Capítulo 98

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Narrado por Carlota:

O apartamento da Valéria era simples e pequeno. Localizado no subúrbio-. Tinha uma aparência muito agradável. Me surpreendi pelos mesmos gostos para bandas e algumas pinturas. A casa era revestida de bloquinhos vermelhos. Tudo tinha uma ar rústico e industrial.

_ Você mora sozinha aqui? - Perguntei sentando no sofá.

_ Mora eu e o Lion. Ele é meu sócio no bar e meu melhor amigo na vida. - Falou colocando as chaves na prateleira.

_ Eu não quero atrapalhar você. E estou muito confortável aqui no sofá.

_ Deixa disso. Esse sofá é super duro. Tem um colchão reserva no quarto do Lion.

_ Eu gostaria de agradecer você! Ninguém nunca faz muito por mim.

_ Não quero voltar a falar de coisas triste. Somos boas demais em um mundo injusto. Você deveria ser rica e sua maior preocupação deveria ser aonde construir sua próxima mansão.

_ Quem me dera. - Falei soltando o primeiro sorriso da noite.

_ Você tem um sorriso bonito. - Ela falou me encarando.

_ Valeu Valéria. - Falei sem graça.

_ Você deveria tomar um banho! Está um cheiro insuportável.

_ Sério? Desculpa. Vou passar uma água no corpo. - Falei indo para o banheiro.

Valéria deixou um blusão dela para vestir após o banho. Sua generosidade estava me deixando desestabilizada. Tomei um banho rápido quando ouvi umas vozes no lado de fora do banheiro.

_ Você não trouxe mais uma viciada para essa casa né? Estou cansado dos seus vacilos. Estou cansado dos seus vícios.

_ Lion fala baixo. Eu não trouxe nenhuma viciada aqui para casa. - Susurrou.

_ Você sempre fala isso. Você não pode trazer as pessoas do bar para casa! Quantas vezes eu tenho que falar que você não tem estrutura emocional para estar com outra pessoa? Você está em tratamento. Você sabe que essa porra toda desestabiliza a sua reabilitação.

_Lion eu já sei disso. Fica calmo. Eu só ajudei uma moça. Não tem nada demais nisso.

_ NÃO TEM NADA DEMAIS É O CARALHO. Você nunca ajuda ninguém. Sempre tratas os bêbados com indiferença. Quantas vezes já deixou bêbados morrendo na porta da bar. Se for por transa só faz e dispensa. Sem vínculos.

Ela não disse nada. Apenas suspirou fundo. Sai do banheiro após alguns minutos de silêncio achando que o tal Lion já tinha saído. Mas ele estava na sala sentando lendo um livro.

_ Olá. - Ele falou sem nem menos olhar para o meu rosto.

_ Oi. - Falei confusa.

_Você ainda esta com essa roupa de vômito? Não quis trocar de roupa? - Falou reparando nos meus cabelos molhados.

_ É...É eu não quero causar transtorno. O banho me deu uma aliviada. Vou para casa.

_ Você ouviu a conversa né? - Falou se jogando no sofá virando os olhos.

_ Sim.

_ Agora você acha que sou uma viciada? - Falou dando uma risada irônica.

_ Talvez.

_ Me responde direito. - Falou um pouco mais alto.

_ Eu não acho nada Val. Eu não preciso achar nada. Eu vou ser a última pessoa que vai te julgar. Eu te contei a minha trágica história e nenhum momento você me olhou com indiferença. Se você tem problemas com drogas eu espero que você faça sua reabilitação. Só tenho isso para comentar.

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