Capítulo 42

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Sofia

Há quanto tempo ela está trancada aí dentro? — Ouço Amélia perguntar.

Encosto a cabeça na porta da cabine e aperto os olhos com força. Á essa altura do campeonato, já perdi a dignidade e sentei no chão. Descobri, após meia hora chorando, que era muito mais depressivo e sentimental fazer isso sentada em algum lugar imundo...

Eu realmente não estou bem.

— Não sei ao certo, mas já tem mais de uma hora, com certeza. — Escuto Cintia responder. — Você se importa se eu for beber água? — ela pergunta alto para que eu escute (como se eu não estivesse ouvindo toda a conversa desde que o sinal tocou e Amélia achou Cintia no banheiro e ficou sem entender nada ao ouvir meu choro desesperado).

Quero responder Cintia, mas não quero que ela perceba que ainda estou chorando então permaneço em silêncio.

— Pode ir, eu fico aqui com ela. — Amélia diz.

— Ok, sendo assim vou aproveitar para comer algo também. — Cintia fala e escuto a porta do banheiro sendo aberta e fechada logo em seguida.

Prendo meus soluços porque Amélia é mais chata que Cintia quando quer consolar alguém. Amélia suspira depois de um tempo e vejo pelo buraco que há em baixo da porta da cabine que ela também está sentada no chão.

— Sofia? — Ela me chama. — Olha, eu sei que você não deve estar querendo conversar agora... — Amélia para e então bufa. — É óbvio que você não quer conversar! Mas só queria te dizer que... Não é o fim do mundo, entende? Agora está parecendo, mas no final do dia você vai ver que não é. As pessoas desse colégio são idiotas, vão esquecer o que aconteceu sábado e vão te bajular de novo, como sempre foi... Não precisa se trancar e querer esquecer do mundo lá fora. Enfrente-os, você é Sofia Cooper.

Balanço a cabeça em negação, por mais que ela não possa ver. Solto meu lábio inferior e controlo os soluços o suficiente para que consiga falar.

— Você não entende.

— O que? O que eu não entendo, Sofia?

Solto um soluço e sei que Amélia se aproxima da porta porque vejo sua sombra se mover rapidamente.

— Eu menti... — Seco meu rosto e solto uma risada amarga. — Eu menti quando disse que não existia nada que Emma pudesse tirar de mim. Ela pode, Amélia. Ela tirou, na verdade. — digo seca. — Meus pais não ligam a mínima para mim, então a única atenção que eu conseguia era sendo popular, a "magnífica Sofia Cooper". E Emma acabou com tudo...

— Você ainda é popular.

— Todo mundo me chamou de perdedora! Você tem noção do que é isso?! — eu grito com Amélia e tenho certeza que ela recua lá fora. — O mais engraçado é que enquanto eles gritavam, eu não conseguia parar de pensar nas tantas vezes em que fiz a mesma coisa com tantas outras pessoas! Não cabe em uma mão, Amélia. — resmungo. — Eu mereço tudo isso.

— O que?! Não! Não, ninguém merece isso, deixe de ser boba! Emma é uma vaca que quer acabar conosco, se esqueceu?!

— Emma só está fazendo comigo o que já fiz com outras pessoas. — falo ríspida. — E isso não é vingança, Amélia, é castigo.

— Sofia... Não fala essas coisas, você está me assustando. Não parece você.

Começo a dar risada, mas não demora muito e logo tudo aquilo se transforma em choro. Não sei o que está havendo, mas eu não consigo parar, isso já está me deixando furiosa! Deveria existir um limite rígido para quantidade de lágrimas por ser humano, não é possível!

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora