Amante Do Perigo - Filipe Ret

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W I L L I A M

Entrei em casa ainda rindo da briga dos muleque da segurança no portão e vi a Anna sentada no sofá olhando pra parte de trás da casa.

Esses dias nem falei direito com ela, nem parei em casa na verdade. Fiquei focado no assalto que nem lembrei de parar pra ter um papo maneiro com ela.

Ret: Anna? - ele virou a visão pra mim - tudo bem? - ela afirmou com a cabeça e voltou a olhar lá pra fora - trouxe pra você

Levantei a bolsa com um pedaço de bolo que os cara levou lá pra boca. Ela olhou e sorriu toda sem jeito.

Esse sorriso dela é foda. Toda o jeito dela é foda, parece até uma parada preciosa, delicada, sensível....isso é algo de outra dimensão, uma dimensão que ela me leva só de olhar em seus olhos.

Anna: você tem notícias da penha? - sentei na outra ponta do sofá tirando o tênis do pé - o Daniel me contou o que aconteceu lá, muito triste, morreu muita gente né - falou olhando pra própria coxa.

Ret: o que você quer saber aninha? - respirei sentindo meu corpo finalmente relaxar sofre o sofá macio. Ela me olhou apertando os olhos e eu ri - ele não morreu não, tá vivo

Anna: sério? - afirmei encostando a cabeça no encosto - menos mal né, não vou precisar falar nada pro meu filho

Ret: e como essa notícia te deixa? - entrelacei meus dedos sobre a testa - aliviada, nervosa, com medo?

Anna: aliviada de não precisar contar pro filho dele que ele morreu

Ret: e não te deixa nem um pouquinho feliz de saber que ainda pode voltar pra ele?

Anna: para de ser idiota - olhei pra ela rindo - eu não vou voltar pra ele

Ret: tô brincando - ela mandou dedo - eu sei que você não consegue ficar longe de mim

Anna: nossa que convencido - riu - engraçado que eu fiquei esses dias todos sem nem te vê. Será que não consigo mesmo?

Ret: e vai falar que não sentiu falta - sentei apoiando os braços na perna olhando pra ela - você fica a noite toda sentada aqui me esperando

Anna: eu fico aqui por que não tem nada pra fazer - retrucou me olhando também - e não te esperando, se manca

Ret: sabe Anna.... - voltei a me encostar no sofá e estiquei os pés na mesinha de centro - as vezes é mais fácil esconder do que falar

Anna: você que deve está escondendo alguma coisa, por que pra tá tentando colocar palavras na minha boca invés de falar com as suas

Filha da puta, sempre conseguindo me encurralar com minhas próprias palavras.

Ret: será mesmo? - olhei em seus olhos - acho que nós dois temos coisas escondidas

Anna: deve ser então - falou vaga - eu vi o Matheus hoje, ele está estranho

Ret: drogado você quis dizer

Anna: não, ele me chamou de uma das suas puta e falo que você estava dando leite podre pra elas - franziu a testa fazendo careta - por onde ele andou, hein

Ret: pelo mundo aninha

Anna: ele era tão bonzinho...

Ret: pois é - levantei arrumando a blusa - vou subir

Anna: vou depois - fui até às escadas.

Ret: não vai ficar pensar muito em mim hein aninha - ouvi ela rindo - boa noite

Anna: boa noite William, boa noite - Subi indo em direção do meu quarto.

Passando pelo corredor vi a porta do quarto onde ela estava, entre aberta, dava pra vê o muleque dela quase caindo da cama.

Abri a porta e entrei indo até a cama que ele estava na berrada, com o braço e uma perna pra fora do colchão.

Ret: vai cair ai muleque - peguei ele colocando no meio da cama entre dois travesseiros.

Olhei seu rosto tranquilo dormindo. Lembra a Anna, como se estivesse em nuvens, a paz que ela transmite pelo seu rosto.

Anna: depois sou eu que não consego viver sem você - ela parou na porta me olhando - mal saiu de perto de mim e já está aqui dentro do meu quarto querendo o quê? - falo em um tom suave, abaixo, doce..

Subi o olhar por todo seu corpo. Cintura fina que deixa o bundão dela evidente, boca, coxão e enfim, o olhar escuros marcante.

Anna: William - balançou a mão na frente do meu rosto - terra chamado William

Ret: que? Não pô.... O muleque aí, ele estava quase caindo da cama

Anna: ah, tá - apertou os olhos pra mim rindo debochada - tá bom então, boa noite

Ret: boa noite sua doida - Sai fechando a porta.

Meu passado me condena pra caralho.

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