Capítulo 89

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Narrado por Carlota:

Meu coração estava acelerado, após ouvir tudo aquilo ao meu respeito só conseguia chorar. E o pior é que eu nem tinha conhecido os pais da Megan. As atrocidades que foi falado sobre mim foi extremamente pesado. Não conseguia imaginar um ser de "Deus" discriminar tanto outra pessoa como eessa mulheres.

Corri para fora da propriedade dos Carters. Não conseguia nem ao menos respirar. Eu sabia que seria difícil mas não achei que as circunstâncias seria tão duras comigo. Precisava respirar um pouco e pensar sozinha. Naquele dia tinha ouvido muitas barbaridades sobre a minha pessoa. Sentei em uma pequena praça e me permiti chorar tudo que estava engasgado.

_ Existe pessoas muito maldosas. - Pensei alto.

A real é que nunca pensei em uma situação como essa. Nunca pensei que um dia teria que entender na pele as dores das pessoas LGBTQIA+. Estar com a Megan é algo tão natural e normal ao me ver. Nunca pensei que teria um grupo de pessoas dispostas a me julgar me maltratar e me humilhar.

Pela primeira vez entendi o que é a homofobia do ser humano. Entendi o que é ser menosprezado por ser quem é. Essas pessoa não importa com absolutamente nada. O Centro dos pensamentos desses falsos religiosos são a preocupação com a minha não ida para o céu. Eles estão mais preocupados com a minha salvação do que com a deles mesmo.

Sair de uma banca totalmente privilegiada por ser mulher CIS branca hetero para uma vadia que gosta de outra mulher foi um grande salto na minha vida. Além de todos as dificuldades de ser mulher de classe baixa  em um país totalmente machista e lidar com as minha inseguranças diariamente agora eu tenho mais um "problema"..

Estava literalmente surtando. Eu tento de todas as formas me planejar e sempre fazer as coisas meramente calculáveis estava em uma situação cuja em nenhum momento pensei que viveria.

_ Por que a Megan não me falou que teria que passar por isso? - Me perguntava mentalmente.

Simplesmente me colocaram em um rótulo. Para família da Megan estava escrito bem grande na minha testa "lésbica". O pior é que eu não sabia como reagir. Estou em um estado de vulnerabilidade. Eu não sei quem eu sou de verdade. Eu não sei se tudo que estou vivendo é real. Eu literalmente não me conheço o suficiente para me sentir minimamente feliz.

Tudo que estou sentindo é natural? Nunca ninguém tinha me falado sobre "Sair do armário". Ninguém nunca compartilhou os critérios de uma aceitação ou qual é o momento correto para se fazer isso. Com todas essas dúvidas cheguei a conclusão que não estou preparada.  Não estou preparada para discutir sobre o que realmente gosto, não estou preparada para vestir uma bandeira que eu nem se quer conheço.

Estava perdidamente perdida. Era uma certeza que tinha naquele momento. Minha vontade era entrar pelas portas doa fundos e voltar para o conforto da casa da Sarah. Eu precisava dos meus amigos nesse momento.

Já era tarde da noite e se quer Megan tinha saído pelas redondezas para me procurar. Minha mente estava me matando de tantas especulações. Eu necessitava de uma demonstração de afeto, de carinho. Ela simplesmente não fez questão alguma de entender o meu lado.

_ Menina você está bem? - Uma senhora com um lenço colorido perguntou da sua sacada.

_ S...Sim. - Falei sem ânimo algum.

_ As noites são de matar! O frio e a neve molhada vai acabar congelando você. - Ela gritava. _ Quer entrar? Tem chocolate quente menina.

_ Está tudo bem! Muito obrigada!

Após alguns minutos sentada no mesmo lugar da praça a senhora aparece com uma bengala vindo lentamente a minha direção. Seu semblante era de muito alegria e ternura.

_ Você quer mesmo que uma idosa como eu pegue uma friagem? - Falou se sentando ao meu lado.

_ De jeito nenhum. Vem vou ajudar a senhora voltar para sua casa. - Falei auxiliando a senhroa até sua casa.

_ Então agora que está aqui me diga o que aconteceu com você? - Falou andando se apoiando mas coisas para pegar uma caneca.

_ A senhora não entenderia! Iria me julgar como as outras pessoas. - Falei baixando a cabeça.

_ Diga minha querida. - Falou colocando o copo de chocolate quente na mesa aonde estava sentada.

_ Uma longa historia. Eu vim aqui em uma viagem de poucos dias.

_ Houve um boato com o Lee, o moço da livraria que a filha da Marta iria voltar para cidade e ainda iria trazer uma garota. Pela minha especulação você é tal namorado que veio conhecer a família da amada! Estou certa? - Perguntou ansiosa pela repsosta.

_ É...É a história não é bem essa! Mas é isso. Sou Carlota n...namorada da M...Megan.

_ E o que leva a senhorita ficar em uma praça por horas e horas?

_ Bom[...] Estou passando por um momento difícil. A família da Megan é muito complicada. Eles não me aceitaram e não  me receberam da forma que esperava. Mas tá tudo bem! Eu que sou a intrusa. Só queria que as coisas fosse mais fáceis.

_ Não minha querida! Você não é a intrusa. Eles sempre foram assim! Desde a época que Marta participava do curso de pintura da Dona Rosa ela sempre expressava seu descontentamento com a filha. Ela sempre queria ter a família perfeita e sempre que falavam da vivência da vida da mesma ela se enchia de vergonha. A culpa literalmente não é sua e sim dela! Que idealizou uma família perfeita e determinou o que era ser perfeito.

_ Tô me sentindo tão mal. - Desabafei com a pobre senhora. _ Eu não queria ter que ser motivo de fofoca e muito menos de transtorno.

Fiquei conversando com a Dona Edivalda por longas três horas. Com ela até parecia que o tempo passava voando. A senhora gostava muito de conversar e contar suas histórias de quando era moça.

_ Bom Dona Edivalda agradeço pela estadia. A senhora com as suas histórias de superação me fez parar para refletir que tudo é questão de perceptiva. A senhora foi um anjo. - Falei sorrindo.

_ Seja forte, seja corajosa e seja do bem! - Ela falou se despedindo com um abraço.

Não desistam da história! [...] demorei para postar por fatores que muitos sabem! Trabalhar e estudar é a minha realidade atualmente!

O Amor não é obvio Onde as histórias ganham vida. Descobre agora