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W I L L I A M

Eles dois descerem pela rua e foram sumindo os poucos do meu campo de visão.

Aí, falar um parada, beijar a Anna outra vez é como está em paz. Quando tempo eu não me sentia assim, olha que foi só um beijo, mas o é o beijo que nunca saiu da minha mente.

Eu desejava isso por muito tempo, e agora que aconteceu eu quero que aconteça pelo resto da minha vida.

Essa mulher tem algum feitiço que me faz gama só de olhar no olho dela. Filha da puta feiticeira.

Levantei do meio-fio batendo a mão na bermuda limpando, calcei meu Kenner que eu estava sentado encima e entrei no barraco.

Ret: quem está fazendo a ronda pra vocês estarem sentados aqui? - entrei vendo alguns meninos sentados conversando.

Terro: está na vez do acelera - apontou pra trás de mim, virei e vi o muleque vindo da parte de trás da casa - não é acerola?

Acerola: é mermo - sorriu fazendo joinha - nem sei, mas tô concordando

Ret: muito otário - todos riram dele fazendo cara de confuso - vai pra ronda

Acerola: mas não sou eu....

Terro: você mesmo concordou

Acerola: não pô, eu nem...

Ret: vai logo acerola - falei firme ouvindo os muleque rindo - tô metendo o pé, não quero gracinha nessa porra não. Todo mundo trabalhando

Acerola saiu resmungando. Subi na laje pegando umas parada pra ficar na parte de baixo e sai pra perto da minha moto.

Tirei a chave do bolso e quando eu ia subir vi um muleque parecido com o da Anna subido a rua olhando pra laje do barraco.

Guardei a chave no bolso outra vez e parei cruzando os braços vendo ele subindo pela calçada.

Ele chutava uma pedrinha no chão e resmungava alguma coisa enquanto andava.

Ret: ou! Muleque - chamei ele que não escutou e continuou chutando a pedrinha.

Ele parou de frente para o barraco olhando pra laje, desceu o olhar até a parte de baixo e fico parado olhando.

Minha moto não estava longe, dava pra vê ele perfeitamente.

Andei em direção dele, parei do seu lado cruzando os braços e olhei em direção da onde ele olhava também.

Theo: tio - puxou a barra da minha blusa para baixo, olhei pra ele e movimentei a cabeça pra ele falar - sebe se meu pai está aí dentro? Eu tô procurando ele, queria muito falar com ele

Ret: quem é seu pai?

Theo: ele falo que é pra eu falar que o nome dele é rei, mas não é esse não

Ret: tu é o muleque da Anna, né?

Theo: minha mãe? - apertou os olhos pra mim - esse é o nome dela

Ret: e sua mãe sabe que você está aqui?

Theo: Acho que não - coçou a cabeça com a ponta dos dedos - eu vim falar com meu pai

Ret: aqui você não vai achar ele não, e outra, não pode sair sem falar com a sua mãe, tá ligado? Ela deve está maluca atrás de você

Theo: tô ligado - fez careta me fazendo rir - então cadê meu pai, se ele não está aqui, ele está onde? - colocou as mãos na cintura.

Ret: está longe daqui - virei de frente pra ele.

Theo: tio, você conhece meu pai? - levantei a cabeça pra frente e olhei pra ele outra vez.

Ret: conheço sim - falei rápido.

Theo: me leve nele?

Ret: vou te levar na sua mãe, isso sim. Bora

Dei alguns passos em direção da moto, olhei pra trás ele estava parado na mesma posição me olhando de cara fechada.

Ret: vai ficar parado aí? Vem logo

Theo: você não me manda

Ret: ai meu cú, porra.... - falei baixo - vamos lá na sua mãe? Eu te levo na minha moto

Theo: você tem moto? - abaixou as mãos da cintura.

Ret: olha ela ali - sai da frente. Ele olhou e sorriu me olhando de volta - quer da uma volta?

Theo: sim! - sorriu. O muleque correu parando do lado da moto.

Tirei a chave do bolso, subi na moto e peguei ele no colo colocando ele sentado na minha frente.

Ret: você gosta de moto? - liguei saindo dali.

Theo: eu andava com meu pai

Ret: agora tu vai andar comigo - acelerei.

Acelerei fazendo barulho enquanto ele ria pra caralho. Virei na rua do campo e ele acenou pras pessoas que estava passando.

Ret: não conta pra sua mãe

Theo: tio - bateu no meu braço apontando com o outro pra uma sorveteria - compra pra mim?

Ret: sorvete? - ele afirmou. Diminui a moto parando enfrente da sorveteria - tenho cara de gênio da lâmpada?

Theo: gênio da lâmpada - repetiu com dificuldade - quem é esse?

Ret: o cara que te dá tudo o que você quer

Theo: eu posso pedir um dinossauro?

Ret: quem pede um dinossauro? - ri. Ele fez cara feia.

Theo: o que o senhor pedi?

Ret: se eu te contar sua mãe me mata - falei perto do ouvi dele e entrei guardando a chave no bolso - vai querer picolé de que?

Theo: uva! - sorri se apoiando na mesa, ele passou a língua nos lábios enquanto falava pra caralho com a moça que estava pegando o bagulho dele - tia, sabia que o gênio da lâmpada te dá o que você quer?

- sério? - sorriu pra ele - acho que vou pedir um presente pra ele então

Theo: eu vou pedir muitos sorvetes de uva

Ret: você não acabou de falar que ia pedir um dinossauro?

Theo: mudei de ideia - sorriu - abre pra mim?

Peguei puxando a embalagem pra baixo tirando e entregando de volta pra ele.

Theo: não vai comer? - neguei - por quê?

Ret: porque eu não quero

Theo: minha mãe fala que por que eu não quero, não é resposta

Ret: mas pra mim é - ele deu de ombros olhando o picolé - fala pra caralho - falei baixo.

Theo: falou comigo? - neguei - eita tio, tá falando sozinho? - ri passando a mão no rosto.

Ret: tá na hora de ir né? Vambora

Coloquei a mão na cabeça dele guiando até a moto já que ele só presta a atenção no sorvete, aí cai, começa a chorar e ainda sobra pra mim.

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Amante Do Perigo  - Filipe RetWhere stories live. Discover now