Garotas Venenosas

Capítulo 16

► Oasis – Wonderwall

Amélia

Não demorou muito para que Emma se entrosasse com Grace e eu. Uma semana depois do pequeno incidente no refeitório, ela agora andava o tempo todo com nós duas. É bem diferente ser próxima de outra garota, já que a única que não sente vergonha de mim é a minha melhor amiga, fora que meu "círculo de amigos" se estende para Josh e Jacob, que não querem ficar de fofoca e nem me ouvindo contar coisas sobre o Drew.

Emma é bastante legal. Ela acabou de chegar à cidade e ao colégio, ou seja, o prato ideal para a Sofia, por isso eu estava me encarregando de mantê-la longe do radar dela. Vinda de uma cidade pequena, Emma Campbell tem dezessete anos assim como eu e também não faz muito o tipo "popular". Na verdade, para ser franca, pelo que ela contou sempre teve pouquíssimos amigos, ou nenhum.

O que é bem triste, ainda bem que eu resolvi ajudá-la.

Fecho meu armário e viro-me para Emma, que está bem ao meu lado. Grace tem duas aulas seguidas da mesma matéria, então não sairia da sala por agora.

— O que está achando do colégio? — pergunto á ela, que maneia a cabeça e olha ao redor.

— É tudo... Estranho. Os garotos principalmente. — ela diz. — Na minha cidade, os rapazes usavam botas de caubóis para irem à escola e caminhonetes, já os daqui aparecem com tênis esquisitos e carros que parecem espaçonaves.

Solto uma risadinha.

— E olhe que aqui não é cidade grande.

Ela ri pelo nariz.

— A sua cidade é bem maior que a minha, pode apostar. — ela enfatiza. — Lá tinha uma praça e todas as casas ficavam ao redor. Uma loja de roupas, um supermercado, uma farmácia...

— E cinema?

— Aqui tem cinema?! — Emma exclama, ficando de repente muito animada. — É sério?

Rio mais ainda.

— Sim, e eu trabalho nele.

— Não brinca! — Emma pula de alegria. — Faz anos que não vou ao cinema, do tipo muitos anos mesmo! O que você faz no cinema?

— Eu preparo as pipocas.

— Que legal! Você pode me ensinar? Quer dizer, eu não me lembro do gosto da pipoca, mas ela é boa, não é? 

Emma é tão interiorana que chega a ser engraçada.

— É ótima e sem querer me gabar, mas eu faço uma pipoca na manteiga que... — Deixo a frase no ar e faço um sinal positivo para ela.

— Eu quero muito ir ao cinema.

— Vai hoje. Eu chego ás sete e só saio na ultima sessão, ou seja, as onze. Nesse intervalo você sempre me encontrará atrás do balcão do Hollwood Cine, vestida com meu uniforme cafona listrado e fedendo a óleo e manteiga.

— Eu também queria um emprego... Você acha que consigo alguma coisa pra mim aqui?

— Claro que sim. O pessoal dessa cidade está sempre disposto à ajudar, tenho certeza de que podemos encontrar um trabalho bem legal pra você.

Emma me abraça. De início sinto surpresa, mas então lembro que ela teve essas reações espontâneas a semana inteira.

— Obrigada, Amélia! Você está sendo tão legal pra mim... Uma amiga e tanto.