo da direção da onde íamos passar e o cara me coloca atrás dele, aponta a arma pra frente colocando primeiro o cano e depois a cabeça.

- passa sem olhar - ele vira falando comigo e volta a me puxar como um animal na coleira. A gente passa por um mulher no chão com um cara nos braços e a outra com o telefone no ouvido enquanto chorava.

Ele fala com um menino assim que a gente entra na rua, olho a barricada e volto a olhar por menino na nossa frente, ele concorda com a cabeça e entra no beco correndo com o fuzil na frente do corpo.

Anna: pra onde a gente tá indo? - passamos pelas pedras no meio da rua - ei!

- você vai ficar no carro até eu ou o Ret voltar, na sai por nada! - aponta com a cabeça pro carro preto parado - tem um cara que vai ficar contigo aqui

Anna: é você? - ele me olha franzindo a sombrancelha e chega perto do cara dentro do carro, ele abre a porta e me olha sério, entro no banco de trás olhando a porta se fechar - oi...- falo com o cara no banco do motorista, ele balança a cabeça e o outro do lado de fora sai correndo de volta.

Vários tiros soam um pouco mais baixo que antes, mas mesmo assim eu me arrepio encolhendo os ombros.

Sinto o olhar do homem pelo retrovisor, ele me olha parecendo procurar alguma coisa, estica a mão até o botão do rádio ligando em uma rádio que toca uma música calma, ele aumenta deixando os tiros abafados.

- como você está? - desvio a atenção da janela olhando pra ele pelo retrovisor.

Anna: preocupada. Não sei se o Ret está bem....ele está machucado é.... - parei respirando fundo.

- posso te falar uma coisa? - afirmo - ele vai fazer de tudo pra voltar vivo, pode ter certeza. Esse cara passou quarenta e oito horas pensando em todas as formas de te tirar desse lugar. Então fica tranquila que ele não vai perder a oportunidade de voltar pra você

As palavras dele encheram meus olhos de água, eu queria chorar, queria poder ter certeza de que ele voltaria pra mim. Eu quero ele aqui comigo, sem esses perigos em volta de nós.

Tudo que eu mais quero ter o amor da minha vida me aquecendo com o calor dele.

Anna: Deus, traz ele de volta pra mim - sussurro olhando lá pra fora ouvindo a música.

Maratona 3/5

Amante Do Perigo  - Filipe RetWhere stories live. Discover now