Capítulo 49

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Amélia

Minha mãe não consegue parar de falar ou de me abraçar. Ela me dá tantos avisos, dicas e alertas ao mesmo tempo, que não consigo me focar em nada do que fala porque todo conteúdo é despejado em cima de mim de uma só vez. O fato de serem cinco horas da manhã e eu estar morrendo de sono também colabora na minha falta de raciocínio.

— Você pegou tudo que precisava né? — ela repete mais uma vez, enquanto só consigo assentir pela milésima. — Ok, então acho que essa é a hora de me despedir...

Meu pai, que está ao seu lado parecendo tão cansado quanto eu, apenas ri da dramatização da minha mãe.

— Querida, Amélia não vai se mudar, só irá passar algumas férias.

Encaro-o espantada por ele estar tão tranquilo assim, afinal, antes meu pai mal queria considerar a ideia de me ver fora do seu ninho.

— Você não vai me dar nenhum aviso, nada? — pergunto chocada, e meu pai nega.

— Sua mãe já te fez uma Bíblia, não exista mais nada que eu possa dizer. — ele responde e olha além de mim, então parece se recordar de algo. — Não quero saber de você sozinha com garotos, está me ouvindo?

Perco-me mentalmente em sua fala, porque em um momento meu pai parecia prestes a deitar em um arco-íris e no outro ele está com cara de quem chupou um limão.

— O que... — Começo, mas sinto uma mão em meu ombro e me detenho.

— Oi. — Drew sorri para mim, e eu não consigo deixar de fazer o mesmo.

Droga, como ele consegue ficar tão bonito á essa hora?!

— Oi. — respondo, derretida.

— Senhor e Senhora Harley. — Ele cumprimenta meus pais.

— Oi, querido. — Minha mãe é só sorrisos e beija Drew no rosto.

— Oi rapaz. — Meu pai é mais contido e só faz um aceno de cabeça. Típico.

— Sei que devem estar preocupados já que é a primeira viagem da Amélia sozinha, mas eu garanto que irei estar por perto e cuidarei dela. — Drew fala sério e eu sinto uma emoção contida. Ele é tão fofo!

— Cuidado com esse "cuidar". — Meu pai diz descrente e recebe uma cotovelada da minha mãe.

— Fico muito mais tranquila agora, querido. Obrigada! — Minha mãe fala á Drew de maneira gentil.

— Fique sabendo que eu... — Meu pai recomeça com seu tom autoritário, ignorando o momento de afeto que minha mãe sentiu por Drew.

— O senhor já serviu ao exército e sabe atirar. — Drew o interrompe, sorrindo. — Eu prezo pela minha vida, senhor.

Meu pai solta um murmúrio de admiração – do jeito dele – e sussurra para minha mãe, porém eu escuto:

— Eu acho que estou começando a gostar desse rapaz. — diz ele, e ela ri.

— Ok, tudo bem! — Ergo os braços ao alto e abraço os dois, querendo dar á aquele momento constrangedor um fim. — Vejo vocês daqui a alguns dias. Mãe, eu não vou morrer enquanto estiver lá; Pai, eu não vou voltar grávida. Beijos!

Eu só estava brincando, mas quase solto um grito quando meu pai diz:

— Agora sim! Divirta-se, querida.

Ele não pode estar falando sério!

— Tchau, meu amor. — Minha mãe me abraça e beija minha testa. — Cuide-se.

Garotas VenenosasWhere stories live. Discover now