•061•

6.9K 493 231
                                    

A N N A

O carro para em frente a um restaurante lindo que eu escolhi. No caminho a gente veio decidindo onde íamos, ele deixou que eu escolhesse. Lembrei de um que eu vim quando era mais nova, a comida era incrível e o ambiente não mudou muito desde que vim.

Ele estacionou, deligou o carro apagando tudo e tirou a chave da ignição. Olhei pra ele sorrindo simples, descendo o olhar pelo seu corpo, estava vestido como da outra vez que eu vi ele. Terno preto e sempre com a barba e cabelo feitos.

Tio: vamos? - afirmo. A gente sai do carro que viemos sozinhos dessa vez. Ele disse que não queria me assustar com a segurança que acompanha ele então decidiu vim sozinho, eu achei bom, pelo menos a gente não vai ficar sendo observado, isso seria estranho.

Anna: não mudou nada - passo o olhar curiosos pelo restaurante. Todo em uma decoração antiga, mas chique, a iluminação deixa mais aconchegante e poucas coisas mudaram de lugar, mas mesmo assim bate uma nostalgia. Tem poucas pessoas também.

Tio: Já veio aqui? - sentamos em uma mesa pra dois no canto da parede.

Anna: vim quando era mais nova - sentei puxando um pouco a cadeira pra frente, coloquei a bolsa no meu colo, ele se ajeitou e chamou o garçom com a mão - faz tempo

Tio: seus pais tem bom gosto pelo menos, falam que a comida daqui é boa

Anna: ret que me trouxe - joguei meu cabelo todo para trás - minha mãe morreu quando eu era bebê - sua expressão muda parecendo desconfortável.

Tio: ah...sinto muito, desculpa - sorri de canto. Não me atinge quando falam dela, não da minha mãe biologia, mas quando se referem a dona Esmeralda meu coração aperta dentro do peito - não sabia

Anna: tudo bem, faz tempo - o garçom chega, eu nem sei o que pedir, fico perdia e quando ele escolhe eu peço a mesma coisa que ele - parece ser bom - rimos.

Tio: como você está? - um outro moço chega com duas taças e uma garrafa de vinho. Ele fala sobre a garrafa, mas pra mim não tem muita importância, sendo bom está ótimo. Minha taça foi servida e depois do homem a minha frente.

Anna: tô bem - ele balança a cabeça na direção do cara que sai - e você?

Tio: bem também. Como está sendo morar lá no alemão? - da um gole na bebida me olhando - mudou muita coisa?

Anna: não, depois que me acostumei com o alemã nada parece mudar mesmo depois de anos. Confesso que no início eu achava que seria só mais uma casa que eu passaria alguns dias - balanço a bebida na taça e olho o fundo vendo a cor viva que o vinho tem - mas no final a casa se tornou minha família

Tio: você foi adotada? - ele franzi a testa perguntando. Confirmo dando um gole na bebida descendo pela minha garganta trazendo um gostinho bom - mas é sua família? Pai, tio...

Anna: não cheguei a conhecer meu pai, ele foi só um caso da minha mãe e quando descobriu que ela estava grávida foi embora, e minha família materna não mora no Rio, nunca tive contato com eles

Tio: caraca...- sua boca fecha e abre várias vezes até ele me encarar - você foi adotada bebê?

Anna: não. Eu fui adotada já tinha dezesseis, dezessete, quase dezoito por aí - ele afirma. Me ajeito na cadeira sentindo o olhar dele bater no meu rosto, ele praticamente me seca mudando as expressões a cada segundo. Eu sinto como se fosse uma exposição - porque você me olha assim?

Amante Do Perigo  - Filipe RetWo Geschichten leben. Entdecke jetzt