O Amor não é obvio

Capítulo 77

Narrado por Megan:

_Oi Megan. Aqui é o Matias seu irmão.

_ Aconteceu alguma coisa com a mamãe?

_ Megan a mãe está doente novamente. Ela está sentindo dores pelo corpo. Fez quimioterapia mas não está tendo bons resultados. A gente precisa da família unida para sobrevivemos a isso! Eu vim do Havaí para ficar com a mãe. Veio eu e a Maria com as crianças. O pai descobriu um problema no coração a pouco tempo. O doutor Cláudio está passando os remédios e ele se recusa a fazer o tratamento. Eu estou ficando louco. Você precisa conversar com ele! Ele não me ouve. E você precisa fazer a mãe fazer a bendita cirugia já que os medicamentos não estão funcionando.

_ Se eles não ouviram você que é a ovelha dourada da família não vão me ouvir. A mãe deixou um puta tratamento aqui em Nova York para morar em um lugar totalmente sem recurso. Eu não vou me meter na vida deles. Eu não tenho esse direito Matias.

_Você é a filha deles Megan. Até quando vai agir como uma menina? Quando vai tomar maturidade para vir aqui e cuidar da sua família? Estou cansado de ter que fazer tudo sozinho.

_ Tomar maturidade. - Falei de forma irônica.

_Sim Megan! Quase trinta anos na costa e não tem um marido! Não tem filhos. Que vida é essa que você leva ?

_Graças a mim seus filhos estudam na melhor escola. Graças a mim vocês tem uma casa, uma vida confortável. Você não pode me ligar plena segunda feira para me dizer o que eu faço ou deixo de fazer com a minha vida. Eu não sou a menina imatura que casou com Sebatian. Você não me conhece! Não tem direito de me julgar. Eu faço tudo para que a nossa família continue tendo uma reputação. Sou eu que sustento a todos. Então por favor não venha me dar lição de moral.

_ Eu sei muito bem o que você faz pela gente. Só estou falando que não é o suficiente. Dinheiro não é tudo Megan. Eu quero conversar com a minha irmã. Aquela menina doce e inocente que sempre estava contando piadas e tocando violão no Jardim.

_ A mamãe e o papai mataram essa menina quando me obrigaram a se casar por pura conveniência. Eu não sou mais essa menina Matais. Eu não sou quem você gostaria que fosse.

_ Os pais erraram  muito com você! Mas eles estão velhos e morrendo. É isso que você quer fazer mesmo? Volta para casa! Vem passar uns dias aqui com a gente.

_ Voltar para casa ? Eu nunca me senti parte desta casa. A minha casa é aqui em Nova York.

_ Eu sei que vai pensar no que estou propondo. Venha passar uns dias com a sua família. Mostre a mulher incrível que você se tornou. Traga a pessoa que está com você! Venha ver os seus sobrinhos.

_ Tá bom Matias. Irei pensar com muito carinho no que está propondo. Mas não garanto nada!

_ Não quero perder o contato de novo Megan. Não quero me sentir um estranho ligando para você. Quero nossa família de volta. Quero poder contar com você como minha  irmã.

_ Eu gostaria de ter os mesmo sonhos que você. Até mais Matias. - Falei desligando em seguida o celular.

Meu irmão Matais era alguns anos mais velho que eu. Fomos criados juntos em uma fazenda que meu pai era sócio. Nossa infância foi rodiada de animais e natureza. Sou grata por todos momentos bons que tenho da nossa infância. Éramos como unha e carne, sempre aprontavamos juntos.

Ele se tornou uma vergonha para família quando fez seus dezoito anos e decidiu que não iria assumir a empresa. Que nao gostava de nada que se relacionava a ser um advogado. Na época a nossa casa virou um verdadeiro inferno. Meu irmão praticamente renegou seu sangue para poder casar com Maria. Sua esposa desde a adolescência. Ambos deixaram tudo para morar em uma praia não tão distante da antiga casa dos meus pais.

Ele deixou em casa um casal que achava que tinha fracassado na educação do filho mais velho.Toda frustação dos meus pais em relação ao meu irmão eles descontaram em mim. Eu tinha que ser a filha perfeita, já que o meu irmão não fazia esse papel. Eu tinha que seguir milhões de regras para se adequar ao padrão de filha que meus pais gostaria que eu fosse.

Por muito tempo eu culpei o meu irmão pelo fardo que comecei a carregar por contas das suas  atitudes.  Na época não entendia que tudo tinha um sentindo. Futuramente compreendi que se me irmão tivesse sido o filho perfeito eu provavelmente não teria a vida que tenho hoje.

Estava decepcionada com tudo! O fato dos meus pais estarem doentes me deixava entristecida. Mesmo com todos os empecilhos eu amava ambos de forma incondicional. Me dava um aperto no coração só de pensar em perde-los. Antes da onda ruim chegar éramos feliz como qualquer outra família. Tudo literalmente começou a desandar com a saída do meu irmão de casa e a chegada da  minha maioridade.

Estava me sentindo sozinha. Me sentia perdida por tudo que estava acontecendo. Sentia como se nas minhas costas tivesse um peso enorme. Me sentia vazia por dentro e perdia a vontade de fazer as coisas mais simples como comer, tomar um banho e até organizar a minha vida.

Precisava gritar e expor meus sentimentos. Nesses momentos sentia saudades de ter um companheiro para chorar juntamente a mim. Gostaria de ter alguém que soubesse tudo sobre mim. Que não precisasse esconder os meus defeitos nem o meu passado.

Passo o dia pensando no que fazer com a minha vida. Por falta das 11h vou para empresa e aproveito para passar no café da Margarita para relaxar um pouco e tomar uma café amargo.

_Bom dia Magan. Como está?

_ Oi. - Falei de forma cansada. _ Estou "bem". - Falei para não ter que explicar sobre minha realidade.

_ Que bom! O que deseja ?

_ Apenas um café bem amargo sem açúcar Emma. - Falei tentando soltar um sorriso.

_ Certo. - Anotou o pedido. _ Deseja mais alguma coisa?

_ Apenas isso! Deixa eu te perguntar Emma! Você tem visto a Carlota ?

_ Sim! Ela está bem. Se acredita que ela passou na faculdade ?

_ Sério? - Falei animada.

Fiquei feliz pela Carlota. Ela merecia ser feliz! Comigo ou sem mim.