Capítulo 8

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Narrado por Carlota:

A entrada do mês de janeiro me causava calafrios, eu sabia que tinha que ir embora. Já que o combinado foi eu ficar na casa de Edgar apenas no mês mais frio do ano que era dezembro. Eu tinha Falhado mais uma vez na minha vida, infelizmente não consegui arrumar emprego em lugar algum. Isso significa que provisoriamente vou ter que voltar a morar na rua. Minha cabeça me atormentava. Pois ainda não era o fim eu ainda podia fazer algo por mim mesma.

_ Bom dia Edgar. Eu preciso conversar com você. Sei que depois do ano novo tudo ficou muito estranho entre a gente. Mas eu preciso conversar com você, antes que eu perca a coragem e o medo invadia meu peito.

_ Diga Carlota. - Falou com uma xícara de café na mão direita e na mão esquerda um jornal velho.

_ Eu gostaria de saber se seu acordo ainda está valendo ? Você pode me ajudar de alguma forma ? Janeiro chegou e eu não quero morar na rua novamente. Eu não quero sentir o frio de Nova York invadindo meu peito nem ouvir o meu estômago suplicar por comida.

_ Eu não me sinto confortável em saber que você foi abusada e enfim [...] Você entendeu o que quis dizer. Eu não quero ser mais um trauma seu.

_ Por favor me ajuda. - Falei quase suplicando.

_ Bom Carlota, a gente pode tentar.

************

Conhecer o Edgar foi a minha sobrevivência, no começo era difícil estar na casa de um desconhecido, era difícil lidar com algumas situações e desconforto do dia a dia. Mas tudo na vida é apenas questão de tempo. Eu sobrevivi, não dá forma que a sociedade esperava que eu sobrevivesse, mas eu sobrevivi. Comecei então a me relacionar sexualmente com Edgar, foi tudo muito difícil no começo eu tenho traumas por conta do meu agressor. Mas a minha vontade de viver era bem maior do que os meus traumas. Não me orgulho de ter que fazer isso para sobreviver mas nem todas as pessoas nasce com o privilégio de ter tudo.

Após começar a transar por dinheiro e moradia eu comecei a me estabilizar emocionalmente e financeiramente. Mesmo estando "estável" não parei de mandar currículos até porque essa não era a vida que eu gostaria de ter. Após alguns dias eu consegui um emprego para ser atendente de uma loja de perfumes que ficava no centro da cidade.

Eu amava estar no centro da cidade, com esse novo emprego eu havia ganhado minha dignidade de volta como pessoa. Quando estava na rua sentia que nenhuma pessoa me via como um ser humano, por estar pedindo comida e dinheiro na rua. As pessoas não me olhava, algumas almas piedosas apenas jogavam algumas moedas. Era como se eu fosse invisível e depois de estar ganhando o meu dinheiro justo como qualquer outra pessoa eu me aceitava mais. Eu me sentia uma pessoa mais normal estando no meio de pessoas que eu considero normal.

Em outras palavras esse emprego foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Eu mudei da água para o vinho, eu podia comprar roupas e muitos livros. Eu conseguia ajudar em casa, sempre comprava comida e coisas de mercado. Eu estava em uma fase tão boa, consegui esquecer um pouquinho que fosse as coisas que já passei. Era gratificante!

Em um certo dia estava indo na biblioteca dos Lions, era uma das bibliotecas do centro aonde eu sempre ia para pegar livros. Passava horas e horas dentro dessa biblioteca. Eu até poderia falar que era o meu lugar no mundo. A biblioteca dos Lions tinha cheiro de livro velho e eu amava esse cheiro. Era lá que eu passava os meus melhores e piores momentos, são incontáveis as vezes que fui para lá apenas para pensar. A calmaria do lugar é o meu ponto de paz, eu me reencontro com a minha sanidade mental quando estou perto dos livros, eles me dão força para querer ser sempre mais. Eles são a família que eu não pude ter, tenho um carinho enorme por cada livro que tenho, alguns
arregassados e todo marcados, mas amo meus livros mesmo assim.

Quando cheguei o ambiente estava diferente, a biblioteca estava mais cheia do que de normal. Perguntei para o Sr.Maurucio o que estava acontecendo. Ele então  me explicou que a Biblioteca era uma das mais velhas da cidade e estavam dando uma entrevista para um emissora. Além disso a biblioteca tinha algumas relíquias, fazendo a reportagem mais importante.

Foi nesse dia que Sarah chegou até mim, ela tinha me confundido com uma de suas funcionárias. Eu apenas me virei e dei de cara com uma linda mulher, seus cabelos estavam bagunçados dava para ver que ela gostava muito de seu trabalho, pois exigia de todos para que dessem o seu melhor.

_ Me desculpa, eu confundi você com uma colega de trabalho. Prazer sou Sarah.

_Prazer sou Carlota Cooper. Eu vim apenas escolher um livro e aproveitar meu horário de almoço para relaxar.

_ Eu moro aqui a anos e nunca tinha entrado aqui você acredita ? - Falou rindo.

Mesmo não tendo nenhum vínculo com as atividades da Sarah começamos a conversar depois que ela me pediu recomendação de livros. Passamos a conversar todos os dias e eu passei a  frequentar o seu apê, já que praticamente morava com ela a mesma me fez um pedido inusitado.

_ Cah, você passa mais tempo aqui do que na casa do Edgar. Que tal vir morar comigo? Eu gosto da sua companhia e tem um quarto disponível aqui no apê. - Falou animada.

Eu nem esitei em dizer não, já fui abrindo um sorriso e abraçando a ideia de morar com a Sasa. Nesse período eu conheci sua família, uma familia muito nobre e educada. Amava estar com ela então fiz a grande escolha de seguir a minha vida e sair do apartamento do Edgar.

Flashback off

Não me relaciono mais por dinheiro com Edgar, como já havia dito eu não gostaria de ter essa relação para o resto da vida. Atualmente somos amigos, após ele me ajudar a sair das ruas e me dando a chance de lutar novamente pela minha vida me sinto na obrigação de manter contanto. Além disso gosto muito dos seus amigos que sempre estão na sua casa. Jasmine e Daniele são grandes amigas. Pamela não me odeia como antes, mas não temos uma relação de amigas. Pedro passou tempos querendo algo mais que amizade comigo, mas atualmente somos grandes amigo também. Eu e Mateo temos uma relação de irmão e por isso brigamos muito. Somos oposto, orgulhosos e temos opiniões fortes isso significa que estamos sempre discutindo por algumas coisa.

Mesmo cinco meses sendo pouca coisa consegui fazer laços muito forte com algumas pessoas aqui em Nova York, laços esse que nunca serão quebrados. Eu não posso negar que tenho muita sorte de ter os amigos que tenho, cada um sempre está me ajudando e auxiliando de alguma forma.

O Amor não é obvio Where stories live. Discover now