CAPÍTULO 4 •

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De: Carlota


Emma estava ainda mais bonita, seus cabelos estavam preso em um rabo de cavalo, enquanto sua franja se espalhava de forma desengonçada em seu rosto. Seu corpo já não é o mesmo, seus olhos passam um ar de cansaço, as olheiras é evidente, além disso seu corpo possui curvas evidentes e seios fartos.

Fiquei anestesiada ao ouvir o som de sua voz, me veio mil explicações mas nenhuma convincente o suficiente para acalma-lá. Ela estava irritada, queria uma explicação plausível para tal distanciamento. Um jeito bruto de expressar tamanha saudade.

_ E...Eu estive longe. Eu precisei estar longe. E...eu não tenho nada além disso para falar. Se te consola eu também senti saudade de você.

_ Caralho Carlota! Tanta coisa mudou. - Falou secando as lágrimas que escorriam de forma rápida.

Não sabia decifrar se as lágrimas eram de felicidade ou tristeza. Ela não parecia ter mudado, as coisas pareciam estar exatamente no mesmo lugar que eu as deixei. Emma sempre foi emotiva, sempre viveu de forma calorosa e intensa. Julgo em dizer que sofreu de corpo e alma após a minha partida. Pela primeira vez após o Colorado me culpei por ter ido embora. Eu mais que ninguém sabia o quanto ela precisava de mim.

_ Estou morando aqui próximo. Acho que seria justo. Você esclarecer o que aconteceu.

_ S...Sim.

_ Carlota caso o destino não nos colocasse no mesmo lugar, por pura conhecidencia! Você teria me procurado? - Falou a caminhando pelas calçadas vazias.

_ Sim! Não hoje, talvez nem amanhã. Mas eu procuraria por você Emma. Eu só estou me acostumando, ainda são muitas lembranças. Neste lugar que um dia eu chamei de lar, me trouxe uma mistura de sentimentos. Estar aqui novamente é quase um regresso mental.

_ Estou morando aqui. - Aponta para um apartamento de quatro andares de frente a um pequeno mercado.

O espanto começa a surgir ao abrir a porta. Sua casa está repleta de fraldas e coisas de bebê. Na pia uma enorme montanha de louça, no sofá uma pilha de roupas para passar e dobrar enquanto a mesa esta repleta de livros espalhados.

_ Não se assuste, depois que virei mãe é assim que as coisas andam por aqui. Casa arrumada é um luxo para quem tem duas crianças. Bryan tem quatro anos e Helena três meses.

_ Você teve dois filhos no tempo que fiquei fora? - Falei boqueaberta.

_ Você ficou mais de sete anos fora Carlota. Não foi alguns meses. Como disse e repito muita coisa mudou, nada está como era antes.

_ Eu não imaginava que tinha perdido tanto. Emma eu estava tão bem! Por longos anos achei que tinha feito a escolha certa. Mas agora vendo sua casa, meus sobrinhos. Sinto que perdi muito estando longe! Agora eu tenho bem mais motivos para me desculpar.

_ Se desculpar pelo que Carlota? - Falou esperando um argumento plausível.

_  Pela ausência! Emma eu não devo apenas desculpas para você! Você é a última pessoa no mundo que eu queria deixar triste. Você foi e é uma amiga incrível. Você merecia alguém que não sumisse quando as coisas ficasse impossível de ser vividas. Mas no fundo do meu coração eu espero que você me perdoe. Eu não posso me desculpar por ter ido embora! Isso não! Isso nunca. Nesses últimos anos eu me tornei no que sou hoje, fiz de mim alguém. Seria uma enorme mentira olhar nos seus olhos e negar os momentos incríveis que tive no Colorado. Eles me adotaram como família. E eu nunca tive isso, você sabe bem, tudo que passei. Você não merecia tal distanciamento. Mas estava tão destruída que precisava estar longe para me fazer presente. Eu espero que você entenda que isso me fez bem. Me fez bem recomeçar do zero, me fez bem os novos desafios.

_ Eu quero saber de tudo Carlota. - Falou com os olhos enxarcados de lágrimas. _ Eu não posso incluir você na vida deles sem antes saber o seus propósitos aqui! Eles são jovens de mais para sentir a dor da rejeição. Não sei se você entende! Só quero protegê-los, apenas isso.

_ Você se tornou uma mãe uma mãe e tanto. - O sorriso é nítido. _ Estou orgulhosa de você Emma.

Passar a tarde atualizando a Emma sobre minha nova fase foi extremamente satisfatório. Pela primeira vez não tinha uma história triste para que todos se lamenta-se. Poder contar uma história de superação deixava a minha alma em estado de felicidade. Conseguia sentir meus pelos se arrepiar a cada palavra.  Ela ouvia tudo com atenção, seu semblante era de espanto e pura felicidade ao mesmo tempo.

_ Você agora é uma juíza? - Expressou espanto. _ Você merece o melhor. Eu sempre vou exaltar o quanto eu te admiro por ter se tornando alguém mesmo com tudo que a gente já passou. Eu. não entendi a última parte! - Falou querendo saber sobre a minha vida amorosa no Colorado.

_  Não foi nada demais. Ele é um homem bom com uma história triste. Ele e a filha vivem no Colorado, ele é aquele homem que toda mulher gostaria de ter. É impossível magoar um homem desse!

_ E como não foi nada demais? Se ele é um homem que toda mulher gostaria de ter?

_ Ele ainda sofre pela perda da esposa. Além disso é aquele homem misterioso que permite que você chegue até um certo ponto. Quando tentamos algo não foi o que eu esperava. Por hora é somente isso que tenho para compartilhar sobre a minha desastrosa vida amorosa.

_ Eu e o Felipe nos casamos no mesmo ano que você foi embora. Foi algo simples mas significativo. Um ano depois tive o meu primeiro filho. O Lucca! Ele tinha cabelos loiros, cacheadinhos, parecia um anjo de tão perfeito. Seus primeiros dias foi rodeado de puro sofrimento. Ele não podia viver em um mundo tão imperfeito. O amor dele era puro, seus olhos me transmitia uma paz imensa. Mas tudo isso acabou. Ele
nos deixou no dia vinte e quatro as  duas horas da tarde no Hospital São Pedro ao lado da estação. O Felipe mudou muito. Já não é mesmo homem quem você conheceu. Suas atitudes me causa uma repulsa enorme. Eu passei por estágios da minha vida muito intenso. De grávida para tentante. O sentimento de invalidez me sufocou por longos meses. O sexo se tornou apenas parte do processo. Eu fiquei totalmente perdida após a morte do Lucca. Nada mais fazia sentido. Eu queria muito ter outro bebê para sentir novamente o sentimento de felicidade de quando olhei pela primeira vez para o meu bebe no meu colo. Ele tinha tudo que eu precisava e após sua partida ele levou tudo que eu tinha. Após cinco meses de muito sofrimento e brigas atrás de brigas eu descobri que poderia viver tudo novamente. Não que esse bebê substituiria o meu sentimento pelo Lucca mas eu sabia que precisava disso. E achei que poderia melhorar as coisas com o Felipe. E infelizmente tudo só piorou. Ele não me deu assistência nenhuma enquanto grávida e fragilidade por conta da situação. Ele só se importa em estragar a própria vida. E as vezes sinto que me culpa pela perda do nosso primeiro filho. Sofremos um acidente indo para casa da praia da família dele. Ele quase matou eu e o filho dele. Tudo isso porque estava tão chapado que era capaz de se jogar de uma janela sem sentir se quer dor. Bryan sofreu muito. Pela irresponsabilidade de ser filho de um idiota. Passamos longas noites em uma UTI neontal. Eu achei que nonvemnte iria perder a minha chance de ser feliz.

O Amor não é obvio Where stories live. Discover now