Capítulo 3

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Narrado por Carlota :

_ Oi Edgar. - Falei me voltando para seu olhar.

_ Sente-se aqui por favor. Quero conversar com você. 

Eu fiz o que ele havia pedido. Sentei na mesa de jantar que ficava perto da bancada da cozinha. Ele rapidamente sentou-se também  pegou nas minhas mãos. Gesto que me deixou assustada.

_ Você quer ficar aqui comigo ? - Falou rápido e quase confundido as palavras.

_ É....eu não sei. Não posso ficar aqui com o senhor. Não tenho dinheiro algum para lhe ajudar a pagar esse apartamento. Vivo na rua pois fugi de casa. Você não tem que arcar com esse fardo. - Falei olhando para os meus pés.

_ Eu te ajudo e você me ajuda. Assim ninguém deve a ninguém.

Com essa palavras meu coração acelera, estava crente que iria receber um emprego. Edgar realmente era um homem bom. Sem pensar duas vezes corri até ele e dou um sincero abraço. Não são todas as pessoas que lembram que moradores de ruas também são pessoas e tem necessidades como qualquer outra.

_Eu serei eternamente grata a você Edgar. Nunca me esquecerei o que está fazendo por mim. - Falo soltando um sorriso de orelha a orelha.

Eu não queria voltar para rua, não queria sentir o frio de Nova York invandir o meu corpo. Estava com medo de voltar para as ruas, mas eu não tinha opção não aguentava mais ser abusada e agredida pelo meu pai. Ele me batia como se tivesse feito a pior coisa do mundo mas na maioria das vezes estava bêbado.

_ Você me fornece muito prazer com esse corpo lindo que você tem e eu deixo você morar aqui  e ainda te dou um pagamento a cada vez que me deixar feliz.

_Você acha que eu sou o que? Eu estou nas ruas por não ter outra opção e não porque quero. Como tem coragem de falar isso pra mim? - Falo brava e decepcionada. Eu queria que os clichês da minha cabeça realmente fossem verdade. Eu queria acreditar que Edgar havia se apaixonado por mim na primeira vez que me viu na varanda  da sua casa. Mas nesse mundo cruel nada é como os livros.

_ Se você não quer por mim tudo bem Carlota. - Falou com um tom de voz diferente.

_ Eu não quero suas roupas, eu me sinto mais suja do que quando entrei aqui, não é meu estômago que pede socorro!!! Dessa vez é a minha dignidade. - Falo chorando muito.

_Não faça isso. - Essa roupa é quante. E lá fora tá muito frio e passou na TV que tendência é esfriar mais. Já já  aquela praça vai estar coberta de neve.

_ Neve ?  - Falei espantada. Eu tinha esquecido completamente o que era vivenciar a neve.

_Sim, você sem dúvidas vai abacar morta lá fora.

_ Eu não quero ir para rua Edgar. Mas eu nao tenho outra opção. - Falei saindo.

Eu não poderia aceitar sair de uma situação embaraçosa para entrar em outra. Estava com raiva, quando os homens me olhavam só pensavam em sexo. E não na mulher incrível que eu poderia ser, era deprimente estar na minha pele. Era deprimente sentir o peso do mundo nas minhas costas.

Saindo daquele prédio atordoada, eu só sabia chorar, estava com medo do que seria o meu futuro. Não queria morrer sem lutar pelo que eu acredito. Passei horas sentada no banco da praça um pouco mais longe do prédio de Edgar. A noite a cada hora que passava ficava mais fria, eu iria morrer se não procurasse um lugar. Para não  morrer de frio pego minha mochila e começo a correr para esquentar o corpo. Foi assim até a neve chegar. Quando a neve chegou eu já estava cansada de mais para lutar por mim mesma. Vejo um homem se aproximar, quando abro mais os olhos vejo que esse homem é Edgar.

_ Pega suas coisas vamos para casa. - Falou sério. _ Pelo menos até parar de nevar.

_ Obrigada. - Falei e continuei deitada como se fosse um não.

Ele me pegou no colo e me levou para sua casa. Estava com tanto frio que o seu corpo me abraçando ja estava me esquentando. Eu não tinha como fugir disso, eu aceitei que terei que me sacrificaria para ter o mínimo de conforto possível. Mesmo que seja algo provisório.

_ Vai tomar um banho, vou pedir comida. - Falou sério.

_ Eu faço a comida não precisa gastar dinheiro.

Fui para o banho e a água estava  quentinha, nem parecia que no lado de fora estava nevando. Termino o banho e coloco a roupa que Edgar havia deixado na cama. Vou para cozinha para fazer alguma coisa para a gente comer.

_ O que você quer comer ? - Falo olhando para o chão envergonhada por ver ele sem camisa.

_ Faz o que quiser, vou ter que ir na empresa resolver algumas coisas. - Falou vestindo a camisa pegando uma  bolsa e saindo rapidamente.

Ficar sozinha no apartamento de um estranho não era nada confortável. Abro os armários para vê o que poderia fazer. Ao fim decido fazer macarronada.

_ Cheguei . - Falou Edgar entrando. _Que cheiro bom. - Falou soltando o primeiro sorriso do dia.

_Bom, não sabia muito o que fazer. Fiz um macarrão  ao molho branco.

_ Tá muito gostoso. - Falou sujando o rosto de molho. _Não vai comer?

_ Quando fico nervosa não consigo comer mesmo que esteja com fome.

_ Não precisa ficar nervosa. Eu já falei você pode ficar aqui até a neve acabar. Eu não vou fazer nada com você. Se esse é o problema.

_ Eu aceito o seu acordo. - Falei vermelha igual um pimentão. Eu sabia o quanto isso era errado, o quanto ia contra meus princípios. Mas era isso ou morrer de frio e fome. Eu precisava ser forte. Preferia isso do que vê meu próprio pai me machucando. Preferia essa vida do que vê meu pai chegando bêbado todos os dias. _ O que foi ? - Falei já reciosa.

_ Por que mudou de ideia ? - Perguntou sério.

_Eu já passei por muita coisas ruim. Eu já tive que ser muito forte. E eu tô cansada de ser forte. Eu quero poder ser normal uma vez na vida. E se esse é o preço eu aceito. Se você quer usar o meu corpo usa. - Falei correndo para o banheiro. Era muito forte falar essas coisas. O pior julgamento é aquele que seu próprio cérebro faz sobre você mesmo.

O Amor não é obvio Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin