Capítulo 5

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Narrado por Carlota : 

A minha cabeça latejava, eu não estava aguentando os insultos. Não estava aguentando ver todos ali me julgando. Vendo a percepção da sociedade em relação a mim. Saber que Edgar tinha uma namorada ciumenta. Tudo aquilo mexeu com a minha cabeça.

_ Para Mateo. Desde quando eu cheguei você está me menosprezando. O que tem contra mim? - Falei séria. Nesse momento estava pouco me lixando para tudo!!! Se fosse necessário eu voltava para as ruas e morria de frio. Todos pararam de conversar e olharam para mim. _ Qual é o problema de vocês?

_ Você!!! - Pamela falou. _ Eu tô a anos querendo algo sério com Edgar, querendo vir morar com ele enquanto você não precisou nem de esforços. Você acha justo ? Acha legal estragar o relacionamento dos outros? Os planos dos outros ?

_ Não tenho nada contra você!!! Só é bonita demais para ser só  de Edgar. - Falou Mateo abrindo a geladeira.

_  Eu não sou um objeto Mateo. Podia ser sua mãe ou sua irmã na situação que eu me encontro.

_ De puta? Nunca !!!

_ Eu não acredito que eu ainda tô aqui ouvindo a barbaridade  e o preconceito de vocês. - Falei já caindo no choro. Eu era muito sentimental e eu estava sendo julgada. Eu realmente não precisava disso, minha própria mente já me julgava sem esforços nenhum. Era difícil ouvir tudo aquilo e ficar calada. Porque talvez eu realmente fosse tudo aquilo que estava sendo dito.

_ O que foi ? - Edgar sai do banho com apenas um short azul. _ Por que está chorando Carlota?

_ Nada. - Falei olhando para neve. Meus pensamentos estavam tão longe. Só pensava em quando as coisas iam começar a dar certo para mim.

_ O que foi gente ? - Falou preocupado.

_ Nada amor. O Mateo falou umas verdades e ela não gostou. - Falou Pamela.

_ Que verdades? - Falou curioso.

_ Que ela é uma filha da puta, uma vadia catadora de homem compromissado. Uma prostituta de péssimo escalão.  - Falou Pamela enchendo a boca para falar de mim.

_ Nossa Pam para que isso ? - Edgar fala indignado. _ A gente está em um relacionamento aberto. E você sabe que ela está aqui porque não tem onde ficar. Você deveria falar isso de mim, se dependesse de mim tudo que você está pensando que a gente fez a gente teria de fato feito.

_ É Pamela, eu sou tudo isso e um pouco mais. Muito mais, eu sou a pior espécie de mulher que existe na face da terra. Foi por esse motivo que a minha mãe me abandonou com meu pai quando tinha apenas dias de vida e meu pai usou  disso para acabar com a vida dele e a minha. Eu sou tão ruim que as únicas coisas que a vida me reservou foi abandono materno e ser estuprada e maltratada pelo pai. Eu saí de casa porque não aguentava mais a situação com o meu pai, não aguentava mais. Mas você não vai entender. Nenhum de vocês vai. Porque vocês são pessoas acomodadas que reclamam de barriga cheia. Eu vou embora. - Falei indo para o quarto para pegar as minhas coisas.

Edgar foi atrás de mim, entrou no quarto e me viu entre lágrimas catando minhas coisinhas.

_ Não é  preciso falar absulutamente nada. Eu vou embora. Eu aguentei muito eu sei que sim, eu não sou de ferro. Só vou pegar as coisas que já tinha antes de vir aqui. Me da vinte minutos.

_Fica. - Edgar falou.

_ Posso falar com você Carlota ?  - Mateo falou entrando no quarto.

_ Eu não quero ser insultada então não. - Falei ainda guardando as minhas coisas.

_ Por favor.

Todos saíram do quarto ficando só eu e ele. Odiava ficar com homens em lugares privados. Mas sabia que ele não tentaria nada contra mim.

_ Eu fui um babaca. Estou com vergonha das minhas atitudes. Me perdoa. Eu sou uma máquina de erros.

_Tudo bem Mateo.

_ Eu sei que está falando da boca para fora, mas eu estou sendo sincero. Vamos tentar começar de novo. - Ele fala animado.

_ Tudo bem. - Solto um sorriso falso.

Ele então chegou perto de mim e meu coração já acelerou. Foi se aproximando até encostar seu corpo no meu ele havia me dado um abraço. Minha cabeça era tão traumatizada que observei esse abraço em Câmara lenta.

_ Está tudo bem ? Está pálida. - Falou saindo correndo para pagar água.

E lá estava eu na sala com a pressão baixa, essa pressão sempre me traia.

_ Eu tô bem. Só não como nada vai fazer dois dias e eu não costumo receber abraços de homens Mateo. - Todo mundo me olhou espantado.

_ Isso é por conta da violência que rolou com você né? - Perguntou Jasmine.

_ É....é difícil eu ter contato com algum homem. O único que já tive foi com meu agressor. - Falei baixo.

_ E como você e Edgar vão [...] Quer dizer esquece o que eu falei. Isso não importa agora.

_ Eu vou conseguir. Ou eu vou voltar a morar  na rua. Isso não é algo difícil de se fazer. Eu fiz tantas vezes sem vontade, eu consigo.

_Tanta gente querendo fazer sexo e essa tola perdendo esse pedaço de mal caminho que é o Edgar. - Vomitou Pamela.

_ Não fale por todo mundo Pamela. - Jasmine falou.

No fim da noite todos já haviam ido embora, a única que decidiu ficar foi Jasmine. Eu gostei dela, sempre simpática e muito comunicativa. Não me julgou em primeira mão, além de tudo cozinha muito bem.

_ Aonde aprendeu a fazer essa linguiça recheada ?

_ No Facebook mesmo. Quando estou no tédio fico vendo receitas para um dia distante fazer. - Falou mostrando as páginas de culinária que a mesma seguia.

_ Eu cozinho desde que me conheço por gente. Meu pai não cumpria com as obrigações de pai e muito menos da casa. - Falei enfiando mais um pedaço daquele delicioso jantar.

_ Eu nem sei o que é estar na sua pele. Você é muito forte Carlota.

_ Eu gosto de você Jasmine. - Falei soltando o primeiro sorriso verdadeiro naquele  dia. 

_ Eu também. - Falou me ajudando a guardar as coisas.

Enquanto isso Edgar estava no escritório organizando alguns documentos pendentes do seu trabalho.

O Amor não é obvio Where stories live. Discover now