Capítulo 66

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Sofia

O zíper do vestido não desliza com a facilidade que eu estava esperando, sinal que preciso mudar minha dieta de novo. Arranco a roupa e a jogo no chão do closet, enquanto procuro por outra que não me sufoque a noite inteira. Ouço três batidas na porta e tenho certeza que é meu pai.

— Estamos atrasados! — ele diz do lado de fora.

— Eu já estou indo! — Falo e coloco um vestido mais soltinho. Não é a roupa que eu havia programado pra vestir, mas serve.

Quando desço as escadas, meus pais já estão lá em baixo esperando por mim, assim como Noah. Não que ele estivesse me esperando, mas vocês entenderam o que eu quis dizer, não é?

Não? Tudo bem.

— Eu cancelei a reunião por videoconferência. — Meu pai conversa com ele, ao mesmo tempo em que fecha o relógio. — Pode tirar o final de semana de folga. Vai viajar de novo?

— Não, essa semana vou ficar. — Noah responde. Ele não está me olhando, mas... Lá no fundinho, em algum lugar onde jamais irei admitir, eu gosto do que acabo de escutar. — Posso chamar alguém pra vir aqui?

Erro o pé na escada e me seguro toda atrapalhada para não cair de cara no chão. Acabo fazendo barulho e atraindo os olhares deles em minha direção. O problema, e que me deixa ainda mais incomodada, é que Noah é o primeiro a desviar.

Desde ontem na lavagem de carros ele tem me dado bastante espaço – coisa que não é comum. Talvez seja porque fui meio grosseira com ele e com Nora... Mais provavelmente porque fui grosseira com ela, já que com ele é normal.

— É a sua namorada? — meu pai pergunta, rindo do jeito estranho dele.

Noah ri e balança a cabeça.

— Não senhor, uma amiga.

Amiga? Que tipo de amiga vem pra casa do chefe do seu amigo, sabendo que não vai ter ninguém lá e em pleno sábado á noite?! Eu nunca tive um amigo assim! E vocês?

Me falem que não sou a única nessa!

— Eles namoram, mas Noah não quer admitir. — As palavras têm gosto amargo na minha boca, no entanto, as digo mesmo assim.

— Nós não somos namorados, já falei. — Ele fala para mim, sério.

— Ah não? — Uso meu tom de voz descrente. — Pois deveriam... — Ajeito minha pulseira de diamantes, enquanto tento parecer estar fazendo pouco caso. — Vocês têm tanto em comum.

— Obrigado pelo conselho.

Meu sangue borbulha na mesma hora e eu começo a caminhar para fora de casa soltando fogo pelas ventas.

— Você não disse que estávamos atrasados, pai? — Grito irritada. Meu pai não entende minha reação (nem eu estou me entendendo), já que eu sempre enrolo para não precisar ir nesses jantares idiotas.

Só que hoje eu preciso sair dessa casa ou quando Nora chegar eu vou acabar jogando-a dentro da piscina.

E deixando-a lá dentro.

Meus pais saem de casa e acomodam-se dentro da limousine. Noah acena brevemente e fecha a porta de casa, mas não o faz antes de me encarar.

Eu o odeio. Sério.

...

Os jantes de reunião dos meus pais são uns mais chatos que os outros, mas os que eles não organizam se superam. A banda é composta por homens velhos tocando coisas velhas – se Amélia estivesse aqui, provavelmente amaria essa palhaçada toda. Tomo três taças de champagne sem que minha mãe veja e como alguns canapés (prometendo a mim mesma que segunda-feira mudarei toda minha dieta novamente. Juro).

Garotas VenenosasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora