Capítulo 89

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Amélia

Prendo o cabelo em um rabo de cavalo bem apertado e conserto a gola da farda. Encaro-me no espelho e a imagem é semelhante a qual eu costumava ver: farda do cinema, cabelo preso, sem maquiagem ou salto alto. O visual me agrada bastante e pela primeira vez em meses me sinto eu mesma.

Só a Amélia Harley. A boa e velha Amélia.

Coloco meus fones de ouvido e escolho um dos álbuns do Beatles para escutar no caminho. Papai me deixa na porta e me despeço dele com um beijo.

— Boa sorte por aí, volto para te buscar as onze. — ele fala e concordo.

— Ok. — sorrio fraco e desço do carro.

O cinema está lotado porque hoje é sábado, ou seja, terei muito trabalho e pouco tempo para pensar na minha vida.

Perfeito!

— Oi, você deve ser a Amélia! — Uma garota de cabelo curto e loiro estende a mão para mim quando passo para detrás do balcão. — Meu nome é Hannah.

— Oi, Hannah. Você pode me chamar de Mel... — digo e ela sorri.

— Bom, Mel, o Sr. Montgomery disse que você trabalhava aqui antes de mim e que poderia me ajudar. — Hannah fala depressa e preciso me esforçar para ouvir tudo que diz. — Isso seria tão fantástico! Eu estou queimando todas as pipocas e ele só não me colocou para fora ainda porque eu sempre acabo chorando e ele sente pena de mim e...

— Hannah, respira — peço e rio sem jeito. — eu vou te ajudar nas semanas em que ficar aqui, tudo bem?

Ela suspira e ri.

— Ok, obrigada. Desculpe, eu falo rápido mesmo. — Ela diz. Coloco minha bolsa na prateleira escondida do balcão e guardo o celular no bolso da calça. — Ups, grupo de estudantes gatos vindo! Como estou?

Rio e balanço a cabeça.

— Deve ser por isso que você queima as pipocas. — Coloco manteiga e milho e ligo a maquina. Enquanto isso, reabasteço a maquina de refrigerantes.

A única preocupação de Hannah é cumprimentar os garotos que chegaram.

— Ei, Drew! — Um dos rapazes grita e meu coração congela. — Você pode adiantar com esses ingressos?

— Desculpe, — Eu ouço a voz dele e sinto um misto de tristeza absurda com saudades. — fila estava... Enorme.

Oh, droga. Ele me viu. Achei que estivesse escondida!

Infernos!

— Drew... — começo, incerta.

— Vocês pegam a pipoca, eu vou esperar na porta da sala. — Ele diz e sai caminhando.

— Hannah, olha as pipocas. — Digo e abro a porta do balcão. Saio correndo atrás de Drew e consigo alcança-lo na porta da sala de projeção. — Drew, uma hora você vai ter que falar comigo!

— O que você quer? — ele questiona, mas em um tom brando – bem diferente da ultima vez em que o vi. — Eu não posso e nem quero te ajudar a voltar para o colégio convencendo meu pai.

— Eu jamais pediria isso pra você!

— Mesmo? — ele ri com certo deboche.

— Por favor, — peço, me posicionando em sua frente para olhar em seus olhos. — tive tempo para repensar tudo que eu fiz e eu vi a merda que causei. Eu jamais deveria ter feito aquilo com você, Drew. Estava completamente cega e gananciosa.

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora