Capítulo 82

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Sofia

Eu não sei o exato momento que as coisas acontecem. Não sei quando me debrucei por cima do meu pai e comecei a chorar compulsivamente; Não sei quando Ian me segurou nos braços e me acalmou até a ambulância fazer os primeiros socorros no meu pai; Não sei quando cheguei ao hospital e muito menos à quanto tempo estou aqui.

PI, PI, PI...

O som é incessante, mas significa que meu pai está vivo.

— Ele teve um infarto em decorrência do estresse. Os exames também apontaram que seu pai está com o colesterol muito acima do normal, que também o levou a essa condição. Agora ele está medicado e sedado, não deve acordar por um bom tempo e é preferível que fique assim por, pelo menos, um dia. Ainda vamos fazer outros exames quando ele acordar, mas por hora ele está estável.

Estável, e não bem. Foi exatamente isso que o médico disse: estável. Ver meu pai em cima da cama de hospital, vestindo aquela roupa horrorosa (eu sabia a sensação de estar dentro dela já que, não muito tempo atrás, eu era a "felizarda"), com o rosto pálido, preso a todos aqueles fios era... Sufocante. Triste. Assustador. Eu prefiro mil vezes vê-lo andando pela casa com o telefone ao ouvido discutindo alguma pauta ou atrás da sua mesa resolvendo alguma coisa.

Prefiro ele em qualquer lugar, menos aqui.

Seco meu rosto e seguro em sua mão. Minha mãe tentou ficar no quarto, mas saiu dizendo que iria ficar lá fora porque era demais pra ela suportar. Eu não consigo sair. Desde que meu pai saiu da emergência e foi colocado no quarto, estou ao seu lado. Segurando sua mão. Querendo simplesmente que ele acorde.

Estou tão perdida em pensamentos que não vejo Noah entrando. Ele para ao meu lado e coloca a mão em meu ombro apenas para me avisar de que está aqui.

— Ele enfartou. — digo, com a voz embargada.

— Sua mãe me contou. — ele sussurra.

— Sabe o que é pior? — pergunto, fungando. Não espero sua resposta. — A última coisa que eu disse á ele era que o odiava. Eu falei, desse jeito mesmo... "Eu te odeio!". Mas eu não queria ter dito isso! — olho para Noah e percebo que já estou chorando novamente. — Eu não o odeio... Por que eu disse aquilo se não é assim que me sinto? — soluço. — E agora eu nem sei se vou poder consertar o que eu disse!

— Ele sabe que você não o odeia. — Noah diz e abaixa-se ao meu lado. — Eu tenho certeza que ele sabe, Sô. Seu pai te ama e ele vai ficar bem logo.

Solto a mão do meu pai e abraço Noah pelo pescoço, permitindo-me chorar a angustia de ter dito algo tão ruim para o meu pai segundos antes dele quase morrer.

Ele poderia ter morrido.

E eu jamais iria me perdoar por ter me despedido daquele jeito.

...

Eu só me desgrudo do meu pai quando escuto a voz de Amélia do lado de fora da sala.

— Apenas família, sinto muito senhorita! — A enfermeira que está cuidando do meu pai diz.

— Eu sou a melhor amiga dela! Isso não conta como família? Por favor, preciso vê-la!

Solto a mão do meu pai e corro até a porta, abrindo-a de supetão e atraindo a atenção das duas. Saio do quarto e Amélia me envolve em um abraço apertado e carregado de sentimentos.

— Está tudo bem, ela pode ficar. — digo, despachando a enfermeira que se retira.

— Eu tentei vir o mais rápido que pude me desculpa... Eu não sabia de nada até uma hora atrás. — ela diz, chorando.

Garotas VenenosasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora