CAPÍTULO 1 •

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De: Carlota

Pelas ruas vazias do Colorado era notório na vasta cidade que o inverno se aproximava. As árvores já não tinha a coloração forte que vibrava nos olhos de quem admirava. E em meio a tanta natureza e simplicidade as crianças do pequeno vilarejo aproveita para correr pelos bosques antes que suas casas fossem cobertas por neve e a nova estação acabasse com toda forma de diversão.

_ Tia Carlota a senhora colocou os ladrões na cadeia? - Miriam perguntou curiosa.

_ Boa tarde senhorita Miriam. - Falei dando risada da sua ousadia e inocência. _ Minha única missão como juíza é que a justiça seja feita. - Falei tocando em seus cabelos loiros.

_ Que bom titia. Quando crescer quero ser igual a você. Meu pai sempre diz que você é uma mulher forte. E mulher tem que ser forte. Não é mesmo?

_ Seu pai e sua boca grande. - Falei dando risada do jeito que a menina se expressava. _ Você já é uma menina forte. Pode ter certeza que não é a profissão que vai determinar isso.

_ Olá Srta Cooper, como está se sentindo sabendo que vai nos abandonar por um bom tempo ? - Falou ironizando o Srta.

_ Como assim a "Srta Copper" vai nos abandonar papai? Não era só no meio do ano que vem? - Perguntou já no colo do pai.

_ Filha a gente já havia conversado sobre este evento. A Srta Cooper tem que conhecer a família de origem.

_ Nos somos família dela. Não é titia? Eu não quero que vá embora. Quem vai cuidar do papai? - Falou com olhar intritescido.

_ Ora ora acredito que seu papai já está grandinho. Mas eu te entendo! Todo cuidado é pouco. Que tal você me ajudar a cuidar do papai?

_ Vai ter que ser o jeito. - A menina falou como se tivesse resolvido todos os seus problemas.

_ Me explica com calma o motivo de ter antecipado a sua volta para Nova York. -Falou colocando algumas lenha na lareira.

_ Fui convocada. Uma juíza foi afastada por corrupção. Estou indo a trabalho. Irei ficar em estado de substituição até revogarem.

_ E por que você e não a Sra Flores?

_ O objetivo inicial era exatamente esse. Porém aconteceu tanta coisa. A única coisa que eu preciso agora é descansar.

_ Todo mundo aqui sabe que você não precisa passar por isso. Quer que eu converse com Rodolfo? Ele pode muito bem escolher outra pessoa para ir para Nova York.

_ Por favor Lim. Uma hora isso ia acontecer. Estamos apenas antecipando. Não torna esse momento mais difícil do que já é.

Recomeçar em meio a tantos pontos de interrogação me gerou uma certa resistência. Abandonar Nova York juntamente com a faculdade do sonho foi sem dúvidas um ato de covardia. Eu desisti da Megan odie a Megan  por longos anos. O meu próprio " eu" me matava todo santo dia. Era difícil lidar com a minha própria vida quando meu maior inimigo estava dentro da minha existência.

Eu encontrei caminhos para sobreviver. Mudar para o Colorado foi sem dúvidas um sacrifício bem pago. A pequena cidade me acolheu de forma inexplicável. Existia vida longe da turbulência da cidade grande. Com os pés no chão e muita dificuldade terminei a faculdade de direito e passei dois anos atuando como advogada em um centro comunitário.

Fazer algo pensando no bem estar de outras pessoas foi o que me salvou. A bondade das pessoas simples e esquecidas me trouxe para realidade. Me fazer alguém me trouxe sonhos e desejos. Comecei um projeto comunitário com a Srta Lorem a filha do prefeito para dar acesso à uma parcela de pessoas que não tinham documentações. Essas pessoas viviam em vilarejos distantes dos pequenos pontos de comercialização. Nos famosos subúrbios essas pessoas viviam uma vida de calamidade, esquecida como sociedade. Tendo seus direitos como cidadão violados. Esquecidos e traumatizados foram contra a todos os projetos de inclusão. Com tempo e paciência o projeto começou a dar andamento.

Morar na rua 5 ao lado da floricultura da Senhora Frida era um privilégio. Ela praticamente me adotou nos primeiros dias na pequena cidade. Por longos anos ajudei sua irmã Catia no único hotel que a pequena cidade fornecia. Com isso sobrevivi na minha época de universidade. Morei em uma famosa casa comunitária de estudantes de baixa renda. No porão da faculdade, era desesperador o auxílio deplorável que a faculdade fornecia.

Lim pai da Miriam também fez muito por mim desde que cheguei na cidade. Ele me poupou de muito sofrimento. Era como se fosse o meu anjo da guarda em meio de tantos problemas que eu mesma não era capaz de resolver. Como delegado e representante de ética da faculdade em uma das matérias extensoras de qualificação para aluno do 5° semestre. Ele foi o único que soube lidar com algumas questões que me atormentava.

Sair do fundo só poço que eu mesma havia me jogado foi desesperador. Ter que se erguer em uma cidade nova sem suporte familiar foi praticamente um suicídio.

De pouquinho
em pouquinho
me encontrei,
me senti parte daquele lugar.

Após o trágico fim não consegui mais ter relações amorosas profundas com ninguém. Tentei aventurar com algumas mulheres e foi frustrante esse últimos anos me reencontrei e me descobri alguém que eu gostasse mais. Julgaria dizer que vivenciei minhas melhores versões. Nunca me senti tão viva como me senti quando dei início aos meu projetos comunitários.

Voltar para Nova York era a única coisa que precisava fazer para colocar um fim no meu passado. As vezes me sentia assombrada por tudo que fiz a Megan passar. Nos primeiros dias no Colorado tinha pesadelos todos os dias. E me relembrava da nossa última conversa me sentia culpada e isso me atormentava de forma inexplicável.

Quando decidi ir embora eu simplesmente fui. Avisei os mais próximos por mensagens. Fui uma grande filha da puta com todos meus amigos. Deixei eles um bom tempo sem notícia nenhuma sobre a minha existência. Mesmo sendo extremamente egoísta eu precisava desse espaço. Eu precisava estar longe para me fazer presente. Com isso seria uma grande surpresa, já que estava voltando sem sequer avisar sobre a minha chegada.

O Amor não é obvio Where stories live. Discover now