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W I L L I A M

Desligo o celular rápido assim que olho da laje, o foguete entrando no beco com o Matheus. Levanto do caixote jogando o baseado longe e corro pro andar de baixo do barraco.

Foguete: cala a boca aí, porra - ele fala com o filho da puta tentando se soltar da mão dele - tá todo no erro e querendo fazer graça - empurra ele pra dentro - aí Ret

Mt: qual foi William, tá de sacanagem - só de ouvir a voz dele meu estômago revirar e minha mão coça pra pegar minha pistola
- esse teu carrapato tá muito folgado - olha por cima do ombro pro Daniel do lado de fora - quer o que comigo?

Ret: achei que ia demorar mais pra te vê - cruzo os braços separando um pouco as pernas uma da outra - deu chá de sumiço

Mt: tá interessado agora por que? - avanço com tudo nele segurando seu maxilar - me solta, caralho - segura meu pulso

Ret: porque eu queria vê até onde tu ia com essa burrice toda - empurro ele pra trás sem me afastar - tava achando que ia me fazer de otário até quando? - os olhos dele abre um pouco mais ficando com o rosto vermelho - fala aí porra! Agora tá sem língua?

MT: me solta Ret. Nem sei do que tu tá falando - rio falso - papo torto esse aí

Ret: torto vai ficar teu corpo a sete palmos do chão - desvio a atenção pro foguete atrás dele - leva lá pra fora - falo firme igual minha mão apertando o rosto do arrombado - vai morrer no mesmo lugar que te amigo. Não era teu irmão? Então, vão morrer juntinhos, até que a morte os separe....- viro a cabeça dele pro lado me afastando - vai foguete, lá fora

Viro subindo as escadas outra vez. Caralho, se eu pensar muito acabo com esse muleque em uma bala, mas não quero que a morte dele seja assim. Quero fazer ele sofrer o tanto que eu senti quando descobri dele.

Chego na laje vendo o caixote que eu estava sentado e do lado, um pouco distante, outro que me faz lembrar da noite que ele esteve aqui e batemos um papo maneiro, durou alguns minutos, mas foram os minutos que mais senti nós dois próximos outra vez depois de anos. Se naquela noite eu já não conseguia considerar ele meu sangue, hoje eu tenho certeza que esse arrombado nunca mereceu ser considerado meu sangue.

Foguete: aí Ret - balanço a cabeça saindo os meus pensamentos, viro pra trás vendo ele parado na escada - já tá tudo pronto lá

Ret: tô indo já - viro olhando lá pra fora.

Foguete: tá tranquilo com essa parada? Se quiser eu faço - nego - tem certeza?

Ret: tenho. Ele vai sentir ele perdendo a vida aos poucos e na minha mão - empurro o ombro dele com o meu descendo.

Caminho pelo corredor vendo o Matheus com as mãos amarradas no tronco do pé de manga, sentado forçando a vista pra mim por causa do sol quente no seu rosto.

MT: que isso, Ret? É mais um daqueles seus testes? - me aproximo - me solta vai. Já desisti de entrar pro crime já, não quero

Ret: nem vai ter mais tempo de desistir. Tu entrou no crime como meu rival quando deu com a língua nos dentes - mudo o caminho indo pegar um pedaço de madeira encostado nos pneus - me conta aí o que o rei te deu em troca - pego sentindo o peso e volto pra onde ele está - dinheiro? - ficou em silêncio se entregando - vou levar esse teu silêncio como resposta pra tudo que eu sei

Amante Do Perigo  - Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora