Capítulo 97

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Narrado por Carlota:

Eu sabia que um dia esse trágico momento da minha vida iria vir a tona. Eu sabia que esse assunto ainda iria acabar com cada particula da minha alma. Uma ferida que nunca cicatrizou. O que fiz para sobreviver foi a coisa mais estúpida que poderia feito. Nas minhas piores crises de existência eu me recordo de cada perda que tive durante toda minha trajetória.

Suja; Puta;
Prostituta; Vaganunda;
Estúpida; Vadia
Aproveitadora; Carma;
Sexualizada;

Nada podia me descrever melhor do que tais palavras. Eu me sentia muito pior de que qualquer adjetivo imposto pela sociedade. Eu esperava ser julgada por todos, esperava de qualquer um. Menos Dela. Menos da mulher que de uma forma doce e inocente entreguei toda minha expectativa de uma vida feliz.

_C....Carlota - Falou passando a mão no cabelo de forma desajeitada. _ Carlota me d...desculpa. Vamos conversar por favor. Eu falei besteira. Eu sei que as coisas não foi fácil para você. E eu fui uma completa idiota em jogar isso na sua cara.

O olhar de pena instalado em seu rosto foi sem dúvidas o auge da minha humilhação. Tudo passava como uma câmera lenta, eu não consegui dizer se quer uma palavra. Ela me olhava como se fosse uma prostituta barata, como se fosse uma questão de escolha tudo que passei. Como se tivesse escolhido o caminho fácil.

Estava sentindo tanta vergonha. Me sentia uma completa tola. Como se ainda fosse pagar por cada mal escolha do passado. Sem dúvidas ela queria comigo apenas uma trapada. Não era digna de tal respeito. Ela sabia desde o início a verdadeira vaganunda que eu sou. Estava sentindo tanta vergonha. Uma situação tão complicada, tão humilhante.

A ânsia de vômito fazia todo o meu corpo se arrepiar. Era uma sensação ruim, como se minha alma estivesse em chamas. Estava tudo deslocado em meus pensamentos. Perdi rapidamente a força da perna colocando todo o peso nos meus pés, e jogando meu corpo contra parede. Conseguia ouvir as batidas do meu coração acelerando de forma frenética. Como se estivesse em um mundo paralelo. Estava confusa, com medo e envergonhada.

_ Você está certa. - Foi a única coisa que consegui falar antes de sair correndo do seu apartamento.

Eu não iria negar o que já havia feito. Era um fato! Não tinha nada para se discutir naquele momento. Ela tocou no meu ponto fraco. O que ele havia feito comigo não se faz com uma pessoa que você sente um carinho especial. Ela queria me machucar desde o momento que ela citou o fato de não ter vínculos familiares.

Estava sem chão, precisava me sentir viva. Precisava voltar a ser a menina dos velhos tempos. Eu não gostava de gostar de outra pessoa. Quando ficava com vários homens era mais simples. Não tinha responsabilidade e nem laços.

_ Uma bebida por favor. - Falei me sentando em um barzinho qualquer.

_ Qual bebida senhora? - Uma moça me perguntou.

_ A mais forte por favor. - Falei olhando as barras de notificação para ver se Megan havia mandando uma simples mensagem.

Aos poucos o peso que estava sentindo foi diminuído. Eu já me sentia bem e não tinha tomado nem três garrafas. Fiz algumas misturas para acelerar o processo. Eu só queria me sentir feliz outra vez. Só queria esquecer por alguns momentos tudo que estava acontecendo.

Eu mudei completamente por uma pessoa que não valia a pena. Que na primeira oportunidade me humilhou e jogou na minha cara fatos contado pela boca de uma pessoa que por coincidência me odeia. Ela quebrou tudo de bonito que ela plantou no fundo da minha alma. Me sentia como se parte de mim tivesse morrido. Nunca mais conseguiria olhar para o seu rosto e não lembrar da sua feição dizendo "PUTA".

O Amor não é obvio Where stories live. Discover now