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A N N A

Foguete: como o garoto simplesmente sumiu? - passei a mão no rosto enquanto ele gritava com os meninos da segurança - eu quero ele aqui, agora! Se ele tiver passado por esse portão sem vocês terem visto, eu vou cobrar - apontou pro próprio peito - vocês estão aqui pra tomar conta de quem sai e entra dentro dessa casa

- foguete...

Foguete: foda se, não quero saber - cortou a fala do outro - já era pra você está atrás dele. Vai porra!

Nessa altura eu já estava soando frio, andava de um lado para o outro enfrente o portão da casa.

Saímos para perguntar algumas pessoas daqui da rua mesmo, mas ninguém viu ele.

Isso é impossível, como uma criança some e ninguém viu?!

Foguete: a gente vai achar ele, tá bom? Theo é esperto, ele está bem - ele veio perto de mim e beijou o topo da minha cabeça - vamos entrar?

Anna: não. Eu vou procurar meu filho

Foguete: os menor já foi atrás dele, da barricada ele não passou

Anna: mas...

Theo: mamãe! - a voz doce e gostosa atropelou minha fala - tio foguete

Desviei o olhar do Daniel na minha frente e olhei para frente vendo meu filho na moto com o William.

Senti meu corpo inteiro relaxar e minha respiração começar a voltar ao normal.

Como é bom sentir esse alívio, meu filho estava ali, bem e sem nenhum aranhão.

Anna: filho... - sorri.

A moto foi se aproximando aos poucos. Theo estava sentado no tanque na frente do William, a boca estava suja e a gola da blusa também. Ele sorria muito, e o William, atrás dele, olhava pra mim como se nada tivesse acontecido.

Foguete: fala meu diracinha - passou na minha frente pegando ele no colo assim que a moto parou enfrente da calçada.

Eu ainda estava me recuperando, não consegui nem piscar quando vi o Theo na minha frente outra vez. Era uma mistura de sentimentos tão bons.

William: Anna? - balançou a mão na frente do meu rosto fazendo eu piscar - tranquilo?

Anna: por que não me falou que ia pegar ele? - olhei em seu olhos com raiva - você me deu um susto, William - levei minha mão até a altura do coração - não faz mais isso, me visa pelo menos....e outra, como você chegou aqui tão rápido pra pegar ele?

Ret: eu não peguei ninguém não, maluca - desligou a moto ainda encima dela - estava vindo pra casa quando vi o muleque sozinho lá enfrente o barraco

Anna: como ele foi parar lá? - olhei pra trás vendo os dois brincando.

Ret: ele falo que tinha ido atrás do pai - desceu da moto passando por mim e entrando pelo portão sem olhar pra trás.

Anna: Theo - chamei ele sorrindo. Peguei meu filho no colo e abracei ele com toda minha força - nunca mais dá um susto desse na mamãe

Theo: mã-mãe tá me....me sufocando - bateu os pés e os braços tentando se soltar.

Anna: o senhor vai me contar por que saiu de casa sozinho, viu? - ele sorriu sapeca - enquanto toma banho, vamos

Foguete: vai se ferrar, cagão - fez cócegas no Theo e rimos - depois venho aí - concordei com a cabeça e beijei as bochechas dele entrando pra dentro de casa.

Passei pela sala com o Theo no meu colo falando algumas coisas, olhei procurando o William e não achei.

Subi pro andar de cima, fui até o nosso quarto e abri a porta.

Anna: direto pro banho - coloquei ele no chão.

Enquanto ele ia pro banheiro, fui separar uma roupa pra gente, eu também preciso de um banho.

Abri o guarda roupa, estava vazio, não temos muitas coisas, além das roupas que viemos e as que trouxemos. Tem algumas peças que comprei por aqui mesmo, mas nada demais.

Olhei pra trás vendo o Theo tirando a roupa no banheiro e fechei a gaveta deixando as peças encima da cama e indo me juntar com ele.

Anna: Theo, o tio William me falo que você foi atrás do seu pai - ajudei ele a tirar a bermuda - quem te falou que seu pai está aqui?

Theo: o menino que mora aqui - olhei pra ele confusa - ele me falou que meu pai estava em uma casa aqui perto e que ela estava quebrada

Anna: quem é esse menino?

Theo: não sei o nome dele não, mamãe. Ele parceria dodói

Anna: como assim? - tirei minha blusa.

Theo: ele me falou que estava com o nariz coçando - ele pisou no tapete abrindo a porta do box.

Anna: ele chegou aqui depois que a mamãe saiu? - afirmou já dentro do box - e como você saiu pelo portão?

Theo: o menino saiu pra rua sem me avisa, e a mamãe fala que não pode sair sem avisar, então eu fui vê lá no portão....

Anna: e mesmo sabendo que não pode, você saiu - completei.

Theo: eu saí porque ele falo que eu sou grande e podia fazer qualquer coisa que a mamãe não ia brigar

Anna: mas não é assim que as coisas funciona - entrei fechando a porta de vidro - escuta aqui - me abaixei ficando da altura dele e olhei em seus olhos - nunca confie em ninguém, ok? Esse menino mentiu pra você

Theo: eu só queria vê meu pai - cruzou os braços fazendo bico.

Anna: e se acontecesse alguma coisa com você? Seu pai não está aqui e você já sabe porque eu já falei. Quando for o momento certo você vai vê ele. Poxa Theo, está tão ruim aqui? Você tem os amiguinhos do campo, tem o tio foguete, o tio William, tem eu....

Theo: aqui não é ruim mamãe

Anna: então. Eu sei que você está com saudades, não é fácil se adaptar em um outro lugar tão rápido, mas aqui é onde está a família da mamãe e eu quero muito que seja a sua. Vai tudo ficar bem e todo mundo no seu devido lugar, e agora aqui é o nosso

Theo: tá bom..

Anna: eu te amo, tá bom? Não se esqueça disso nunca - dei um beijo demorado na testa dele - te amo filho, você é a razão da mãe ser forte todos os dias - senti os bracinhos dele envolver meu pescoço e recebi um beijo molhado na bochecha - vamos tomar banho - dei dois tapinha na bunda dele levantando.

Abri o chuveiro e ele já correu pra debaixo da água. Sorri pra ele que retribui passando a mão fechada no olho.

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Amante Do Perigo  - Filipe RetDonde viven las historias. Descúbrelo ahora